Fatores associados ao aleitamento de recém-nascidos pré-termo

Publication year: 2021

Introdução:

O Brasil ocupa o nono lugar mundial em número absoluto de partos prematuros e, no intervalo compreendido por 2018 e 2019, 11% dos 637.613 nascimentos registrados ocorreram antes de a gestação completar 37 semanas. Os fatores relacionados à nutrição dos recém-nascidos são determinantes para os desfechos de saúde e desenvolvimento. Os benefícios do uso de leite materno na alimentação de neonatos pré-termo são amplamente comprovados, como a menor incidência de enterocolite necrosante, uma das principais causas de mortalidade em unidades de terapia intensiva neonatal, com a maioria dos casos ocorrendo em prematuros. Apesar de o leite materno ser a primeira escolha para a alimentação, o neonato pré-termo apresenta menor probabilidade de receber leite materno.

Objetivo:

Analisar os fatores associados ao aleitamento materno do recém-nascido pré-termo na alta da unidade neonatal.

Método:

Estudo de coorte, cuja amostra foi composta por recém-nascidos com idade gestacional < 37 semanas, internados ao nascer, na unidade neonatal de hospital universitário em Porto Alegre. Foram excluídos recém- nascidos com malformações congênitas; filhos de mães que possuíam contraindicação temporária ou permanente para a amamentação e de mães que vieram a óbito após o parto. Os dados foram obtidos de registros informatizados de prontuários de 180 bebês pré-termo, incluídos na pesquisa após preencherem os critérios de elegibilidade, de agosto de 2019 e agosto de 2020. O projeto ao qual o presente estudo está vinculado foi aprovado pelo Comitê̂ de Ética em Pesquisa da instituição em 14/09/2018 e obteve certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 94030318.8.0000.5327.

Resultados:

Quanto à avaliação do uso do leite materno na alimentação durante a internação, 28,3% receberam leite materno predominantemente. Na alta, 84,1% estavam recebendo leite materno em qualquer proporção, dos quais 2,4% estavam em aleitamento materno exclusivo. O aleitamento materno na alta foi associado à idade gestacional ≥ 33,5 semanas; maior peso ao nascer e com menor tempo de permanência na unidade. A incidência de enterocolite necrosante foi de 3,9% na amostra estudada.

Conclusão:

As taxas observadas de oferta do leite materno durante a internação e de aleitamento materno na alta refletem o desafio de se estabelecer o aleitamento materno exclusivo, para recém-nascidos pré-termo hospitalizados. A baixa incidência de aleitamento materno exclusivo na alta revela a necessidade de intervenção durante a internação. Sugere-se a elaboração de bundle específico para a promoção do aleitamento materno.

Introduction:

Brazil occupies the ninth place in the world in absolute number of premature births and, in the interval between 2018 and 2019, 11% of the 637,613 births registered occurred before the gestation completed 37 weeks. The factors related to the nutrition of newborns are determinant for health and development outcomes. The benefits of using breast milk in the feeding of preterm neonates are widely proven, such as the lower incidence of necrotizing enterocolitis, one of the main causes of mortality in neonatal intensive care units, with most cases occurring in premature infants. Although breast milk is the first choice for food, preterm infants are less likely to receive breast milk.

Objective:

To analyze the factors associated with preterm breastfeeding at discharge from the neonatal unit.

Method:

Cohort study, whose sample was composed of newborns with gestational age <37 weeks, admitted at birth, in the neonatal unit of a university hospital in Porto Alegre. Newborns with congenital malformations were excluded; children of mothers who had temporary or permanent contraindications to breastfeeding and mothers who died after giving birth. The data were obtained from computerized medical records of 180 preterm babies, included in the research after fulfilling the eligibility criteria, between August 2019 and August 2020. The project to which this study is linked was approved by the Ethics Committee in Research at the institution on 09/14/2018 and obtained a certificate of Presentation for Ethical Appreciation (CAAE) 94030318.8.0000.5327.

Results:

Regarding the evaluation of the use of breast milk in the diet during hospitalization, 28.3% received breast milk predominantly. At discharge, 84.1% were receiving breast milk in any proportion, which 2.4% were on exclusive breastfeeding. Breastfeeding at discharge was associated with gestational age ≥ 33.5 weeks, greater birth weight and shorter stay in the unit. The incidence of necrotizing enterocolitis was 3.9% in the sample.

Conclusion:

Breastfeeding rates reflect the challenge of establishing exclusive breastfeeding for hospitalized preterm infants. Even so, most were discharged from mixed breastfeeding. The low incidence of exclusive breastfeeding at discharge reveals the need for intervention during hospitalization. It is suggested to develop a specific bundle to promote breastfeeding.