Validação clínica do diagnóstico de enfermagem risco de reações adversas a medicamentos: estudo de caso controle

Publication year: 2021

Introdução:

As causas e a natureza das reações adversas a medicamentos são complexas e multifatoriais. O enfermeiro, diretamente envolvido com a administração segura de medicamentos, deve avaliar cada paciente, a fim de identificar fatores predisponentes e hipóteses diagnósticas, com ênfase em resultados e intervenções que mitiguem ou evitem reações adversas. Recentemente foi desenvolvido o diagnóstico de enfermagem Risco de reações adversas a medicamentos, contudo, critérios de nível de evidência mais elevados da NANDA-I incluem a validação clínica, que aproxima a teoria da evidência e certifica sua aplicação precisa.

Objetivo:

Realizar a validação clínica do diagnóstico de enfermagem Risco de reações adversas a medicamentos.

Método:

Estudo de caso-controle, conduzido no Centro de Pesquisa Clínica de um hospital público universitário, entre maio de 2019 e julho de 2020. Incluíram-se 288 adultos e crianças que participaram de protocolo de pesquisa com medicamentos, independente da fase e via de administração, com participação finalizada no estudo e registro de reação adversa com confirmação de relação de causa e efeito com o(s) medicamento(s) em estudo ou de ausência de relação. Excluíram-se participantes com informações incompletas ou ausentes que comprometessem os dados. A coleta de dados foi realizada no prontuário eletrônico, de modo que participantes com reações adversas foram alocados no grupo caso e participantes sem reações no grupo controle. Elaborou-se um instrumento contendo variáveis sociodemográficas e clínicas, informações das reações adversas e 64 componentes do diagnóstico em estudo, divididos em fatores de risco, populações em risco e condições associadas. As associações entre os fatores predisponentes do diagnóstico foram realizadas pelo Teste Qui-quadrado de Pearson ou Teste Exato de Fisher, com valor de P bicaudal < 0,05 considerado estatisticamente significativo. Odds ratios foram calculados para medir o efeito da exposição entre os grupos caso e controle. Este projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob Certificado de Apresentação de Apreciação Ética 88812718.0.0000.5327.

Resultados:

A média de idade dos participantes foi de 57±15 anos, predominantes do sexo masculino e com escolaridade até o ensino fundamental. A comorbidade com maior prevalência foi doença oncológica (50%) e quimioterápicos os medicamentos mais utilizados (42%). Participantes com reações adversas tiveram significativamente mais chances de apresentar os fatores de risco consumo de álcool (p=0,001), tabagismo (p=0,005) e uso inapropriado do medicamento (p=0,013); de estarem nas populações em risco residir em área rural (p<0,001), história de reação adversa ou alergia (p=0,049), uso de múltiplos medicamentos (p=0,003); e possuírem as condições associadas uso de medicamentos recentemente comercializados (p<0,001), neoplasia (p<0,001), uso de quimioterápico (p<0,001), corticosteroide (p<0,001), analgésico e/ou opioide (p<0,001), anti-inflamatório não esteroide (p<0,001), imunoglobulina (p<0,001), imunossupressor (p=0,004), antibiótico (p=0,001) e antiemético (p<0,001).

Conclusões:

Na amostra estudada, foram considerados validados três fatores de risco, três populações em risco e 10 condições associadas, o que auxiliará os enfermeiros na avaliação de pacientes suscetíveis. Como ponto forte deste estudo, destaca-se a conceptualização e identificação de fatores específicos e validados clinicamente, o que contribui para o avanço da ciência da enfermagem e da prática baseada em evidências.

Introduction:

The causes and nature of adverse reactions to medications are complex and multifactorial. The nurse professional, directly involved in the safe administration of medications, must evaluate each patient to identify predisposing factors and diagnostic hypotheses, with an emphasis on results and interventions that mitigate or help avoid adverse reactions. The nursing diagnosis, Risk for Adverse Reactions to Medications, was recently developed, to describe an accurate appraisal of a patient’s risk of adverse reactions. However, NANDA-I’s higher evidence level criteria includes a clinical validation, which approximates the theory of evidence and certifies its accurate application.

Purpose:

To conduct the clinical validation of the nursing diagnosis Risk for Adverse Reactions to Medications.

Method:

Case-control study, conducted at the Clinical Research Center of a public university hospital, between May 2019 and July 2020. Two hundred and twenty-eight adults and children who participated in a clinical research protocol with medications were included, regardless of the phase and route of medication administration. After completing participation in the clinical study, the registry of participants was divided into two groups: those who experienced an adverse reaction with confirmation of cause-and-effect relationship with the study medications and those with no reaction. Participants with incomplete or missing information that compromised the quality of the data were excluded. Data collection was performed on the electronic medical records, so that participants with adverse reactions were allocated to the case group and participants without reactions to the control group. An instrument was developed containing sociodemographic and clinical variables, information on adverse reactions and 64 components of the diagnosis under study, divided into risk factors, populations at risk and associated conditions. Associations between the predisposing factors of the nursing diagnosis were performed using the Pearson’s Chi-square test or Fisher’s exact test, with a two-tailed P value <0.05 considered statistically significant. Odds ratios were calculated to measure the effect of exposure between the case and control groups. This project was approved by the Research Ethics Committee under the Certificate of Presentation of Ethical Appreciation 88812718.0.0000.5327.

Results:

The average age of the participants was 57±15 years old, predominantly male and with education up to elementary school. The most prevalent comorbidity was cancer (50%), and chemotherapy was the most frequently used medication (42%). Participants with adverse reactions were significantly more likely to present the risk factors alcohol consumption (p=0.001), smoking (p=0.005) and inappropriate medication use (p=0.013); to present the at risk populations living in a rural area (p<0.001), history of adverse reaction or allergy (p=0.049), use of multiple medications (p=0.003); and to present the associated conditions use of recently marketed drugs (p<0.001), cancer (p<0.001), use of chemotherapy (p<0.001), corticosteroid (p<0.001), analgesic and/or opioid (p<0.001), non-steroidal anti-inflammatory drugs (p <0.001), immunoglobulin (p<0.001), immunosuppressant (p=0.004), antibiotic (p=0.001) and antiemetic (p<0.001).

Conclusion:

In the studied sample, three risk factors, three at risk populations and 10 associated conditions were considered validated, which will assist nurses in the assessment of vulnerable patients. As a strong point of this study, the conceptualization and identification of specific and clinically validated factors of stands out, which contributes to the advancement of nursing science and evidence-based practice.