Práticas integrativas e complementares: concepções e práticas de enfermeiras como estratégia de promoção à saúde mental

Publication year: 2021

Introdução:

no contexto da Promoção da Saúde, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) apresentam-se como importantes estratégias de cuidado. Visto que o interesse dos profissionais e também dos gestores da saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) tem se ampliado, sendo estas práticas incorporadas como recurso terapêutico em diversos municípios brasileiros. Acredita-se que a inclusão dessas práticas no tratamento à saúde dos usuários do SUS pode contribuir não somente nas patologias físicas, mas também na totalidade do sujeito como ser biopsicossocial. Para tanto, faz-se necessário discutir sobre a sua utilização e potencialidades na promoção à saúde mental, e que desta forma as mesmas possam contribuir para a reorientação do atual modelo de saúde.

Questão de pesquisa:

quais são as concepções e práticas de enfermeiros sobre as Práticas Integrativas e Complementares enquanto estratégia de promoção à saúde mental? Objetivo: analisar as concepções e práticas de enfermeiras sobre as Práticas Integrativas e Complementares enquanto estratégia de promoção à saúde mental em uma instituição de saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul- Brasil.

Método:

utilizou-se a abordagem qualitativa, com delineamento exploratório-descritivo e utilização do referencial de Promoção da Saúde. Este estudo foi realizado em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e em três Estratégias de Saúde da Família (ESF) que ofertam PICs em seus processos de trabalho. Participaram da pesquisa quatro enfermeiras, com média de idade de 50 anos e média de 14 anos de tempo de serviço, sendo que todas possuem formação especifica em diversas PICs. Para a coleta dos dados foi realizada entrevista semiestruturada no período de outubro e novembro de 2020 por meio do Google Meet e para interpretação dos dados foi utilizada a análise temática de Minayo. Neste estudo foram observados os aspectos éticos em relação à pesquisa envolvendo seres humanos, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, sendo esta pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 36048720.0.0000.5304. O TCLE foi enviado pela pesquisadora via e-mail e posteriormente assinado pelas participantes.

Foram utilizados como critérios de inclusão:

a) enfermeiros do quadro funcional do serviço; b) estar atuando no serviço há pelo menos 3 meses, c) enfermeiros que fazem uso de PICs no processo de trabalho.

Como critérios de exclusão foram considerados:

a) enfermeiros de licença, férias ou em afastamento no período da coleta de dados; b) enfermeiros em processo de formação profissional (Residência).

Resultados:

evidenciaram-se que as PICs, sob a ótica das enfermeiras entrevistas, favorecem à promoção da saúde mental dos usuários no SUS, além de se configurarem como tecnologias promotoras de um cuidado integral, visando a recuperação da saúde e prevenção de agravos. Esses recursos terapêuticos são considerados por elas como conhecimento inovador que agregam à prática de cuidado em saúde mental, favorecendo autonomia, autoconhecimento, autocuidado, redução de estresse e de dores, sensação de relaxamento, desmedicalizando os processos da vida.

As principais PICs utilizadas para a promoção da saúde mental foram:

medicina tradicional chinesa, acupuntura, yoga, auriculoterapia, meditação, reiki e ayurveda.

Considerações finais:

espera-se que profissionais de saúde e gestores possam refletir sobre suas práticas com vistas a ampliar as possibilidades de atuação de cuidado aos indivíduos na promoção da saúde mental com a incorporação de PICs no processo de trabalho das equipes. Sugere-se que estudos semelhantes a este possam ser desenvolvidos em outros cenários para comparação dos resultados com vistas ao fortalecimento das PICs.

Introdution:

In the context of Health Promotion, Integrative and Complementary Practices (ICPs) are proved to be important care strategies. Since the interest of professionals and health managers of Unified Health System (UHS) has increased, these practices have been regarded as a therapeutic resource in several municipalities of Brazil. It is believed that the inclusion of these practices in the health treatment of UHS users might play a role not only in physical pathologies, but also in the totality of the subject as a biopsychosocial being. Therefore, it is necessary to discuss about its use and potential in promoting mental health, as well as its contribution to the reorientation of current health system.

Research question:

What are the nurses’ conceptions and practices on Integrative and Complementary Practices as a mental health promotion strategy? Objective: analyze nurses conceptions and practices regarding Integrative and Complementary Practices as a strategy to promote mental health in a health institution of Porto Alegre, Rio Grande do Sul- Brazil.

Method:

A qualitative approach was adopted, with a descriptive design and the use of Health Promotion framework. This study performed in a Psychosocial Care Center (PCC) and in three Family Health Strategies (FHS) that offers ICP in their work processes. Four nurses participated in the research, with an average age of 50 years and an average of 14 years of service, all of whom have specific training in various PICs. For data collection, semi-structured interviews were conduted out in the period of October and November 2020 through Google Meet and for data interpretation, Minayo’s thematic analysis was used. In this study, the ethical aspects in relation to research involving human beings were observed, in accordance with the Resolution of the National Health Council nº 466/2012, and this research was approved by the Research Ethics Committee under nº 36048720.0.0000.5304. The TCLE was sent by the researcher via e-mail and later signed by the participants.

Were used as inclusion criteria:

a) nurses from the service’s staff; b) be working in the service for at least 3 months; c) nurses who use ICPs in the work process. As exclusion, criteria were considered: a) nurses on leave, vacation or on leave during the period of data collection; b) nurses in the process of professional training (Residence).

Results:

it was evidenced that the PICs, from the perspective of the interviewed nurses, favor the promotion of the mental health of users in the UHS, in addition to being configured as technologies that promote comprehensive care, aimed at health recovery and disease prevention. These therapeutic resources are considered by them as innovative knowledge that add to the practice of mental health care, favoring autonomy, self-knowledge, self-care, reduction of stress and pain, feeling of relaxation, demedicalizing life processes.

The main ICPs used to promote mental health were:

traditional Chinese medicine, acupuncture, yoga, auriculotherapy, meditation, reiki and ayurveda.

Concluding remarks:

it is expected that health professionals and managers towards their practices in order to expand the possibilities of action for individual care within the context of mental health promotion, through the incorporation of ICPs in the work process of the staffs. It is suggested that studies similar to this one can be developed in other scenarios to compare the results with a view to strengthening the PICs performed by nurses for the promotion of mental health.