Uso da via subcutânea na gestão de sintomas em cuidados paliativos no contexto hospitalar
Publication year: 2023
O processo de fim de vida exerce na pessoa um misto de fascínio e de medo. É uma vivência singular que tem sofrido alterações ao longo dos tempos. Tem variado de sociedade para sociedade, de cultura para cultura, de família para família e de pessoa para pessoa. É sempre um acontecimento que perturba o quotidiano de vida, na medida em que representa o desconhecido, o fim dessa vida. Aceitar que a vida tem limites, que não existe cura total para todas as doenças que surgem, é muito difícil e, não raras vezes, conduz a um distanciamento dos profissionais de saúde por proteção, mas que se confunde por vezes em insensibilidade. É neste sentido, que surgem os Cuidados Paliativos que são uma resposta que recusa a desumanização e o tecnicismo cego que advém muitas vezes da incapacidade de aceitar limites ou de falta de formação. Tendo por base estes pressupostos e de forma a consolidar conhecimentos, a nossa opção recaiu pela realização de um Estágio de Natureza Profissional na Equipa de Suporte em Cuidados Paliativos - Unidade Local de Saúde de Matosinhos com o objetivo geral de desenvolver competências especializadas no âmbito dos cuidados paliativos de forma a cuidar a pessoa na sua integralidade, estabelecendo uma relação terapêutica com a pessoa e família, proporcionando suporte e acompanhamento de forma a um fim de vida digno e confortável a alguém que tem a morte como algo iminente e inevitável. Ao longo do estágio desenvolvemos diversas atividades no âmbito das competências comuns e específicas ancoradas na investigação efetuada. No âmbito da prestação de cuidados, identificamos necessidades da pessoa em situação paliativa e sua família/cuidador, estabelecemos objetivos terapêuticos, elaboramos um plano de cuidados individual e prestamos cuidados ativos, globais e integrados à pessoa e família, respeitando as suas preferências. No sentido de dar resposta às necessidades de cada doente/família e alívio dos sintomas, foram delineados um conjunto de intervenções por forma a minimizar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida, permitindo um processo de morrer com dignidade. A nossa integração e a identificação das dinâmicas mobilizadas no seio da equipa de saúde, como as suas interações, potenciaram o desenvolvimento de competências na tomada de decisão em equipa, que tinha por base propósitos comuns. No âmbito da gestão, foi detetada a necessidade de elaborar dois protocolos de intervenção como proposta da melhoria da qualidade dos cuidados prestados. A nível da formação desenvolvemos atividades como formadora e como formanda. Todas estas atividades potenciaram o desenvolvimento de competências científicas, técnicas e humanas. O estudo de investigação intitulado “Uso da via subcutânea na gestão de sintomas em cuidados paliativos, no contexto hospitalar” surgiu de uma necessidade identificada como prioritária aquando do diagnóstico de necessidades. Este estudo de natureza quantitativo do tipo transversal descritivo teve como objetivo analisar o uso da via subcutânea na gestão dos sintomas em cuidados paliativos, no contexto hospitalar, com a finalidade de contribuir para a utilização da via subcutânea na gestão dos sintomas em cuidados paliativos, no contexto hospitalar, de forma a melhorar o conforto da pessoa em situação paliativa. A recolha de dados foi efetuada através duma análise retrospetiva dos registos informáticos do processo clínico dos utentes acompanhados, pela Equipa Intra Hospitalar de Suporte de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, no período compreendido entre 1 de março e 31 de maio de 2022. Verificamos que a via subcutânea é utilizada no controlo de sintomas das pessoas com doença incurável. A sua escolha deve-se maioritariamente pela impossibilidade do uso da via oral, para titulação de opióides e pela ausência de acessos endovenosos. Contudo, a técnica de hipodermóclise é pouco utilizada. A utilização da via subcutânea demonstrou ser uma via eficaz no controlo dos sintomas.
The end-of-life process makes people feel great surprise mixed with fear. It is a unique life experience that has changed over the years. It has varied from society to society, from culture to culture, from family to family and from person to person. It is always an event that affects people’s daily life because it represents the unknown, the end of life. It is very difficult to accept that life has limits and that there is no complete cure for all the diseases that arise. This often leads to a distancing of health professionals for protection, but it is sometimes confused with insensibility. It is in this regard that Palliative Care arises as a response that refuses dehumanization and the blind and excessive use of technicality that often comes from the incapacity of accepting limits or from the lack of training. Based on these assumptions and to consolidate knowledge, we decided to carry out a Professional Internship in the Palliative Care Support Team - Local Health Unit in Matosinhos. Our general objective was to develop specialized skills within the scope of palliative care, in order to take care of the person in its entirety, establishing a therapeutic relationship with the person and family to provide them the necessary support and guidance at the end of life, and give dignity and comfort to the person who sees death as imminent and inevitable. Throughout the internship, we developed several activities within the scope of common and specific skills based on our research. Regarding care delivery, we identified the needs of the person who required palliative care and of their family/caregiver, we set therapeutic goals, created an individualised care plan, and provided active, global, and integrated care to the person and family, respecting their preferences. In order to fulfil the needs of each patient/family and relieve symptoms, we planned a set of interventions to alleviate suffering and improve the quality of life, enabling the person to die with dignity. Our integration and identification of the dynamics within the health team, as their interactions, enhanced the development of skills regarding the decision-making process within the team, which had common purposes. Within the scope of management, there was the need to develop two intervention protocols as a proposal to improve the provided care quality. In what concerns the training, we developed activities both as a trainer and a trainee. All these activities increased the development of scientific, technical, and human skills. The research study entitled “Use of the subcutaneous route to manage symptoms in palliative care in the hospital context” arose from a need identified as a priority when diagnosing needs. The objective of this quantitative descriptive cross-sectional study was to analyse the use of the subcutaneous route in the management of symptoms in palliative care in the hospital context, with the purpose of contributing to the use of the subcutaneous route in the management of symptoms in palliative care in the hospital context, to improve the comfort of the person in a palliative situation. We collected data through a retrospective analysis of the computer records of the clinical processes of the patients monitored by the Intra-Hospital Team of Palliative Care of the Local Health Unit in Matosinhos, from 1 March 2022 to 31 May 2022. We concluded that the subcutaneous route is used to control the symptoms of people with incurable disease. This method is mainly chosen because it is not possible to use the oral route for opioid titration and due to the absence of intravenous accesses. However, the hypodermoclysis technique is rarely used. The use of the subcutaneous route proved to be an effective way to control symptoms.