O processo de trabalho de um ambulatório de oncologia em análise

Publication year: 2022

O alto índice do câncer é algo preocupante em todo o mundo. A modalidade de tratamento mais utilizada em oncologia são os quimioterápicos, que, por sua vez, trazem o desconforto por seus efeitos colaterais tão temidos, como náuseas, vômitos, alopecia, entre outros. Se, por um lado, lidar com a dor e o sofrimento faz parte do trabalho em saúde, por outro, isso não pode significar que o trabalhador tenha que carregar as consequências como uma carga de sofrimento individual inerente às suas escolhas profissionais. Afinal, lidar com a dor e o sofrimento é uma necessidade e um bem social inestimável, que precisa ser reconhecido e valorizado nas instituições. Os objetivos deste estudo consistem conhecer os processos de trabalho junto da equipe de enfermagem no ambulatório de oncologia; promover o diálogo e a reflexão da atividade desenvolvida pela equipe de enfermagem no ambulatório de oncologia a partir do método de Instrução ao Sósia; analisar os processos de trabalho da equipe de enfermagem do ambulatório de oncologia por meio do método de Instrução ao Sósia; propor a implantação de supervisão/de reuniões de equipe com o intuito de produção coletiva do trabalho. O cenário foi o ambulatório de oncologia de um hospital público federal do estado do Rio de Janeiro; os participantes foram os integrantes da equipe de enfermagem que atuam na sala de terapia na qual se administram os quimioterápicos.

Nos resultados:

a dificuldade de instruir o outro na terceira pessoa trata da complexidade que é falar de sua atividade como algo fora de si; o reconhecimento de que o trabalho na quimioterapia é muito focado na técnica, e que, muitas vezes, o trabalhador esquece o poder que existe a cada encontro com o usuário e suas singularidades, mostrando aí que, frequentemente, o trabalhador é capturado pelo “trabalho morto” em detrimento do “trabalho vivo”; a falta de espaço para discussões diárias para trocas e reflexões da prática, trazendo a necessidade de reuniões; e a falta de atendimento psicológico aos profissionais do ambulatório de oncologia. Esta pesquisa traz à luz assuntos que, de fato, precisam ser vistos pelos gestores, líderes que atuam no setor referido: do quanto investimentos com espaços de Educação Permanente em Saúde, para reflexões e resoluções sobre a prática do cuidado em saúde, são essenciais; a atenção à saúde do trabalhador do ambulatório em oncologia deve ser vista e, assim, considerar que se um profissional é bem assistido, o paciente também o será. Cuidando de quem cuida, certamente reverberará em seu cuidado ao usuário.
The high rate of cancer is something worrisome around the world. The most used treatment modality in oncology is chemotherapy, which in turn brings discomfort due to its feared side effects such as nausea, vomiting, alopecia, among others. If, on the one hand, dealing with pain and suffering is part of health workers, on the other hand, this cannot mean that workers have to bear the consequences as a burden of individual suffering inherent to their professional choices. After all, dealing with pain and suffering is an invaluable need and social good that needs to be recognized and valued in institutions.

The objectives of this study are:

to know the work processes with the nursing team in the oncology outpatient clinic from the use of the method of instruction to the double and thus expand the resources for the action of their activities; to identify the challenges encountered in practice for the care of people using chemotherapy; and to promote transformations in the work processes. This is a qualitative study, which used the method of instruction to the double, promoting dialogue and reflection among workers. The scenario was the oncology outpatient clinic of a federal public hospital in the state of Rio de Janeiro, the participants were the members of the nursing team working in the therapy room where chemotherapy is administered.

Results:

the difficulty of instructing the other in the 3rd person addresses the difficulty that is to speak of their activity as something outside of themselves; the recognition that the work in chemotherapy is very focused on the technique, and that often the worker forgets the power that exists at each meeting with the user and its singularities, showing that the worker is often captured by “dead work” to the detriment of “living work”; the lack of space for daily discussions for exchanges and reflections of practice, bringing the need for meetings; the lack of psychological care for the professionals of the oncology outpatient clinic.

Final considerations:

this research brings to light issues that need to be seen by managers, leaders working in the referred sector, of how much investment with spaces of Permanent Education in Health are essential for reflections and resolutions on the practice of health care, the health care of the outpatient worker in oncology should be seen and thus it should be considered that if the professional is well-attended, the patient will be, too. Taking care of those who care will certainly reverberate in their care towards the user.