Acurácia da Bedside PEWS na avaliação da deterioração clínica: preditora para a admissão e transferência do cuidado entre unidades pediátricas

Publication year: 2020

INTRODUÇÃO:

O cuidado ao paciente pediátrico em situação crítica requer reconhecimento precoce dos sinais de degradação clínica. Deste modo, processos realizados de forma sistematizada e uso de escalas podem ser aliados na busca pela segurança do paciente.

OBJETIVO:

Avaliar a acurácia da escala Bedside PEWS para determinação do agravamento clínico de pacientes na admissão e previamente à transferência da Emergência Pediátrica para as Unidades de Internação e para a Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico.

MÉTODO:

Estudo transversal, retrospectivo, realizado em Unidade de Emergência Pediátrica (UEP). A amostra foi de 591 prontuários de crianças internadas na UEP entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2018 e transferidas para unidades de internação, bloco cirúrgico ou Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico (UTIP). Dados referentes ao perfil sociodemográfico e clínico das crianças, e registros dos escores PEWS de admissão e transferência da UEP foram coletados e analisados por estatística descritiva e Teste de Qui-quadrado.

A validade da PEWS foi avaliada pelos indicadores:

sensibilidade, especificidade, Receiver Operating Characteristic Curve (curva ROC) e área sob a curva ROC, comparada ao padrão de referência (transferência para UTIP). O projeto seguiu os preceitos éticos em pesquisa.

RESULTADOS:

Para 68,2% das crianças houve registro da PEWS na admissão na UEP e em 90,7%, na transferência para unidades assistenciais. A mediana da PEWS na admissão da UEP foi de 3 (1,0/5,0); destas, 11,4% apresentaram PEWS≥7 (p=0,000). Na transferência para a UTIP, a mediana da PEWS foi de 7,0 (5,0/9,0), e em 71,2% com PEWS≥7 (p=0,0459). Quanto à validade da PEWS, o escore >4 na admissão na UEP apresentou sensibilidade de 59,1%, especificidade de 78,0% e acurácia de 76,9% (p=0,0001). Na transferência das crianças da UEP, o valor da PEWS >5 apresentou sensibilidade de 72,6%, especificidade de 94,3%, e acurácia de 87,4% (p=0,0001). As áreas sob a Curva ROC diferiram em 12,6% entre a admissão [0,769 (IC 95%:0,723/0,811)] e transferência [0,874 (IC 95%:0,859/0,924)] da UEP (p<0,0001).

CONCLUSÕES:

A Bedside PEWS é ferramenta válida para auxiliar na avaliação clínica de paciente pediátricos na admissão e transferência da UEP. Entretanto, escores da PEWS ≥5 devem ser pensados como melhores indicadores de agravamento clínico de crianças em UEP.

INTRODUCTION:

Care for pediatric patients in critical conditions requires early recognition of signs of clinical degradation. Thus, processes carried out in a systematic way and the use of scales can be combined in the search for patient safety.

OBJECTIVE:

To evaluate the accuracy of the PEWS (Pediatric Early Warning Score) scale to determine the clinical worsening of patients prior to the transfer of the Pediatric Emergency to the inpatient units and to the Pediatric Intensive Care Unit.

METHOD:

Cross-sectional and retrospective study, carried out in a Pediatric Emergency Unit (PEU). The sample consisted of 591 medical records of children admitted to the PEU from January 1 to December 31, 2018 and transferred to inpatient units, surgical units or Pediatric Intensive Care Unit (PICU). Data related to the children’s sociodemographic and clinical profile, and records of the PEWS scores for admission and transfer from PEU were collected and analyzed using descriptive statistics and the Chi-square test.

The indicators assessed the PEWS validity:

sensitivity, specificity, Receiver Operating Characteristic Curve (ROC curve) and area under the ROC curve, compared to the reference standard (transfer to PICU). The project followed ethical precepts in research.

RESULTS:

For 68.2% of the children, PEWS was registered on admission to the PEU and in 90.7%, on transfer to care units. The median of PEWS on admission in PEU was 3 (1.0/5.0); of these, 11.4% had PEWS≥7 (p=0.000). In the transfer to the PICU, the median of PEWS was 7.0 (5.0/9.0), and in 71.2% with PEWS≥7 (p=0.0459). For validity of PEWS, the score> 4 on admission in PEU showed sensitivity of 59.1%, specificity of 78.0% and accuracy of 76.9% (p=0.0001). When transferring children from PEU, the PEWS value >5 showed sensitivity of 72.6%, specificity of 94.3%, and accuracy of 87.4% (p=0.0001). The areas under the ROC Curve differed by 12.6% between admission [0.769 (95% CI: 0.723/0.811)] and transfer [0.874 (95% CI: 0.859/0.924)] from PEU (p<0.0001).

CONCLUSIONS:

Bedside PEWS is a valid tool for auxiliary clinical assessment of children on admission and transfer from UEP. However, PEWS scores ≥5 should be considered as best indicators to determine the clinical worsening of children admitted to the UEP.