Reatividade à dor na vacinação de lactentes entre dois e cinco meses de idade que receberam sacarose
Pain reativity in the vaccination of infants between two and five months of age, who received sucrose
Publication year: 2017
A vacinação constitui-se em uma estratégia eficaz na prevenção de doenças e redução da morbi-mortalidade. No entanto, isso expõe principalmente as crianças a procedimentos dolorosos, que podem acarretar em consequências, imediatas e a longo prazo, relacionadas à resposta de dor. Para minimizar essas consequências, diversas intervenções têm sido investigadas para alívio da dor decorrente da vacinação, entre essas destaca-se a sacarose. Apesar da efetividade comprovada da sacarose para alívio da dor em procedimentos únicos e na vacinação, sabe-se que diversos fatores podem interferir na reatividade à dor, e pouco se sabe sobre o uso repetido da sacarose nas vacinas igualmente repetidas nos primeiros meses de vida. Assim, com os objetivos de examinar os fatores que interferem na reatividade à dor na vacinação dos lactentes entre dois e cinco meses de idade que receberam sacarose, e avaliar e comparar a reatividade à dor na vacinação dos lactentes nessa idade, desenvolvemos um estudo transversal observacional que incluiu 272 lactentes que compareceram à sala de vacina do estudo para receber as vacinas propostas no calendário de vacinação para o estado de São Paulo, no período de outubro de 2014 a maio de 2015, e cujos pais ou responsáveis aceitaram participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Foram excluídos:
bebês que não residiam no município de Ribeirão Preto; os com suspeita ou intolerância a frutose; com doença congênita do sistema nervoso; com malformação ou prejuízos neurológicos severos; os que não seguiram o calendário regular de vacinação ou necessitavam de vacinas especiais. Foram coletados os dados de proporção da mímica facial, frequência cardíaca (FC) e choro nas fases basal (90s), pré-injeção (120s), injeção e pós-injeção (180s) e os fatores de exposição relacionados ao nascimento, a mãe e que antecedem o momento da própria vacina. Os dados comportamentais foram obtidos através da observação sistemática, com análise sequencial segundo a segundo. O banco de dados foi estruturado em planilha do Excel e exportado para o software SPSS. Para as análises, considerou-se como desfecho principal a proporção de mímica facial na fase injeção.No modelo de regressão linear não ajustada identificamos que houve influência para as variáveis de exposição:
peso atual, número de gestações anteriores, mímica facial na fase basal, e FC na fase basal considerando um p<0,20. Para o modelo de regressão múltipla identificou apenas a influência da mímica facial na fase basal (p=0,001). Como fatores de risco, os testes t student para as variáveis numéricas de distribuição normal e Mann-Whitney para variáveis categóricas ou variáveis numéricas de distribuição não normal, identificamos risco para as variáveis mímica facial foi estatisticamente significante, apenas para as variáveis tipo de aleitamento materno (p=0,048) e FC (p=0,030), mímica facial (p=0,000) e choro (p=0,029). Para a análise de medidas repetidas (ANOVA-RM) identificamos que a proporção de mímica facial foi significativamente maior na administração das três vacinas consecutivas (pneumo + VIP + penta), em comparação com a vacina única (meningocócica), somente na fase pós-injeção (p<0,001). Para as participações repetidas duas ou três vezes do mesmo lactente (n=460), identificamos que a proporção de mímica facial diferiu estatisticamente entre as fases nos quatro grupos de diferentes idades (p>0,05), apresentando maiores valores na fase injeção. Concluímos que, apesar da efetividade da sacarose para alívio da dor, permanecem fatores de risco que interferem na reatividade à dor, principalmente diferenças na mímica facial no pós-injeção quando comparadas vacinas múltiplas e consecutivas (pneumocócica 10 valente, poliomielite injetável, pentavalente) versus vacina única (meningocócica C)
Vaccination is an effective strategy to prevent disease and reduce morbidity and mortality. However, this exposes patients, specially, children to painful procedures, which can lead to immediate and long-term consequences related to the pain response. To minimize these consequences, several interventions have been investigated to relieve pain resulting from vaccination, among which sucrose. Despite the proven effectiveness of sucrose for pain relief in single procedures and vaccination, it is known that several factors may interfere with reactivity to pain, and little is known about the repeated use of sucrose in the equally repeated vaccines in the first months of life. Thus, with the aim of examining the factors that interfere with reactivity to pain in the vaccination of infants between two and five months of age who received sucrose, and to evaluate and compare reactivity to pain in the vaccination of infants at this age, we developed an observational cross-sectional study which included 272 infants who attended the study's vaccine room to receive the vaccines proposed in the vaccination schedule for the State of São Paulo, from October 2014 to May 2015, and whose parents or guardians agreed to participate in the study through signed Free and Informed Consent Form.