Rede de apoio social e transtornos mentais comuns entre mulheres atendidas na atenção primária à saúde
Social support network and common mental disorders among women attended in primary health care
Publication year: 2017
Apoio social tem sido considerado um fator protetivo à saúde mental de mulheres, as quais têm apresentado altas prevalências de Transtornos Mentais Comuns (TMC), principalmente as atendidas nos serviços de Atenção Primária. Este estudo objetivou analisar a associação entre a percepção de apoio social e a prevalência de Transtornos Mentais Comuns entre mulheres cadastradas na região adscrita de uma Unidade de Saúde da Família. Trata-se de um estudo mixed method, com delineamento parcialmente misto, do tipo sequencial com predominância da fase quantitativa. As participantes foram 141 mulheres, na etapa quantitativa, e 17, na etapa qualitativa, entre 18 e 65 anos, atendidas em um serviço de Atenção Primária à saúde do município de Ribeirão Preto. Na primeira fase do estudo, quantitativa, os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário sociodemográfico e das escalas psicométricas: Questionário de Suporte Social (SSQ) e o Self Report Questionaire - SRQ 20. A etapa qualitativa constou de quatro sessões individuais para elaboração de Body maps com as participantes para explorar as caraterísticas detalhadas da rede de apoio social delas e sintomas de Transtornos Mentais Comuns, contextualizadas a sua trajetória de vida e percepção corporal. Os dados quantitativos foram analisados utilizando estatística descritiva, medidas de dispersão e testes de correlação. Os dados qualitativos foram triangulados para identificar convergências ou divergências em relação aos resultados quantitativos. Os resultados confirmaram a associação entre apoio social e Transtorno Mental Comum no quesito "satisfação com apoio". A prevalência de Transtorno Mental Comum foi de 43,4%. As participantes, em geral, estavam satisfeitas ou muito satisfeitas com o apoio e tinham, em média, oito apoiadores os quais correspondiam principalmente a familiares, seguido de amigos.
Os fatores de risco para Transtorno Mental Comum foram:
estar pouco satisfeita com apoio recebido e ter filhos. Entende-se a necessidade de promoção de cuidados que auxiliem na atenuação do estresse pelas responsabilidades como mulheres e aumentem a satisfação com apoio. Exemplos de estratégias incluem o estímulo e criação de grupos de conversa para troca de experiência entre mães e mulheres, o fortalecimento de vínculo com os profissionais de saúde da Atenção Primária, assim como oferecimento de uma escuta às demandas emocionais e apoio nas diferentes necessidades por esses mesmos. Salienta-se a necessidade de, além dos serviços de saúde, espaços sociais para discussão e reflexão acerca das cargas relacionadas ao papel da mulher
Social support has been considered a protective factor for the mental health of women, who have presented high prevalence of common mental disorders (CMD), mainly those attended in the primary care services. This study aims to analyze the association between the perception of social support and the prevalence of common mental disorders among women attended in the assigned area of a Family Health Unit. This is a mixed method study, with partially mixed design, sequential type with quantitative phase predominance. The participants were 141 women, in the quantitative phase, and 17 in the qualitative phase, between 18 and 65 years old, attended by a primary health care service in Ribeirão Preto. In the first phase of the study, the quantitative data were collected through the application of a sociodemographic questionnaire and the psychometric scales: Social Support Questionnaire (SSQ) and the Self Report Questionnaire - SRQ 20. The qualitative step consisted of four individual sessions to elaborate Body maps with the participants in order to explore detailed characteristics of the participants' social support network and common mental disorders symptoms contextualized to their life trajectory and body perception. Quantitative data were analyzed using descriptive statistics, dispersion measures and correlation tests. Qualitative data were triangulated to identify convergences or divergences from quantitative results. The results confirmed the association between social support and common mental disorder in the aspect "satisfaction with support". The prevalence of common mental disorder was 43.4%. Participants were generally satisfied or very satisfied with the support and had, on average, eight supporters, mostly family members, followed by friends. The risk factors for common mental disorder were being dissatisfied with support received and having children. We understood the need to promote care that helps to buffer stress for responsibilities as women and increase satisfaction with support. Strategy examples include the encouragement and creation of conversation groups to exchange experience among mothers and women, strengthening bonding with primary care health professionals, as well as listening to emotional demands and support the woman needs. In addition to health services, there is a need for social spaces for discussion and reflection about the burden related to the women role