Qualidade de vida dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca atendidos pelo Programa de Boas Práticas Clínicas em Cardiologia

Publication year: 2020

Introdução:

A insuficiência cardíaca é considerada a via final comum das cardiopatias. O aumento da prevalência e o envelhecimento da população colocam a atenção primária como nível ideal de intervenção, em que o conhecimento sobre a doença, o autocuidado e o manejo de sinais e sintomas são orientados, também, por uma enfermeira especialista. A avaliação da qualidade de vida é uma importante ferramenta para indicar ações de enfermagem, principalmente, voltadas para área da educação.

Objetivo:

Comparar a qualidade de vida de pacientes com insuficiência cardíaca crônica descompensada na admissão hospitalar e 180 dias após a alta, através da aplicação do questionário de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) pela equipe da pesquisa, no período de março de 2016 a dezembro de 2018. Os objetivos específicos foram descrever o perfil do paciente, avaliar a taxa de re-hospitalização global e mortalidade global no período de 180 dias.

Metodologia:

Coorte retrospectiva com abordagem quantitativa na qualidade de vida.

Resultados:

Dos 145 pacientes iniciais, 99 tiveram o questionário de qualidade de vida respondidos na admissão e, 41, respondidos aos 180 dias após a alta. A média do domínio físico apresentou melhora estatisticamente significativa (35,19±17,23 x 39,98±18,32 p 0,021) aos 180 dias. O domínio psicológico também apresentou relevância estatística e piorou aos 180 dias (58,33±18,06 x 53,66±19,30 p 0,024); entre as médias dos domínios social e ambiental não houve diferenças estatísticas.

Discussão:

O fato de os participantes do estudo apresentarem, predominantemente, classificação NYHA III e IV, impacta diretamente a limitação física do paciente justificando, que a média do domínio físico seja mais baixa tanto na admissão quanto aos 180 dias. Quanto ao domínio psicológico pode-se relacionar ao fato de que quando internado o participante tenha a segurança do cuidado fornecido, com profissionais à sua volta; enquanto aos 180 dias, já em casa, o mesmo teria que desempenhar o seu cuidado sozinho, o que, por vezes, traz insegurança por receio de não estar fazendo o certo. Além disso, os pacientes com este diagnóstico enfrentam desafios psicológicos, dentre eles, ansiedade e depressão, porém, neste estudo, apenas 2,8% dos pacientes revelaram ter depressão, e, quando comparados aos 180 dias após a alta percebe-se o declínio do domínio psicológico.

Conclusão:

Houve uma melhora consistente no domínio físico; em contrapartida o domínio psicológico apresentou importante piora, sugerindo um cuidado com maior suporte psicológico. Os domínios social e ambiental não apresentaram diferenças importantes.

Introduction:

Heart failure is considered the common final pathway of heart diseases. The increased prevalence and aging of the population make primary care the ideal level of intervention, in which knowledge about the disease, self-care and the management of signs and symptoms are also guided by a specialist nurse. Quality of life assessment is an important tool to indicate nursing actions, especially focused on education.

Objective:

To compare patients the quality of life of with decompensated chronic cardiac insufficiency at hospital admission and at 180 days after discharge by applying the World Health Organization (WHO) quality of life questionnaire by the research team, from March 2016 to December 2018. The specific objectives were to describe the patient's profile, to assess the overall rehospitalization rate and overall mortality within 180 days.

Method:

Retrospective cohort with quantitative approach to quality of life.

Results:

Amongst the 145 initial patients, 99 had the quality of life questionnaire answered at admission and 41 answered at 180 days after discharge. The physical domain average showed a statistically significant improvement (35,19±17,23 x 39,98±18,32 p 0,021) at 180 days. The psychological domain was also statistically significant and worsened at 180 days (58,33±18,06 x 53,66±19,30 p 0,024); between the averages of social and environmental domains there were no statistical differences.

Discussion:

The fact that the study participants present, predominantly, NYHA III and IV classification impacts directly the patient's physical limitation, justifying that the physical domain average is the lowest at both admission and 180 days. Regarding to the psychological domain, it can be related to the fact that, when hospitalized, the participant has the security of the provided care, with professionals around him; while, at 180 days, already at home, he would have to perform it by himself, which, sometimes, brings insecurity for fear of not doing it properly. Moreover, patients with this diagnosis face psychological challenges, including anxiety and depression, however, in this study, only 2.8% of patients have depression and, when compared to the 180 days after discharge, the decline of the psychological domain is noted.

Conclusion:

There was a consistent improvement in the physical domain; in contrast, the psychological domain showed significant worsening, which suggests care with greater psychological support. The social and environmental domains showed no significant differences.