Fatores associados ao clampeamento do cordão umbilical em um hospital universitário

Publication year: 2020

Introdução:

o clampeamento do cordão umbilical se refere à prática de pinçar o cordão umbilical no momento do nascimento para separar o recém-nascido da placenta. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de que o procedimento seja realizado após cessar a pulsação do cordão, o que pode proporcionar benefícios maternos e neonatais, além de reduzir a prevalência de anemia na infância. No entanto, não há consenso na literatura quanto ao tempo ideal de sua realização e o clampeamento realizado de forma precoce/imediata permanece como prática frequente.

Objetivo:

analisar os fatores associados ao clampeamento do cordão umbilical e comparar os registros em prontuário eletrônico relacionados ao tempo e à classificação da prática com os dados obtidos por observação.

Método:

estudo transversal observacional, realizado em um hospital universitário do sul do Brasil entre março a outubro de 2019. A prática do clampeamento do cordão umbilical foi observada em 300 duplas mãe-bebê, e o tempo de clampeamento do cordão umbilical foi mensurado utilizando cronômetro digital, sem interferência do observador nos procedimentos. Procedeu-se a análise bivariada e multivariada, com cálculo de razão de prevalência e para comparação dos registros em prontuário eletrônico relacionados à prática do clampeamento do cordão umbilical com os dados obtidos por meio de observação foi utilizado o teste de concordância Kappa.

Resultados:

a mediana do tempo de clampeamento do cordão umbilical foi de 70,5, variando entre 6 e 217 segundos, e o percentual de clampeamento tardio/oportuno do cordão umbilical foi de 53,7%.

Os fatores associados ao clampeamento do cordão umbilical foram:

contato pele-a-pele durante a transfusão (RP=0,76; IC 95%: 0,61-0,95; p=0,014), posição do recém-nascido abaixo do nível vaginal no momento da transfusão (RP=2,6; IC 95%: 1,66-4,07; p<0,001), posição do recém-nascido no nível vaginal durante a transfusão (RP = 2,03; IC 95%: 1,5-2,75; p<0,001) e necessidade de reanimação do recémnascido em sala de parto (RP = 1,42; IC 95%: 1,16-1,73; p=0,001). Quanto à comparação dos registros dos diferentes profissionais com a observação da prática verificou-se nível de concordância Kappa de 0,47 em relação à prática observada pela enfermeira, 0,59 em relação ao obstetra e 0,86 em relação ao pediatra.

Conclusão:

a identificação dos fatores associados ao clampeamento do cordão umbilical, assim como o conhecimento do momento oportuno de sua realização podem auxiliar os profissionais de saúde no planejamento e implementação de ações efetivas nas condutas assistenciais voltadas a essa prática, com potencial de melhoria do clampeamento tardio/oportuno.

Introduction:

Umbilical cord clamping refers to the practice of clamping the umbilical cord at birth to separate the baby from the placenta. The World Health Organization recommends that the procedure be performed after the cord pulse ceases, which guarantees maternal and neonatal benefits, as well as reducing the prevalence of childhood anemia. However, there is no consensus as to the ideal time for its realization between organizations and early clamping remains a common practice.

Objective:

To analyze the factors associated with umbilical cord clamping and to compare the records in electronic medical records related to the time and classification of the practice with the data obtained by observation.

Method:

observational cross-sectional study conducted at a university hospital in southern Brazil from March to October 2019. The practice of umbilical cord clamping was observed in 300 mother-infant pairs, and the umbilical cord clamping time was measured using a stopwatch. without interference by the observer in the procedures. Bivariate and multivariate analysis were performed, calculating the prevalence ratio and comparing the records in electronic medical records related to the practice of umbilical cord clamping with the data obtained through observation, the Kappa agreement test was used.

Results:

the median umbilical cord clamping time was 70.5, ranging from 6 to 217 seconds, and the percentage of late / timely umbilical cord clamping was 53.7%.

Factors associated with umbilical cord clamping were:

skin-to-skin contact during transfusion (RP = 0.76; 95% CI: 0.61-0.95; p = 0.014); vaginal level at the time of transfusion (RP = 2.6; 95% CI: 1.66-4.07; p <0.001), position of the newborn at the vaginal level during transfusion (RP = 2.03; CI 95 %: 1.5-2.75; p <0.001) and need for resuscitation of the newborn in the delivery room (RP = 1.42; 95% CI: 1.16-1.73; p = 0.001). Regarding the comparison of the records of the different professionals with the observation of the practice, a Kappa agreement level of 0.47 was observed in relation to the practice observed by the nurse, 0.59 in relation to the obstetrician and 0.86 in relation to the pediatrician.

Conclusion:

the identification of factors associated with umbilical cord clamping, as well as the knowledge of the appropriate moment for accomplishment can help health professionals in the planning and implementation of effective actions in care practices focused on this practice, with potential to improve clamping late/timely.