Publication year: 2019
Introdução:
A retenção urinária (RU) é definida pelo esvaziamento incompleto da bexiga e seu diagnóstico costuma ser embasado na queixa do paciente e na avaliação clínica do enfermeiro. Apesar da ultrassonografia (US) da bexiga vir sendo empregada por enfermeiro em algumas salas de recuperação anestésica, a sondagem vesical (SV) é o “padrão-ouro” para sua confirmação. A falta de consenso sobre o volume urinário que defina RU e o emprego de diferentes métodos de diagnósticos contribuem para a variabilidade na incidência. A literatura carece de estudos que comparem os métodos de avaliação de RU, especialmente em pacientes clínicos e no cenário brasileiro. Objetivo:
Avaliar a concordância entre observadores e entre métodos no diagnóstico de RU. Método:
Estudo transversal, de enfoque diagnóstico, realizado de fevereiro a setembro de 2018, em uma unidade de internação clínica. A coleta de todos os dados foi realizada por enfermeiros experientes. Os pacientes foram avaliados diante da suspeita de RU a partir da sua queixa. Seguiu-se a avaliação clínica do enfermeiro, da realização de US da bexiga e da SV. Foram realizadas avaliações independentes e em duplicata para avaliar a concordância entre os observadores. A drenagem de > 500mL de urina na SV foi considerada como RU. A concordância entre observadores e entre métodos foi testada por meio do coeficiente de Kappa. A relação entre o volume urinário estimado na US e o obtido na SV foi avaliada por meio de Correlação de Spearman. Também, foi produzido gráfico de Bland-Altman para avaliar esta relação. O estudo foi aprovado quanto aos seus aspectos éticos e metodológicos (CAE: 73406017.4.0000.5327). Resultados:
Foram realizadas 208 avaliações em 50 pacientes. As avaliações em duplicata (n = 40) mostraram excelente concordância entre os enfermeiros em determinar RU de acordo com a queixa do paciente (k = 1,0; IC95%: 0,853 – 1,146), moderada concordância entre os enfermeiros em determinar RU quando embasam seu diagnóstico na impressão clínica (k = 0,551; IC95%: 0,591 – 0,883). Por outro lado, a concordância foi substancial (k = 0,783; IC95%: 0,703 – 0,996) quando se embasaram na US. Houve mínimas diferenças (<50mL) entre enfermeiros ao estimarem o volume de urina utilizando a US. No total de avaliações, a taxa de incidência de RU variou de acordo com o método de avaliação. De acordo com a queixa do paciente foi 21,2%, mediante a impressão clínica dos enfermeiros foi 22,1% e com a realização da US foi 34,1%. Nem sempre houve coincidência entre os métodos. Houve concordância plena somente entre a avaliação pela US e a realização de sondagem vesical (k = 1,0; IC95%: 0,935 – 1,064). A concordância para a decisão de realizar SV foi menor entre a impressão do paciente (k = 0,41; IC95%: 0,351 – 0,479) e a impressão clínica do enfermeiro (k = 0,67; IC95%: 0,611 – 0,739). Conclusão:
Enfermeiros discordam ao emitir parecer sobre a presença de RU. A queixa do paciente e a impressão do enfermeiro são insuficientes para determinar o quadro de RU de modo seguro. Enfermeiros embasam sua decisão de realizar sondagem vesical nas estimativas geradas na US.
Introduction:
Urinary retention (UR) is defined by the incomplete emptying of the bladder and your diagnosis is usually based on the complaint of the patient and the clinical evaluation of the nurse. Despite the bladder Ultrasound (US) come being employed by nurses in some anesthetic recovery rooms, vesical catheterization (VC) is the "gold standard" for your confirmation. The lack of consensus on the urinary volume that define UR and the use of different diagnostic methods contribute to the variability in incidence. Literature lacks studies that compare the methods of assessment of RU, especially in clinical patients and in the Brazilian scenario. Objective:
to evaluate the correlation between observers and between methods in the diagnosis of UR. Method:
transversal study, diagnostic approach, held from February to September 2018, in an inpatient clinic unit. All data collection was performed by experienced nurses. Patients were evaluated on suspicion of UR from your complaint. Followed the clinical evaluation of the nurse, the bladder US by the nurse and VC. Independent evaluations were carried out in duplicate to assess the correlation between observers. Drainage of > 500 ml of urine in VC was regarded as UR. The agreement between observers and between methods was tested through the Kappa coefficient. The relationship between urinary volume estimated in US and the VC was evaluated by Spearman’s Correlation. Also, was produced Bland- Altman chart to evaluate this relationship. The study was approved as to their ethical and methodological aspects (CAE: 73406017.4.0000.5327). Results:
208 evaluations were conducted in 50 patients. Duplicate assessments (n = 40) showed excellent agreement among nurses in determining UR according to the patient’s complaint (k = 1.0; 95% CI: 0.853-1.146), moderate agreement among nurses in determining UR when their diagnosis was supported by the clinical impression (k = 0.551; 95% CI: 0.591-0.883). On the other hand, the correlation was substantial (k = 0.783; 95% CI: 0.703-0.996) when supported by the US. There were minimal differences (< 50 ml) between nurses to estimate the volume of urine using US. Total evaluations, the incidence rate of UR varied according to the method of evaluation. According to the complaint of the patient was 21.2%, by clinical impression of the nurses was 22.1% and with the US was 34.1%. Not always there was overlap between the methods. There was full agreement between the evaluation by the US and VC (k = 1.0; 95% CI: 0.935-1.064). The agreement for the decision to make VC was lower between the impression of the patient (k = 0.41; 95% CI: 0.351-0.479) and the nurse’s clinical impression (k = 0.67; 95% CI: 0.611-0.739). Conclusion:
Nurses disagree to issue opinions on the presence of UR. The complaint of the patient and the nurse’s impression are insufficient to determine the framework of UR. Nurses base your decision to perform VC on the estimates generated by the US.