A pessoa idosa e os cuidadores familiares: vulnerabilidades e condições sociais

Publication year: 2022

O aumento do índice de envelhecimento da população portuguesa, índice de dependência de idosos e esperança de vida à nascença, conduz a questões relacionadas com o envelhecimento saudável. O incremento de fragilidades que ocorrem, quer pelo processo de envelhecimento quer inerentes à idade, conduzem à necessidade da pessoa idosa em depender de cuidados prestados na generalidade por cuidadores familiares, sendo que estes também podem apresentar fragilidades. Decorrente destes factos definimos como objetivos, caraterizar sociodemograficamente as pessoas idosas e cuidadores familiares e avaliar as condições de saúde das pessoas idosas e dos cuidadores familiares quanto ao desempenho cognitivo, fragilidade funcional, e a qualidade de vida. Realizou-se um estudo de investigação de natureza quantitativa, com desenho descritivo transversal, tendo para o efeito sido utilizada uma amostra por conveniência de 20 pessoas idosas, inscritos no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de uma Unidade Local de Saúde (ULS) do Norte de Portugal e residentes numa das freguesias abrangentes dessa mesma ULS e 20 cuidadores familiares identificados através dos processos clínicos das pessoas idosas. Utilizamos como instrumento de colheita de dados o questionário que incluiu a caraterização sociodemográfica, o teste de declínio cognitivo de seis itens (Apóstolo et al., 2017), a escala Barthel (Araújo, Pais-Ribeiro, Oliveira & Pinto, 2007), a escala de Lawton e Brody (Araújo, Pais-Ribeiro, Oliveira, Pinto & Martins, 2007), o Apgar familiar (Agostinho & Rebelo, 1988) e a escala MOS SF-36 v2 (Ferreira, 2000a). O tratamento de dados, atendeu ao tipo de estudo quantitativo e foi realizado através de análise estatística descritiva, recorrendo ao aplicativo IBM SPSS versão 28.0.0.0. Os resultados mostraram que as pessoas idosas apresentavam uma média de idades de 75,6 anos, na sua maioria eram do sexo feminino, casados, com um baixo nível de escolaridade, reformados, com doenças crónicas, que coexistem, com predominância para a hipertensão arterial e a diabetes mellitus. Cognitivamente as pessoas idosas evidenciam deterioração cognitiva, dependentes em grau moderado para as atividades básicas de vida diária (ABVD) mas independentes para as atividades instrumentais de vida diária (AIVD). A maioria das pessoas idosas encontram-se inseridos numa família altamente funcional, no que diz respeito ao estado de saúde e de acordo com o MOS SF-36 v2, a pessoa idosa demonstra um melhor estado de saúde para as escalas da função social e do desempenho emocional. Os cuidadores familiares, apresentaram uma média de idades de 58,5 anos, na maioria eram do sexo feminino, casados, dividiam o cuidado com uma atividade profissional. Portadores de doenças crónicas, cognitivamente íntegros, independentes nas ABVD e nas AIVD e inseridos em famílias altamente funcionais. Quando ao seu estado de saúde, as médias encontradas para as escalas do MOS SF-36 v2, apontam para um melhor estado de saúde nas escalas da função física, do desempenho físico, da função social e do desempenho emocional. A maioria dos cuidadores presta cuidados entre 1 ano e 10 anos e são filhos da pessoa cuidada. Este estudo contribui para a elaboração de outros de maiores dimensões para que se possa estabelecer relações entre variáveis e, consequentemente, obter dados mais robustos para permitir capacitar a pessoa idosa e os cuidadores familiares para um envelhecimento saudável
The increase in the aging rate of the Portuguese population, the elderly dependency rate and life expectancy at birth, leads to issues related to healthy aging. The increase in frailties that occur, either due to the aging process or inherent to age, lead to the need for the elderly person to depend on care provided in general by family caregivers, and these can also present fragilities. As a result of these facts, we defined as objectives, to characterize sociodemographically the elderly and family caregivers and to assess the health conditions of the elderly and family caregivers in terms of cognitive performance, functional fragility, and quality of life. A quantitative research study was carried out, with a cross-sectional descriptive design, using a convenience sample of 20 elderly people, enrolled in the Group of Health Centers (GHC) of a Local Health Unit (LHU) of the Northern Portugal and residents in one of the comprehensive parishes of the same LHU and 20 family caregivers identified through the clinical files of the elderly. As a data collection instrument, we used the questionnaire that included the sociodemographic characterization, the six-item cognitive decline test (Apóstolo et al., 2017), the Barthel scale (Araújo, Pais-Ribeiro, Oliveira & Pinto, 2007), the Lawton and Brody scale (Araújo, Pais-Ribeiro, Oliveira, Pinto & Martins, 2007), the family Apgar score (Agostinho & Rebelo, 1988) and the MOS SF-36 v2 scale (Ferreira, 2000a). The data treatment met the type of quantitative study and was carried out through descriptive statistical analysis, using the IBM SPSS application version 28.0.0.0. The results showed that the elderly had an average age of 75.6 years, most were female, married, with a low level of education, retired, with chronic diseases, which coexist, with a predominance of arterial hypertension and to diabetes mellitus. Cognitively, the elderly show cognitive deterioration, moderately dependent for basic activities of daily living (BADL) but independent for instrumental activities of daily living (IADL). The majority of the elderly are part of a highly functional family, with regard to health status and according to the MOS SF-36 v2, the elderly person demonstrates a better health status for the social function and emotional performance scales. Family caregivers had an average age of 58.5 years, most were female, married, shared care with a professional activity. Carriers of chronic diseases, cognitively healthy, independent in BADL and IADL and inserted in highly functional families. Regarding their health status, the averages found for the MOS SF-36 v2 scales point to a better health status in the physical function, physical performance, social function and emotional performance scales. Most caregivers provide care between 1 year and 10 years and are children of the person being cared for. This study contributes to the elaboration of larger ones so that relationships between variables can be established and, consequently, more robust data can be obtained to enable the elderly and family caregivers to be trained for healthy aging