Perfil de competências do enfermeiro coordenador de um serviço de urgência
Publication year: 2023
A crescente procura por mais e melhores cuidados de saúde tem levado a um aumento significativo na ultima década do numero de episódios em serviço de urgência, uma situação que é transversal a todos os níveis de atuação. Do lado oposto a este aumento estão equipas reduzidas em número, com dificuldade em dar resposta perante serviços sobrelotados, na maior parte das vezes por situações pouco ou não urgentes, situação explicada por alguma ineficiência dos cuidados de saúde primários e pelo fácil acesso aos serviços hospitalares de urgência. Esta é uma situação que sobrecarrega os serviços de saúde e os profissionais, colocando em causa a segurança e a qualidade dos cuidados. Neste mesmo contexto, a gestão de cuidados ganha uma elevada importância, pelo que é imperativo entregar essa função a profissionais capazes e preparados para a mesma. Num ambiente de grande complexidade como o serviço de urgência, dinámico e com um fluxo de utentes mantido durante as 24 horas do dia, e onde o enfermeiro gestor não está em permanente presença física, é ao enfermeiro coordenador de equipa que cabe essa gestão de cuidados e até a gestão do serviço, na ausência do enfermeiro gestor do mesmo. Ainda que a figura do enfermeiro coordenador de equipa não esteja contemplada na carreira de Enfermagem, ela existe em praticamente todos os serviços de urgência. Desta forma, é imperativo definir qual o perfil de competências destes elementos, fundamentais para o bom funcionamento dos serviços e para o garante da segurança e qualidade dos cuidados de enfermagem em contexto de urgência. Neste sentido, realizamos um estudo com base na técnica de Delphi, que começou pela construção de uma proposta de perfil de competências, composta por 21 competências, agrupadas por tipologia (comportamentais, técnico-profissionais e de liderança e gestão). A elaboração deste instrumento foi suportada pela revisão bibliográfica, e posteriormente colocada sob escrutínio de um painel de peritos, conforme preconizado para a técnica de Delphi. Na primeira ronda, os peritos que integraram o painel, também contribuíram individualmente com sugestões de competências a acrescentar à proposta de perfil. A proposta final deste perfil de competências do enfermeiro coordenador de equipa, constituído por 28 competências, obteve concordância máxima em 92,9% delas (26 competências), e com um grau de consenso MUITO ELEVADO em 21 competências e ELEVADO nas restantes sete. Foi, assim, possível construir uma versão de consenso para a qual se sugere validação e que se espera servir de catalisador para a mudança de paradigma, legislando e regulamentando a figura do enfermeiro coordenador de equipa, com domínios de competências bem definidos e que permitam o desenvolvimento adequado dessas mesmas competências.
The growing demand for more and better health care has led to a significant increase in the last decade of the number of episodes in emergency services, a situation that cuts across all levels of activity On the opposite side of this growth are teams that are reduced in number, with difficulty in responding to overcrowded services, most often due to low or non-urgent situations, a situation explained by some inefficiency of primary health care services and by the easy access to hospital emergency services. This is a situation that overloads health services and professionals, putting the safety and quality of care at risk. In this context, care management gains a great importance, which is why it is imperative to deliver this task to professionals who are capable and prepared for it. In highly complex environment such as the emergency room, which is dynamic, has a flow of users 24 hours a day, and where the nurse manager is not physically present all the time, it is the nursing team coordinator who is responsible for the care management and even the management of the service. Although the figure of the nursing team coordinator is not included in the nursing career, it exists in practically all emergency services. Thus, it is imperative to define the competence profile of these elements, which are fundamental for the proper functioning of services and for guaranteeing the safety and quality of nursing care in an emergency context. Taking this into account, we carried out a study base on the Delphi technique, which began with the construction of a proposal for a competences profile, comprising 21 competences, grouped by typology (behavioral, technical-professional and leadership and management). The elaboration of this instrument was supported by the bibliographical review, and later placed under the scrutiny of a panel of experts, as recommended for the Delphi technique. In the first round, the experts who were part of the panel also contributed individually with suggestions of competences to be added to the profile's proposal. The final draft of the competences profile of the nursing team coordinator, consisting of 28 competences, obtained maximum agreement in 92.9% of them (26 competences). and with a degree of consensus VERY HIGH in 21 competences and HIGH in the remaining seven. Thus, it was possible to build a version of consensus for which validation is suggested and which is expected to serve as a catalyst for a paradigm shift, legislating and regulating the figure of the nursing team coordinator, with well-defined domains of competences that allow for the adequate development of these same skills.