As Representações Sociais da Espiritualidade e da Religiosidade para pessoas que vivem com HIV/Aids: estrutura de pensamento, enfrentamento da síndrome e cuidado de enfermagem
Publication year: 2019
Para estudar as representações da espiritualidade e da religiosidade, objetivou-se descrever a estrutura das representações sociais da espiritualidade e da religiosidade para pessoas que vivem com o HIV/Aids; identificar o núcleo central e os elementos periféricos superativados das representações sociais estudadas; descrever o processo de vivência do HIV/Aids no cotidiano em sua interface com as expressões de espiritualidade e religiosidade; descrever os conteúdos das representações sociais estudadas; analisar a relação entre as representações sociais da espiritualidade e da religiosidade para pessoas vivendo com HIV/Aids como subsídio para o cuidado de enfermagem. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem quanti-qualitativa, orientado pela teoria das representações sociais, realizado entre 2015 e 2017 num ambulatório especializado em HIV/Aids. Na primeira etapa participaram 166 pacientes respondendo à coleta de evocações livres aos termos indutores espiritualidade e religiosidade e à escala de religiosidade de DUKE. No segundo momento participaram 60 entrevistados respondendo ao mise-en-cause; 61 ao choix-par-bloc; 50 aos esquemas cognitivos de base da espiritualidade e 66 da religiosidade. Em seguida, 32 sujeitos participaram da entrevista em profundidade. A análise estrutural da espiritualidade mostrou que Deus e religião são os elementos centrais e que a fé é um elemento periférico superativado. Para o grupo, a espiritualidade é a busca de um contato com Deus mediado pela religião e suas práticas, a fé promove a conexão de outros elementos como força e paz. A análise estrutural da religiosidade resultou na centralidade de Deus e amor, fé também foi um elemento superativado. A religiosidade foi marcada pela centralidade de Deus, ser superior, e que ao mesmo tempo, é um ser próximo, amigo e que concede amor. A fé também fez um papel de ligação entre os elementos periféricos e os centrais. Na análise processual foram geradas a classe 2 que mostrou o pensamento dos sujeitos acerca da espiritualidade e religiosidade, viu-se que os discursos corroboram com o resultado da abordagem estrutural. As classes 3 e 1 abrangeram o viver com HIV/Aids, a aceitação diagnóstica e a convivência com o vírus na vida cotidiana, apontando a representação da aids como doença crônica. Propôs-se, a partir das representações, um modelo de cuidado com base na cultura/religião, para isto, apoiou-se na teoria do cuidado transcultural. Deste modo, o enfermeiro deve receber as demandas do cliente através da comunicação e investigar qual a importância da religião e de Deus em sua vida, para que a partir deste conhecimento, se busque propor além do cuidado terapêutico, uma busca pelo cuidado religioso/espiritual, e desta forma, o cliente possa melhorar os sintomas físicos e sentir um bem-estar espiritual. Ao final do estudo, constatou-se que a espiritualidade e a religiosidade podem ser consideradas duas faces de uma moeda, ao mesmo tempo compartilham elementos centrais, mas ativam sentidos distintos no cognitivo dos sujeitos.
To study the representations of spirituality and religiosity, the objective was to describe the structure of social representations of spirituality and religiosity for people living with HIV/AIDS; to identify the central nucleus and the overactivated peripheral elements of the social representations studied; to describe the process of experiencing HIV/AIDS in everyday life in its interface with the expressions of spirituality and religiosity; describe the contents of the social representations studied; to analyze the relationship between the social representations of spirituality and religiosity for people living with HIV/AIDS as a subsidy for the nursing care. This is a descriptive and exploratory study with a quantitative-qualitative approach guided by the theory of social representations, carried out between 2015 and 2017 in an HIV/AIDS outpatient clinic. In the first stage 166 patients responded to the collection of free evocations to the terms inducing spirituality and religiosity and to the religiosity scale of DUKE. In the second moment 60 respondents responded to the mise-en-cause; 61 to choix-par-bloc; 50 to the basic cognitive schemas of spirituality and 66 of religiosity. Then, 32 subjects participated in the in-depth interview. The structural analysis of spirituality has shown that God and religion are the central elements, and that faith is a peripheral element over-activated. For the group, spirituality is the search for a contact with God mediated by religion and its practices, faith promotes the connection of other elements such as strength and peace. The structural analysis of religiosity resulted in the centrality of God and love, faith was also a superactivated element. Religiousness was marked by the centrality of God, to be superior, and at the same time, a close being, friend and bestower of love. Faith also played a connecting role between peripheral and central elements. In the procedural analysis were generated class 2 that showed the subjects' thinking about spirituality and religiosity, it was seen that the discourses corroborate with the result of the structural approach. Classes 3 and 1 covered living with HIV / AIDS, diagnostic acceptance and coexistence with the virus in daily life, pointing to the representation of AIDS as a chronic disease. From the representations, a model of care based on culture / religion was proposed, based on the theory of cross-cultural care. In this way, the nurse must receive the client's demands through communication and investigate the importance of religion and God in his life, so that from this knowledge, seek to propose beyond therapeutic care, a search for religious / spiritual care , and in this way, the client can improve physical symptoms and feel a spiritual well-being. At the end of the study, it was found that spirituality and religiosity can be considered two sides of a coin, at the same time they share central elements, but they activate different senses in the cognitive of the subjects.