Biblioteca Virtual en Salud Enfermería

O presente Relatório de Estágio (RE), surge integrado no programa da Unidade Curricular de Estágio com Relatório do 11º Curso de Mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia (CMESMO). Além do processo de investigação proposto, este relatório relata também a minha reflexão sobre o meu percurso de aprendizagem e desenvolvimento das competências, para a obtenção do título de Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (EEESMO) e do grau de Mestre. As mudanças que ocorreram nas unidades hospitalares, devido à pandemia causada pelo vírus Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavírus 2 (SARS-CoV 2), reportam as medidas excecionais de prevenção e controlo implementadas pela Direção Geral de Saúde (DGS), com o intuito de minimizar o risco de transmissão da infeção por SARS-CoV-2, em meio hospitalar. Estas medidas criaram uma nova dinâmica no quotidiano das maternidade, impossibilitando o pai de vivenciar e participar nos primeiros momentos de vida do seu Recém-Nascido (RN). Neste sentido, a concretização deste RE pretende além de descrever a minha reflexão acerca do meu percurso de aprendizagem e do desenvolvimento das minhas competências, pretende responder à seguinte questão de partida: “Como é que a transição para a paternidade é afetada pela ausência do acompanhamento do pai no pós-parto?”. A Teoria de Enfermagem que sustentou e norteou o presente RE, bem como a minha prática de cuidados foi o Modelo Conceptual de Afaf Meleis, tendo em conta, o significado do conceito de transição e a problemática em estudo. No decurso do processo formativo, assim como na base de elaboração deste relatório, a metodologia usada assentou na Prática Baseada na Evidência e na Scoping Review (SR), em alinhamento com a metodologia proposta pelo Joanna Briggs Institute (JBI) (2021). Através de recurso à plataforma EBSCOhost, a pesquisa foi limitada à escolha de três bases de dados, com o intuito de mapear toda a evidência científica relevante sobre a temática. Foi aplicado um Instrumento de Recolha de Dados (IRD) a cento e seis progenitores masculinos que vivenciaram a transição para a paternidade em contexto pandémico, com o objetivo de compreender se o processo de envolvimento emocional entre o pai e o RN foi afetado pela ausência do pai no decurso do pós-parto, recorrendo para o efeito à Mother-to-Infant Bonding Scale (Taylor et al. 2005), versão Portuguesa alargada de Figueiredo et al. (2005). Os artigos resultantes da SR, evidenciam que cada vez mais os pais procuram capacitar-se enquanto cuidadores, a fim de potenciar a sua implicação no processo educativo, não só através da prestação de cuidados diretos mas também de cuidados indiretos, tais como o estabelecimento de uma relação de afetividade com o RN. Esta mudança de paradigma dota o homem não só para prestar cuidados ao RN, como também para proporcionar apoio emocional e físico à puérpera. A Mother-to-Infant Bonding Scale (Taylor et al. 2005), versão Portuguesa alargada de Figueiredo et al. (2005), reconheceu que os pais não desenvolveram ou desenvolveram pouco as emoções referentes ao “Bonding Negativo” em relação ao seu RN. A análise de conteúdo concretizada, evidencia que o EEESMO ao incentivar a presença e participação paterna no pós-parto e o pós-parto imediato, conduziu à promoção de um ambiente facilitador à transição para a paternidade. Já como obstáculo à promoção de um ambiente facilitador à transição para a paternidade no internamento, as causas são adjudicadas às restrições instituídas dada a situação pandémica.