Publication year: 2019
Ainda são escassas as evidências disponíveis na literatura sobre a segurança durante a mobilização do paciente crítico internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Objetivo:
Avaliar a segurança, descrita pela tração e remoção acidental de dispositivos implantados, ou pela ocorrência de quedas, durante a mobilização de adultos internados em UTI. Método:
Estudo de coorte prospectivo, realizado em 2018 em uma UTI adulto no Sul do Brasil. Foram incluídos, de forma consecutiva, pacientes de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos; não fizeram parte do estudo, pacientes com tempo de internação inferior a 36 horas, em condição de cuidados paliativos exclusivos, politraumatizados, sob drenagem liquórica, com doença neuromuscular, com fratura não consolidada, gestantes e pacientes em regime penal vigente. Pela manhã e à tarde, diariamente, os pacientes foram acompanhados por avaliadoras treinadas, utilizando instrumentos padronizados desenvolvidos para a pesquisa, quanto a variáveis relacionadas a (1) quadro clínico, (2) cuidados, (3) presença e condições de dispositivos implantados e (4) ocorrência de desfechos (tração ou remoção de dispositivos implantados e quedas). Foi considerada mobilização (exposição) quando o paciente sentou-se na beira do leito ou na poltrona ou deambulou, assim como o seu retorno ao leito. O poder amostral do estudo é de 90%. A análise foi procedida utilizando-se o programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS versão 20.0® e incluiu os testes t de Student, Qui-quadrado bivariado, Exato de Fisher e Mann-Whitney. Foi realizada a comparações das incidências de desfechos entre grupos (mobilizado vs não mobilizado), por meio de Modelo Linear Generalizado, com uso de regressão de Poisson ajustada para o valor de Simplified Acute Physiology Score 3. O estudo foi aprovado quanto a seus aspectos éticos e metodológicos (CAAE: 83455618.3.0000.5530). Resultados:
Foram acompanhados 551 pacientes, maioria homens, idade média de 60 anos, por 6 [3 – 12,7] dias de internação, gerando 7.839 observações. Foram observados 2.231 (28,5%) desfechos (tração ou remoção); desses, 127 foram observados no grupo mobilizado, enquanto os 2.104 ocorreram no grupo não mobilizado (15% vs 30,1%; p<0,01). Houve quatro casos de quedas, em quatro diferentes pacientes. Todos estavam sentados fora do leito. Nenhuma queda resultou em dano grave. A incidência de quedas foi de 7,2/1.000 pacientes (IC99%: 1,2 – 22,7), a incidência cumulativa de quedas foi de 5,1/10.000 observações (IC99%: 0,9 – 16), enquanto a densidade de incidência de quedas foi de 7/10.000 observações/dia (IC99%: 1,2 – 22). Conclusões:
Remoção ou tração de dispositivos invasivos e quedas são pouco incidentes em UTI e ocorrem de modo independente da mobilização dos pacientes. Conclui-se que a mobilização de pacientes críticos, seguindo-se protocolo de avaliação de condições, é segura.
Introduction:
There is still little evidence available in the literature about the mobilization of critically ill patients hospitalized in Intensive Care Unit (ICU). Objective:
To evaluate the safety, described by the traction and accidental removal of implanted devices, or by the occurrence of falls, during the mobilization of adults hospitalized in ICU. Method:
Prospective cohort study, conducted in an adult ICU in Southern Brazil in 2018. Adult patients of both sexes were consecutively included. Patients with hospitalization time shorter than 36 hours, in exclusive palliative care, polytraumatized or with unconsolidated fracture, with ventricular cerebrospinal fluid drainage, with neuromuscular disease, pregnant women, and patients in the current criminal regime were not included. Daily in the morning and afternoon, patients were monitored, using standardized instruments developed for the research, related to: (1) clinical condition, (2) care, (3) presence and conditions of devices (4) occurrence of outcomes (traction or removal of implanted devices and falls). Mobilization (exposure) was considered when the patient sat on edge of bed or in chair or walked, as well as his return to bed. The power of the study is 90%. The analysis was performed using the program Statistical Package for the Social Sciences - SPSS version 20.0® and included the tests: Student’s t, bivariate Chi-square, Fisher’s exact and Mann-Whitney. Comparisons of the incidence of outcomes between groups (mobilized vs non-mobilized) were performed using the Generalized Linear Model and Poisson regression gross and adjusted for Simplified Acute Physiology Score 3. The study was approved for its ethical and methodological aspects (CAAE: 83455618.3.0000.5530). Results:
A total of 551 patients were followed, mostly men, mean age of 60 years, for 6 [3 - 12.7] days of hospitalization, generating 7,839 observations. There were 2,231 (28.5%) outcomes (traction or removal); of these, 127 were observed in the mobilized group, while 2.104 occurred in the non-mobilized group (15% vs 30.1%, p <0.01). There were four cases of falls in four different patients. All of them were sat out of bed. Any fall resulted in serious damage. The incidence of falls was 7.2/1,000 patients (IC99%: 1,2 – 22,7), the cumulative incidence of falls was 5.1/10,000 observations (IC99%: 0.9 – 16), while the incidence density of falls was 7/10,000 observations/day (IC99%: 1.2 – 22). Conclusions:
Removal or traction of implanted devices and falls are uncommon in ICU and occur independently of patient mobilization. It is concluded that mobilization of critical patients, using a condition assessment protocol, is safe.