Percursos de cuidados para a autonomia da pessoa portadora de lesão medular no autocuidado andar – vivências da fase aguda

Publication year: 2023

A lesão medular na fase aguda exige cuidados imediatos especializados em unidades hospitalares, conduzindo a uma interrupção dos projetos de vida pessoais. Este contexto poderá agravar-se com a perda de mobilidade da pessoa e afetar a sua autonomia e independência no autocuidado andar.

Objetivo:

Compreender como percecionam as pessoas com LM na fase aguda a situação de dependência adquirida no autocuidado andar e o processo assistencial que suporta a sua independência e autonomia.

Métodos:

Estudo qualitativo de abordagem fenomenológica, com recurso a entrevistas semiestruturadas a dezasseis pessoas com LM internadas num serviço de neurocirurgia, com uma amostra do tipo intencional. As categorias criadas têm como referência o modelo conceptual de enfermagem de Dorothea Orem. A análise de conteúdo foi realizada pela metodologia de Bardin e com auxílio da ferramenta AtlasTi.

Resultados:

Os dezasseis participantes relataram vivências sobre o autocuidado andar, revelando a importância deste autocuidado durante internamento. Identificaram-se vinte categorias que se agruparam em: Requisitos Universais de Autocuidado, Fatores Condicionantes Básicos de Autocuidado, Requisitos de Autocuidado no Desvio de Saúde, Intervenções de Enfermagem e Sistemas de Enfermagem. A participação nas recomendações de reabilitação e a ativação dos três sistemas de enfermagem, com destaque para o apoio-educativo, são assumidos como elementares para a recuperação. É encontrada motivação na esperança sempre presente de recuperar. O recurso a auxiliares de marcha contribuiu para aumentar a autonomia com manifesta satisfação.

Conclusão:

Na fase aguda da LM, as pessoas identificam necessidades específicas de cuidados para dar resposta à dependência adquirida no autocuidado andar, o que leva à procura de cuidados de saúde diferenciados. As intervenções de enfermagem de reabilitação são reconhecidas como fundamentais e dão resposta às questões funcionais, proporcionando apoio em ambientes favorecedores do desenvolvimento pessoal.
Spinal cord injury acute phase requires immediate specialized care in hospital units, leading to an interruption of personal life projects. This context may worsen with the person's loss of mobility and affect their autonomy and independence in walking self-care.

Objective:

To understand how people with SCI in the acute phase perceive the situation of dependence acquired in self-care walking and the healthcare process that supports their independence and autonomy.

Methods:

Qualitative study with a phenomenological approach, using semi-structured interviews with sixteen people with SCI admitted to a neurosurgery ward, with an intentional sample. The categories created are based on Dorothea Orem's conceptual nursing model. Content analysis was performed using Bardin's methodology and the AtlasTi tool.

Results:

The sixteen participants reported walking self-care experiences, revealing the importance of this self-care during hospitalization. Twenty categories were identified and grouped into Universal Self-Care Requisites, Basic Conditioning Factors, Health- Deviation Self-Care Requisites, Nursing Interventions and Nursing Systems. Participation in rehabilitation recommendations and activation of the three nursing systems, emphasizing educational support, are assumed to be essential for recovery. Motivation is found in the ever-present hope of recovery. The use of walking aids contributed to increase autonomy with manifest satisfaction.

Conclusion:

In the acute phase of SCI, people identify specific care needs to respond to the dependency acquired in walking self-care, which leads to the search for differentiated health care. Rehabilitation nursing interventions are recognized as fundamental and respond to functional issues, providing support and environments that favour personal development.