A hospitalização de crianças menores de cinco anos e o uso de serviços da Atenção Primária em Ribeirão Preto - SP
The hospitalization of children under five years old and the use of primary care services in Ribeirão Preto - SP

Publication year: 2022

Este estudo transversal, quantitativo, que analisou a hospitalização de crianças menores de cinco anos de idade e o uso de serviços da atenção primária em município paulista. Entre julho de 2020 e julho de 2021, entrevistou-se 184 cuidadores/responsáveis de crianças hospitalizadas em dois hospitais públicos de Ribeirão Preto, SP. Aplicou-se questionário (dados sócio-demográficos da família e clínicos da criança) e Instrumento de Avaliação da Atenção Primária - Brasil, versão criança, com transferência, dos dados coletados, para a plataforma digital RedCap®. Para analisar o uso dos serviços de saúde, utilizou-se o programa IBM® SPSS® Statistics, versão 25; considerou-se nível de significância α=0,05. Na análise inferencial, construiu-se tabelas de contingências das variáveis exploratórias em relação à três desfechos: Internação por Condição Sensível à Atenção Primária (ICSAP); acometimento respiratório; ocorrência dos atributos essenciais da atenção primária à saúde (APS). O Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP aprovou a pesquisa. No período, identificou-se 184 hospitalizações, 102 (55,4%) eram por condições não sensíveis à APS; 82 (44,6%) eram ICSAP. Das ICSAP, houve maior frequência para doenças do aparelho respiratório (52; 28,3%). Mais de 80% das famílias estão acima da linha da pobreza; contudo, cerca de dois terços recebem benefício social. Quase metade das crianças internadas com menos de um ano de vida; mais de 80% nasceram a termo, com peso adequado e sugaram seio materno. Pouco mais de um terço das crianças possui condição crônica de saúde e tem hospitalização anterior; menos de 10% delas é dependente de tecnologia em saúde; quase um terço faz uso contínuo de medicamentos. Mais de três quartos das crianças do estudo têm calendário vacinal atualizado. Verificou-se associação entre o Escore Essencial da APS e a etnia e a criança fazer uso de alguma tecnologia para o cuidado em saúde. O desfecho ICSAP teve associação com renda familiar, moradia e a Integralidade (Serviços Disponíveis e Serviços Prestados). Houve associação entre o desfecho ICSAP por doença respiratória e a renda familiar e a mãe residir com o companheiro. Os aspectos sociodemográficos se reafirmaram como relevantes quando se tornam vulnerabilidades para que a criança tenha desfechos desfavoráveis em sua saúde. Assim, considerá-los nas consultas e nas visitas domiciliares pode potencializar planos de cuidados individualizados, e promover resultados favoráveis. O estudo contribui ao destacar fatores que demonstraram concorrer para o desfecho ICSAP. Variáveis sociodemográficas, condições clínicas da criança e experiências positivas de atributos na APS são elementos que podem ser incorporados na abordagem cotidiana dos profissionais que atendem a população infantil na atenção primária
This cross-sectional, quantitative study analyzed the hospitalization of children under five years of age and the use of primary care services in a city in São Paulo. Between July 2020 and July 2021, 184 caregivers/guardians of children hospitalized in two public hospitals in Ribeirão Preto, SP, were interviewed. We applied a questionnaire (socio-demographic family and clinical data of the child) and the Primary Care Assessment Tool - Brazil, child version; all data were transferred to the RedCap® digital platform. In order to analyze the use of health services, the IBM® SPSS® Statistics program, version 25, was used; considering a significance level of α=0.05. In the inferential analysis, contingency tables of exploratory variables were built in relation to three outcomes: Hospitalization for Ambulatory Care Sensitive Condition (ACSC); respiratory impairment; occurrence of essential attributes of Primary Health Care (PHC). The Research Ethics Committee of the College of Nursing at Ribeirão Preto - University of São Paulo approved the research. During the period, 184 hospitalizations were identified, 102 (55.4%) were for conditions not sensitive to PHC; 82 (44.6%) were ACSC. Among the ACSC, there was a higher frequency for respiratory system diseases (52; 28.3%). More than 80% of families are above the poverty line; however, about two-thirds receive social benefits. Almost half of hospitalized children are under one year of age; more than 80% were born at term, with adequate weight and were breastfeeding. Just over a third of children have a chronic health condition and have been previously hospitalized; less than 10% of them are dependent on health technology; almost a third make continuous use of medication. More than three quarters of the children in the study have an up-to-date vaccination schedule. There was an association between the PHC Essential Score and ethnicity and the child using some technology for healthcare. The ACSC outcome was associated with family income, housing and Integrality attribute (Available Services and Services Provided). There was an association between the ACSC outcome for respiratory disease and family income and the mother living with her partner. The sociodemographic aspects were reaffirmed as relevant when they become vulnerabilities for the child to have unfavorable health outcomes. Thus, considering them in consultations and home visits can enhance individualized care plans and promote favorable results. The study contributes by highlighting factors that have been shown to contribute to the ACSC outcome. Sociodemographic variables, clinical conditions of the child and positive experiences of attributes in PHC are elements that can be incorporated into the daily approach of professionals who serve the child population in primary care