Publication year: 2022
Enquadramento:
Literacia em saúde mental (LSM) é definida como as ?as crenças e conhecimentos acerca dos problemas e perturbações mentais que permitem o seu reconhecimento, gestão e prevenção? no quotidiano (Jorm, 2000). Níveis elevados de LSM permitem o reconhecimento das perturbações mentais e podem promover a procura de ajuda em saúde mental. Os enfermeiros são agentes importantes neste processo, por isso é essencial conhecer o seu nível de LSM, sendo que os que trabalham em serviço de urgência (SU), exercem atividade em ambientes complexos que estão ligados a riscos psicossociais. Simultaneamente tem sido referido que se observam níveis elevados de sintomatologia depressiva nos enfermeiros portugueses
(Sampaio et al., 2020).
Objetivo:
O objetivo deste estudo é avaliar o nível de LSM acerca da depressão, a partir de uma amostra de enfermeiros que trabalham em SU do Centro Hospitalar de Leiria (CHL).
Metodologia:
Trata-se de um estudo quantitativo de nível I, descritivo-exploratório recorrendo a uma amostra não probabilística intencional composta por enfermeiros que trabalham em SU do CHL (n=136). Foi aplicado o QuALiSMental na versão validada para a população portuguesa (Loureiro, 2015) na versão para a depressão incluindo ainda, o Inventário de Crenças sobre os Psicofármacos e a versão breve do Inventário de Crenças de Doença Mental (Loureiro, 2008)
Resultados: Dos enfermeiros da amostra, 91,9% assinalam o rótulo depressão, sendo que 77,9% referiram intenção de procura de ajuda em saúde mental numa situação idêntica à descrita na vinheta. O psicólogo e o psiquiatra são os profissionais mais uteis seguido do enfermeiro e a toma de antidepressivo como um psicofármaco benéfico. As estratégias de autoajuda mais eficazes identificadas são a ajuda especializada em saúde mental, prática de exercício físico e o relaxamento. Os enfermeiros mostram competências para prestar a primeira ajuda em saúde mental mas com necessidade de melhoria de conhecimento a nível das tendências suicidas. Mostram conhecimentos de como prevenir as doenças mentais mas com espaço para melhoria deste conhecimento. Os participantes acreditam mais nos efeitos positivos dos psicofármacos, na reabilitação psicossocial dos doentes mas também creem na incurabilidade da doença mental.
Conclusão:
Os enfermeiros têm níveis satisfatórios de LSM acerca da depressão com necessidades formativas identificadas. É necessário desenvolver programas de LSM dirigidos a enfermeiros que trabalham em SU.