Controlo da dor e medo em crianças submetidas a punção venosa: preferências e efetividade

Publication year: 2023

Enquadramento:

A punção venosa (PV) é um dos procedimentos rotineiros realizados pelos enfermeiros potencialmente geradores de dor e associado ao medo, stresse e ansiedade. Trata-se de um procedimento documentado como dos mais temidos pelas crianças e para prevenir a sua dor é recomendada a utilização de intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Neste contexto, existem várias opções eficazes para a prevenção da dor, contudo, a sua aceitação (tempo de espera e eficácia) ainda encontra barreiras à sua utilização.

Objetivo:

identificar a estratégia de controlo da dor preferida pela criança; comparar a eficácia analgésica das estratégias de controlo da dor entre as crianças que escolheram e não escolheram a estratégia de controlo da dor.

Metodologia:

Estudo randomizado controlado envolvendo 31 crianças, do grupo etário dos 6 aos 10 anos, do departamento de ambulatório da consulta externa de medicina e hospital de dia de hemato-oncologia - de um Hospital Pediátrico.

O processo de amostragem foi aleatório em dois grupos:

Grupo de Intervenção (GI) - possibilidade de escolher o método de prevenção da dor e Grupo de Controlo (GC) - método de prevenção atribuído de forma aleatória. Foram utilizadas quatro intervenções de prevenção da dor e avaliado o medo antes da punção venosa, e a dor da criança, antes e depois do procedimento. Os dados foram colhidos dados através de um questionário com dados sociodemográficos e clínicos das crianças, quantificação do medo através da Children's Fear Scale (CFS) e da dor com recurso à Escala Visual Analógica (EVA).

Resultados:

Os resultados mostraram que o método de alívio de dor preferido das crianças foi o Eutectic Mixture of local Anesthetics (EMLA®), escolhido 11(22,6%) vezes seguindo-se o telemóvel/tablet 9 (16,1%) e o Cloreto de Etilo 8 (12,9%). Em nenhum grupo foi referida redução da dor após a intervenção. Apesar de no GI a dor ter sido menor após a intervenção, este valor não é estatisticamente significativo.

Conclusão:

A falta consenso nesta área, torna imperativo refletir sobre as práticas de prevenção da dor em pediatria. Relativamente à possibilidade de escolha do método de alívio de dor ficou demonstrado que no GI apesar de a dor ter sido menor, após a intervenção, comparativamente com as crianças do GC, este valor não é estatisticamente significativo. No entanto, considerando que a dor foi menor no GI, todas as crianças deveriam beneficiar da oportunidade de escolha da técnica de prevenção da dor. Neste sentido, seria pertinente, dar continuidade a esta investigação, alargando o tamanho da amostra e explorar as razões da não eficácia preventiva das intervenções.