Impacto do nascimento de um irmão prematuro na vida quotidiana de crianças em idade pré-escolar

Publication year: 2023

Enquadramento:

O nascimento e internamento numa unidade de neonatologia é um grande desafio e pode causar impacto no prematuro e na sua família, nomeadamente nos irmãos.

Objetivos:

Analisar o impacto do nascimento e internamento do recém-nascido prematuro no desenvolvimento, atividades de vida diária e regulação emocional dos irmãos em idade pré-escolar, durante o internamento; analisar a representação e aceitação do prematuro por esses irmãos; analisar as preocupações, desejos e necessidades expressas por esses irmãos; analisar os cuidados de preparação e envolvimento pelos pais desses irmãos antes do nascimento do prematuro; analisar a atenção da família e profissionais da unidade a esses irmãos após o nascimento do prematuro e explorar relações relevantes entre as variáveis estudadas.

Metodologia:

Estudo quantitativo, descritivo, com análise correlacional, de natureza exploratória, com uma amostra de 26 crianças em idade pré-escolar. Dados obtidos através de uma entrevista às mães e/ou cuidadores principais de prematuros internados, há pelo menos 7 dias numa unidade de neonatologia. As entrevistas presenciais na sua maioria e, excecionalmente, por telefone.

Resultados:

Os domínios e itens em que se identificou maior impacto na vida quotidiana foram nas atividades relacionadas com o adormecer, seguidas das atividades relacionadas com a alimentação. Quanto à regulação emocional, observa-se impacto negativo, com manifestações de ansiedade, mas também casos de impacto positivo, embora em menor número. Quanto à regulação do sono, observam-se situações de impacto positivo e de impacto negativo, na mesma proporção. Quanto à representação e aceitação do prematuro, a maioria dos irmãos descrevem o prematuro com expressões positivas. As preocupações expressas traduzem especialmente preocupações com o prematuro, sobre quando o mesmo vai para casa. As necessidades e desejos expressos traduzem sobretudo o desejo de ver o prematuro (88,5%). Todos os irmãos foram informados e envolvidos na gravidez pelos pais. Todavia, só 15,4% teve contato com o irmão prematuro, após o nascimento.

Conclusão:

Os resultados relevam o papel do enfermeiro em neonatologia no cuidar da família, como unidade de cuidados, como agente facilitador durante todo o processo, com enfoque nas dimensões em que o impacto do nascimento e internamento do prematuro se manifesta mais negativo nos irmãos em idade pré-escolar. Nesse sentido, é importante reconhecer as suas necessidades, desejos e preocupações.