Representações sociais da qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV: consensos e dissensos em municípios de médio e grande porte do Estado do Rio de Janeiro
Publication year: 2021
Este estudo objetivou analisar as semelhanças e diferenças das representações sociais da qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV, observadas em municípios de médio e grande porte do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem qualitativa, apoiado na Teoria de Representações Sociais, a partir da abordagem processual. Participaram do estudo 68 pessoas vivendo com HIV, sendo 34 de munícipio de grande porte (Rio de Janeiro) e 34 dos munícipios de médio porte (17 de Macaé e 17 de Rio das Ostras). A coleta de dados foi realizada com um questionário de caracterização socioeconômica e clínica dos participantes e um roteiro de entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados pelos softwares SPSS e Iramuteq de análise lexical. Na análise do grupo geral foi identificada a multidimensionalidade da qualidade de vida, com conteúdos representacionais relacionados ao processo saúde-doença e construções simbólicas referentes às memórias construídas em torno do HIV. Os consensos observados nos dois grupos de médio e grande porte referem-se a importância do programa nacional de combate ao HIV/Aids e a atuação da equipe multiprofissional, às relações familiares e sociais e a permanência do preconceito e do estigma voltados as pessoas vivendo com HIV. A especificidade dos municípios de médio porte refere-se aos conhecimentos acerca da doença, ao processo de adaptação do uso da TARV, às práticas sexuais e aos sentimentos relacionados ao apoio social e familiar. A qualidade de vida para esse grupo é concebida como expressão horizontal, perpassando os campos do convívio cotidiano. A especificidade do município de grande porte é observada nos elementos constitutivos da qualidade de vida afeitos aos hábitos de vida saudável, atividade física, trabalho, família e a normalização da vida cotidiana. Conclui-se que foram observadas diferenças nos conteúdos das representações sociais da qualidade de vida nos dois grupos analisados, remetendo a construções culturais e sócio históricas típicas dos modos de vida e das relações interpessoais. Esse achado aponta para a adoção de estilos de vida voltados a busca de uma melhor qualidade de vida no município de grande porte, e a manutenção de valores conservadores no que se refere aos modos de viver nos municípios de médio porte. Estes resultados poderão possibilitar aos profissionais de saúde e aos enfermeiros a compreensão dos sentidos atribuídos à qualidade de vida e suas implicações para as práticas de cuidados de saúde.
This study aims to analyze the similarities and differences in the social representations of the quality of life of people living with HIV, observed in medium and large cities in the State of Rio de Janeiro. This is a descriptive, cross-sectional study with a qualitative approach, supported by the Theory of Social Representations, based on the procedural approach. A total of 68 people living with HIV participated in the study, 34 from large cities (Rio de Janeiro) and 34 from medium-sized cities (17 from Macaé and 17 from Rio das Ostras). Data collection was carried out with a questionnaire of socioeconomic and clinical characterization of the participants and a semi-structured interview. Data analysis was performed using the SPSS and Iramuteq lexical analysis software. In the analysis of the general group, the multidimensionality of quality of life was identified, with representational content related to the health-disease process and symbolic constructions referring to the memories built around HIV. The consensus observed in the two medium and large groups refers to the importance of the national program to combat HIV/Aids and the performance of the multi-professional team, to family and social relationships and the permanence of prejudice and stigma towards people living with HIV. The specificity of medium-sized municipalities refers to knowledge about the disease, the process of adapting the use of antiretroviral, sexual practices and feelings related to social and family support. The quality of life for this group is conceived as a horizontal expression, permeating the fields of daily living. The specificity of the large municipality are observed in the constituent elements of quality of life, related to healthy living habits, physical activity, work, family and the normalization of daily life. It is concluded that differences in the contents of the social representations of quality of life were observed in the two groups analyzed, referring to cultural and socio-historical constructions typical of the ways of life and interpersonal relationships. This finding points to the adoption of lifestyles aimed at the search for a better quality of life in the large municipality, and the maintenance of conservative values regarding the ways of living in medium-sized municipalities. These results may enable health professionals and nurses to understand the meanings attributed to quality of life and its implications for health care practices.