Vivências dos enfermeiros no cuidado à pessoa em fim de vida no serviço de urgência
Publication year: 2024
O Serviço de Urgência (SU) é direcionado para o doente crítico, com necessidade de estabilização emergente, estando subjacente o cuidado emergente. Mas não são só estes doentes que procuram este serviço, também os doentes em fim de vida com necessidades de cuidados paliativos (CP) entram na porta do SU, sendo necessário que os enfermeiros(as) que lá exercem possam dar uma resposta efetiva neste âmbito. Daí ser fulcral colocar ênfase à investigação de forma a refletir nas estratégias de intervenção mais adequadas a estas pessoas.
Objetivo:
Analisar as vivências dos enfermeiros no cuidado à pessoa em fim de vida (PFV), no SU.Metodologia:
Estudo qualitativo. A recolha de dados foi realizada com recurso a uma entrevista semiestruturada a um grupo focal de sete enfermeiros participantes no estudo, de uma Unidade Local de Saúde (ULS) do Norte de Portugal, durante a primeira semana do mês de abril de 2023.Resultados:
Os enfermeiros (as) atribuem o conceito de PFV a uma doença incurável com pouco tempo de vida. Ao conceito de CP associam a promoção de conforto e bem-estar ao doente, a promoção do bem-estar da família, os cuidados promotores de dignidade. Os sentimentos negativos vivenciados pelos enfermeiros expressam sentimentos negativos (frustração) e emoções negativas, como a tristeza, raiva e revolta. As principais intervenções destes enfermeiros dirigidas à PFV enquadram-se no paradigma paliativo como alívio dos sintomas, apoio ao doente e à sua família e proporcionar medidas de conforto. Consideram intervenções fundamentais dirigidas à PFV, o conforto físico e psicológico, dando-se ainda enfâse ao toque. Apontam para a adoção de medidas terapêuticas centradas na abordagem curativa com a formatação e formação recebida e a pressão da família. Foi possível distinguir nas dificuldades a “Sobrecarga de trabalho”, “Dificuldades de apoio ao nível da instituição”, “Dificuldades ao nível dos recursos”. Por sua vez, de entre as necessidades sentidas emergiram a “Necessidade de uma estrutura física adequada”, “Necessidade de melhoria ao nível organizacional”. Todos foram unânimes em salientar a falta da dignidade para a PFV no SU, por razões físicas/estruturais e por défice de formação. Como estratégias de melhoria, os enfermeiros propõem: o investimento nas equipas multidisciplinares, a melhoria da estrutura física e a uniformização de procedimentos na abordagem da PFV.Conclusão:
Os resultados apontam para um leque de dificuldades associadas às vivências dos enfermeiros no cuidado à PFV, contudo também emergem estratégias de melhoria. Devem ser promovidas estratégias organizacionais e individuais. Um exemplo seria a formação/ promoção de atividades de melhoria das estratégias de coping, visando facilitar a gestão dos sentimentos e emoções por parte dos enfermeiros. Das várias medidas propostas destaca-se a criação de uma rede de urgência de CP.
The Emergency Service (ES) is geared towards critically ill patients in need of emergent stabilization, with emergent care as its underlying principle. But it's not only these patients who come to this service. End-of-life patients in need of palliative care (PC) also enter the ES, and nurses working in these services need to provide an effective response in this area. That's why it's crucial to put the emphasis on research in order to reflect on the most appropriate intervention strategies for these people.