Emergências em cuidados paliativos – variáveis de contexto no ato de paliar

Publication year: 2024

Emergências Clínicas em Cuidados Paliativos, são todas as circunstâncias que colocam a pessoa em necessidade de ser paliado, ou seja, conjunto de procedimentos, inserido no contexto e conceito de ato de enfermagem (Regulamento n.º 613/2022, de 8 de julho), e que diz respeito a todas as interações autónomas ou interdependentes, em contexto de Cuidados Paliativos. A análise da tipologia destas ocorrências, é pertinente para a equipa de saúde em geral, e para a enfermagem em particular, no sentido de reconhecer a profundidade de Cuidados Paliativos necessários, duração de internamentos e necessidade de recursos em geral.

Objetivos:

Analisar a incidência da tipologia de Emergências em Cuidados Paliativos e conhecer as variáveis sociodemográficas, clínicas e de contexto cuidativo, que determinam esses episódios.

Metodologia:

Estudo retrospetivo, transversal, quantitativo e descritivo, a partir da recolha de dados em processos clínicos, através do “Inventário das variáveis de contexto no ato de paliar, em Emergências em Cuidados Paliativos” (Rodrigues, M. J. B. & Veiga- Branco, M. A. R., 2023), relativos a uma amostra de 360 episódios de internamento na UCP da ULSNE, na janela temporal entre janeiro a dezembro de 2021. A recolha revela episódios relativos a 286 pessoas internadas, maioritariamente do sexo masculino (N=223), e idade média de 75,3 anos, que devido à recorrência de internamentos equivale a 360 episódios. Residem, geralmente, em domicílio próprio, no concelho de Bragança. Os filhos são, normalmente, a pessoa de referência.

Resultados:

Relativamente à tipologia de Emergências em CP, verificou-se que as mais incidentes são as exéreses hemorrágicas (n=40) e dellirium (n=17), e o menos incidente é o Síndrome da Veia Cava Superior (n=1). Relativamente às variáveis clínicas – diagnose e metastização - verificou-se que são prevalentes, a neoplasia maligna do intestino (n=48), a neoplasia maligna do pâncreas, fígado e vias biliares (n=37) e ainda a neoplasia da próstata (n=33), e, a presença de metástases pulmonares (n=48), hepáticas (n=46) e/ou ganglionares (n=32) foram as mais frequentemente verificadas.

As variáveis de contexto cuidativo prevalentes foram:

(1) internamentos (+/-10 dias) para controlo sintomático da dor (n=53), e internamentos recorrentes. O Palliative Performance Score (PPS%) aquando da admissão foi, em média, de 30%, e, de 25% aquando da alta. No que respeita à alta clínica, foi verificado que 55,4% (n=93) dos internados, foram para o domicílio e 41 utentes, foram para Unidades de Cuidados Continuados (UCC). Durante a colheita de dados, 19,9% dos casos não tinha falecido.

Conclusão:

Os episódios hemorrágicos foram a tipologia de Emergência Clínica Paliativa mais frequente. E os refentes com metástases pulmonares/mediastínicas, com presença de traqueostomias ou nefrostomias, ou aqueles em situação de últimos dias de vida têm maior probabilidade de desenvolver situações de Emergências Clínicas Paliativas.
Clinical Emergencies in Palliative Care encompass all circumstances that require palliative care for the patient, meaning a set of procedures within the context and concept of nursing care (Regulation No. 613/2022, July 8), related to all autonomous or interdependent interactions in the context of Palliative Care. Analyzing the typology of these occurrences is essential for the healthcare team in general, and particularly for nursing, to recognize the depth of required Palliative Care, the duration of hospitalizations, and the need for resources in general.

Objectives:

To analyze the incidence of the typology of Emergencies in Palliative Care and understand the sociodemographic, clinical, and care context variables that determine these episodes.

Methodology:

A retrospective, cross-sectional, quantitative, and descriptive study was conducted by collecting data from clinical records using the "Inventory of context variables in the act of palliating in Palliative Care Emergencies" (Rodrigues, M. J. B. & Veiga-Branco, M. A. R., 2023). The data were related to a sample of 360 hospitalization episodes in the Palliative Care Unit (UCP) of ULSNE, within the time frame from January to December 2021. The data collection included episodes involving 286 hospitalized patients, mostly male (N=223), with an average age of 75.3 years. Due to the recurrence of hospitalizations, this equates to 360 episodes. These patients generally reside in their own homes in the Bragança municipality, with their children typically being the primary caregivers.

Results:

Regarding the typology of Emergencies in Palliative Care, the most common were hemorrhagic exeresis (n=40) and dellirium (n=17), while Superior Vena Cava Syndrome was the least common (n=1). Concerning clinical variables, malignant intestinal neoplasia (n=48), malignant pancreatic, hepatic, and biliary neoplasms (n=37), and prostate neoplasia (n=33) were prevalent, along with the presence of pulmonary (n=48), hepatic (n=46), and/or nodal (n=32) metastases. Prevalent care context variables included hospitalizations (+/-10 days) for symptomatic pain control (n=53) and recurrent hospitalizations. The Palliative Performance Score (PPS%) at admission averaged 30% and 25% at discharge. Regarding clinical discharge, it was found that 55.4% (n=93) of the patients were discharged to their homes, and 41 patients were transferred to Units of Continuous Care (UCC). During the data collection, 19.9% of cases had not yet deceased.

Conclusion:

Hemorrhagic episodes were the most common type of Clinical Palliative Emergency. Patients with pulmonary/mediastinal metastases, tracheostomies or nephrostomies, or those in their last days of life have a higher probability of developing Clinical Palliative Emergencies.