Resiliência e autocuidado em diabetes na pandemia de COVID-19 no Brasil
Resilience and self care in the COVID-19 pandemic in Brazil
Publication year: 2022
As pessoas com diabetes mellitus, que convivem com uma doença crônica não transmissível, têm maiores chances de serem atingidas fatalmente pela COVID-19, necessitando de maior atenção nesse período pandêmico. O isolamento e distanciamento social, impuseram ajustes no estilo de vida e nos comportamentos de autocuidado para o enfrentamento e o seu sucesso está intimamente ligado aos níveis de resiliência. Este estudo buscou analisar a resiliência e autocuidado de brasileiros com diabetes mellitus na pandemia por COVID-19. Realizou-se uma web survey exploratória no Brasil, denominada DIABETESvid de setembro a outubro de 2020, período em que as restrições sociais estavam sendo flexibilizadas em algumas regiões do Brasil, sem previsão de disponibilidade de vacinas para toda a população brasileira. Participaram do estudo 1475 adultos que responderam o questionário completo por meio de um link, residentes no Brasil com o diagnóstico de DM. O questionário foi elaborado por especialistas com as variáveis sociodemograficas, clínicas, resiliência avaliada pelo CD-RISC 10 e autocuidado pelo QAD. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa. Os dados foram coletados pelo REDCap e foram importados para o Excel e analisados no software Statistics versão 13.0 por meio de estatística descritiva, teste ANOVA, com nível de significância de 0,05. A maioria dos adultos era da região Sudeste do país (67,25%), do sexo feminino (67,66%), com pós-graduação (31,39%) e plano de saúde (70,44%). A média de idade foi de 43,02 anos (DP=15,90), variando entre 18 a 87 anos, em que 42,92% ficaram alocados na faixa de 35 a 59 anos. A média de resiliência encontrada foi de 25,40 (DP=7,66), e a maior média de resiliência entre homens (27,36, DP=27,36). A região do país que apresentou maior média de resiliência foi a Norte (26,95, DP=7,98) e a menor média, a Sul (24,14, DP=7,65). A maioria possuía DM1 (50,92%), recebeu o diagnóstico de COVID-19 (8,75%), com 1 a 10 anos de diagnóstico de DM (41,83%), não perceberam mudanças no controle do DM (44,47%), não consumiam bebida alcoólica (53,83%) e seguiram medidas de restrição de contato, saindo de casa apenas para compras no supermercado e na farmácia (45,02%). Apenas 32,75% das pessoas com DM tiveram acesso a algum profissional da saúde por meio da Telemedicina e 98,71% das pessoas afirmaram fazer uso de medicamento para o tratamento de DM. A adesão ao autocuidado do diabetes foi maior para uso de medicamentos e consumo de dieta saudável, mas foi menor para monitoramento glicêmico, atividade física e exame dos pés, achados frequentemente relatados antes da pandemia. No entanto, obtivemos uma média menor de resiliência quando comparada a estudos realizados no Brasil antes da pandemia semelhantes a pacientes psiquiátricos ambulatoriais. Desta forma, a resiliência e autocuidado podem variar pelo contexto da coleta, se considerarmos as respostas dadas durante a pandemia, em que muitos fatores adversos estavam presentes. Assim, a resiliência é pensada como uma lacuna de conhecimento a ser explorada, pois mesmo após a vacinação, os indivíduos diabéticos ainda podem enfrentar muitas dificuldades que necessitam ser investigadas
People with diabetes mellitus, who live with a chronic non-communicable disease, are more likely to be fatally affected by COVID-19, requiring greater attention in this pandemic period. Isolation and social distancing have imposed adjustments in lifestyle and self-care behaviors for coping, and their success is closely linked to levels of resilience. This study sought to analyze the resilience and self-care of Brazilians with diabetes mellitus in the COVID-19 pandemic. An exploratory web survey was carried out in Brazil, called DIABETESvid, from September to October 2020, a period in which social restrictions were being relaxed in some regions of Brazil, with no forecast of vaccine available for the entire Brazilian population. A total of 1475 adults living in Brazil with a diagnosis of DM participated in the study, answering the complete questionnaire using a link.