Publication year: 2023
A área de enfermagem de saúde familiar pretende dar resposta às necessidades em saúde das famílias, tendo em conta as exigências e especificidades do seu desenvolvimento ao longo do ciclo vital e nas suas transições. As famílias com adolescentes encontram-se a vivenciar uma transição desenvolvimental, com repercussões no quotidiano das famílias e que requer uma restruturação da dinâmica familiar, com a reformulação de papéis por parte dos seus membros e consequente ajuste nas relações intrafamiliares.
Objetivos:
Evidenciar as competências comuns e específicas adquiridas na área de enfermagem de saúde familiar durante as atividades clínicas e apresentar um estudo de investigação que emergiu da prática clínica, relativamente às necessidades das famílias com adolescentes, no que concerne às suas relações e interações entre os membros da família.
Metodologia:
Na atividade clínica foram descritas as atividades desenvolvidas para a aquisição e desenvolvimento de competências na prestação de cuidados especializados às famílias; na atividade de investigação foi desenvolvido um estudo transversal, descritivo, predominantemente quantitativo. A população acessível foi constituída por 50 famílias com adolescentes entre os 10 e os 13 anos inscritas numa Unidade de Saúde Familiar que cumpriram os critérios de inclusão. A recolha de dados foi realizada através de entrevista com suporte num questionário baseado na matriz operativa do Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar com duas questões de resposta aberta dirigidas à família e aplicação de instrumentos de avaliação familiar (Graffar, FACES II e Apgar Familiar).
Resultados:
O recurso a referenciais teóricos e operativos foi essencial permitindo identificar com as famílias os seus pontos fortes e as suas necessidades sensíveis aos cuidados de enfermagem; os resultados do estudo empírico evidenciaram a Relação Dinâmica e o Coping Familiar como as áreas de atenção com maior potencialidade e a Comunicação Familiar como área com maior fragilidade. Na perceção das famílias possuem mais aspetos facilitadores do que dificuldades na interação entre os seus membros, destacando-se o padrão de interação como o aspeto facilitador mais identificado e a comunicação circular como a dificuldade mais referida.
Conclusão:
As atividades clínicas possibilitaram o desenvolvimento de competências comuns e específicas inerentes ao Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária-área de Enfermagem de Saúde Familiar; a identificação das necessidades de cuidados de enfermagem nas famílias com adolescentes a nível do funcionamento familiar (comunicação, fragilidades/fraquezas e padrão de interação), poderá contribuir para a implementação de melhores práticas na área da enfermagem de saúde familiar.