Cultura de Segurança do Doente em Unidades com Procedimentos Anestésicos Fora do Bloco Operatório

Publication year: 2023

A segurança do doente é um direito elementar em saúde, sendo fundamental a sua avaliação para direcionar intervenções de melhoria e monitorizar a sua evolução. Os cuidados anestésicos fora do bloco operatório (BO) têm aumentado significativamente o que justifica a pertinência do tema e, neste sentido, a presente investigação pretendeu caracterizar a cultura de segurança do doente percepcionada pelos profissionais; identificar os pontos fortes da cultura de segurança do doente e as suas oportunidades de melhoria. Desenvolveu-se um estudo de natureza quantitativa, descritivo, correlacional, assente em alguns pressupostos do estudo de caso. A amostra foi constituída por 56 profissionais de saúde (22 enfermeiros, 11 médicos anestesiologistas e 23 não anestesiologistas), que trabalhavam em locais onde se realizam procedimentos anestésicos fora do BO, nomeadamente unidades de Braquiterapia, Gastrenterologia, Ginecologia e Pneumologia. O instrumento de recolha de dados foi constituído por um questionário para caracterização sociodemográfica e profissional e por um Questionário de Avaliação da Cultura de Segurança do Doente - versão portuguesa. Foram cumpridos todos os pressupostos éticos. A avaliação efetuada da escala traduziu-se num percentual de respostas positivas de 67,4%. Analisando as 12 dimensões que compõem a escala, que se podem agrupar nos domínios: Hospital, Unidade e Doente; as dimensões ?Apoio à segurança do doente pela gestão?, ?Dotação de profissionais? e ?Frequência da notificação?, foram as identificadas como necessitando de intervenção mais prioritária nos respetivos domínios. Identificámos como ponto forte, no domínio da Unidade, o ?Trabalho em Equipa?. Ao relacionar a percepção da cultura de segurança com variáveis sociodemográficas e profissionais, encontraram-se diferenças estatisticamente significativas entre a cultura de segurança e anos de profissão. Ao perceber as fragilidades e consequentemente as áreas que carecem de maior atenção no domínio da cultura de segurança do doente, entendemos que envolver a equipa multidisciplinar nas estratégias de melhoria equacionadas, dotar os serviços de profissionais considerando os limites mínimos atribuídos para a segurança do doente, e construir uma cultura não punitiva face ao erro, parecem ser intervenções que podem fazer diferença para uma melhoria efetiva da cultura de segurança do doente nos locais onde se realizam procedimentos com recurso a anestesia fora do BO.