A contação de histórias como tecnologia de cuidado à criança hospitalizada sob a ótica de enfermeiros

Publication year: 2018

Trata-se de um estudo sobre o cuidado à criança hospitalizada, utilizando a contação de histórias infantis como tecnologia sob a ótica de enfermeiros. O cuidar em enfermagem no contexto hospitalar integra um conjunto de saberes e práticas de diferentes complexidades. Na área infantil, além de conhecimentos específicos para assegurar a qualidade da assistência, são necessárias habilidades que permitam que a criança e a família sintam-se participantes do processo de cuidado e isto está relacionado, dentre outras questões, à qualidade da informação disponibilizada durante o encontro terapêutico. Além disso, a hospitalização infantil se configura como um ambiente cujas práticas de cuidado são excessivamente curativas e dependentes de tecnologias duras e leve-duras, ou seja, instrumentos e ferramentas que necessitam de uma gama de conhecimentos especializados e complexos para serem utilizados. Há também as tecnologias leves, as quais emergem do espaço de encontro entre profissional e usuário, e repercutem na produção de cuidado que valoriza as pessoas, constrói vínculos e torna os usuários dos serviços protagonistas do seu cuidado. Assim sendo, nesta pesquisa teve-se o objetivo de analisar a contação de histórias infantis como tecnologia de cuidado em saúde infantil sob a ótica de enfermeiros. O caminho metodológico deste estudo caracteriza-se como qualitativo, descritivo e exploratório, tendo como desenho de pesquisa o estudo de caso. A coleta de dados ocorreu no Hospital Universitário Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão no período de setembro de 2017 a março de 2018. Os participantes da pesquisa foram 17 enfermeiros assistenciais que desenvolviam suas atividades nas unidades de internação pediátrica e na unidade de terapia intensiva pediátrica e foram os responsáveis por contarem as histórias para as crianças. Os dados foram coletados por meio de observação não participante, registros dos prontuários das crianças e entrevistas. O protocolo de pesquisa respeitou todos os preceitos da Resolução 466/2012 e obteve aprovação sob o número 2.295.950. A análise dos dados deu-se por meio da técnica da análise de conteúdo.

Como resultados emergiram as seguintes categorias:

A contação de histórias: implicações sobre o fazer dos enfermeiros, cujas evidências mostraram um entendimento sobre quais critérios são importantes no planejamento da contação de histórias e sobre a técnica da contação; Características evidenciadas pelos enfermeiros na contação de histórias, que destacou as estratégias utilizadas nas contações, particularidades, dificuldades, facilidades e limites; e Repercussões da contação de histórias como tecnologia de cuidado, a qual aponta importantes contribuições da contação de histórias para o aprimoramento profissional. Nas considerações finais do estudo foi possível identificar que a contação de histórias, sob a ótica dos enfermeiros, foi entendida como tecnologia de cuidado, pois necessitou da reunião de saberes e organização do processo de trabalho para que pudesse ser operacionalizada. A temática das histórias e a linguagem são adequadas ao contexto hospitalar e de fácil entendimento aos profissionais e às crianças. O contar histórias foi uma atividade capaz de colaborar na terapêutica da criança hospitalizada, com ênfase nas práticas de cuidado de enfermagem e na valorização das demandas infantis, à medida que construiu vínculo, permitiu o brincar, o educar, o cuidar e também estimulou o aprimoramento profissional dos participantes.
This is a study about hospitalized child care using nursery storytelling as a technology from the perspective of nurses. The nursing care in the hospital context integrates a set of knowledges and practices of different complexities. In the children’s area, in addition to specific knowledge to assure the quality of care, skills are necessary to enable the child and the family to feel involved in the care process and this is related, among other things, to the quality of the information made available during the therapeutic meeting. In addition, child hospitalization is an environment whose care practices are overly curative and dependent on hard and light-hard technologies, ie instruments and tools, which require a range of specialized and complex knowledge to be used. There are also light technologies, which emerge from the space between professional and user, and it impacts on the production of care that values people, builds links and makes users of services the protagonists of their care. Therefore, this research had as objective to analyze the count of children’s stories as technology of care in children’s health from the point of view of nurses. The methodological path of this study is characterized as qualitative, descriptive and exploratory, having as a research design the case study. Data collection took place at the Maternal-Child University Hospital of the Federal University of Maranhão in the period from September 2017 to March 2018. Participants in the survey were 17 care nurses who performed their activities at the pediatric inpatient units and in the pediatric intensive care unit and were responsible for telling the stories to the children. Data were collected through non-participant observation, records of the children’s records and interviews. The research protocol complied with all the provisions of Resolution 466/2012 and obtained approval under number 2.295.950. Data analysis was done using the technique of content analysis. As a result, the following categories emerged: Storytelling: Implications about nurses’ doings, whose evidence showed an understanding of what criteria are important in storytelling planning and counting technique, Characteristics evidenced by nurses in counting histories, which highlighted the strategies used in the counts, particularities, difficulties, facilities and limits, and Repercussions of storytelling as a technology of care, which points out important contributions of storytelling to professional improvement. In the final considerations of the study it was possible to identify that the storytelling from nurses’ point of view was understood as a care technology, since it required the meeting of knowledge and organization of the work process so that it could be operationalized. The theme of the stories and the language are appropriate to the hospital context and of easy understanding to the professionals and the children. Storytelling was an activity capable of collaborating in the treatment of hospitalized children, with emphasis on nursing care practices and the valuation of children’s demands, as it built a bond, allowed the play, the education, the care and stimulated the professional improvement of the participants.