Publication year: 2016
Resumo:
Este estudo objetivou interpretar o significado do primeiro ano de pós- operatório para pessoas com estoma intestinal por câncer colorretal, em seguimento ambulatorial. Utilizamos o referencial teórico da Sociologia da Saúde, que integra ações das pessoas às estruturas sociais em um contexto, com utilização do método etnográfico e análise temática indutiva. Foram realizadas entrevistas em profundidade (Parecer no. 184.720 - CEP/EERP-USP) com treze participantes com estoma intestinal por câncer colorretal, no primeiro ano de pós-operatório em um hospital público universitário, em seguimento de controle oncológico. Foram construídas três unidades de sentidos e dois núcleos temáticos. As unidades de sentido "Adoecimento oncológico: da suspeita à constatação", "Gerenciamento do adoecimento e do tratamento oncológico" e "Convivendo com o câncer, com a estomia intestinal e com o eu diferente, mostraram a decisão pelo itinerário terapêutico perpassa pelo reconhecimento do acontecimento de algo grave com o corpo destas pessoas, busca pelo sistema profissional de saúde e a luta pela acessibilidade aos exames especializados e dos tratamentos oncológicos, em busca de cura. O gerenciamento das consequências do tratamento cirúrgico como a estomização intestinal e dos tratamentos adjuvantes como a fadiga levam à reflexividade sobre as mudanças do corpo e as repercussões na vida destas pessoas, contrapondo a normalidade anterior e após o adoecimento oncológico, além do enfrentamento do estigma da doença e do estoma intestinal. Contudo, a vida destas pessoas ficou mais restrita aos acontecimentos clínicos e ao contexto de assistência à saúde, às expectativas de respostas aos tratamentos e as possibilidades de recidiva e de metástase, mas com busca de uma normalidade nesta etapa de sobrevivência. Na perspectiva da Reconfiguração do self os dois temas construídos:
"A etapa de sobrevivência da pessoa com estoma intestinal no seguimento oncológico" e "Estomização por CCR no primeiro ano de pós-operatório: o eu reconfigurado", trouxeram os desafios e sofrimentos vividos por estas pessoas na busca pelo direito à acessibilidade ao exame de colonoscopia e aos tratamentos oncológicos, assim como a demanda de suas necessidades de cuidados no período do seguimento de controle e os limites do sistema profissional. O significado do primeiro ano de pós-operatório das pessoas com estoma intestinal por CCR em seguimento oncológico foi construída mediante o Referencial teórico da Reconfiguração do self na perspectiva da Sociologia Compreensiva, considerando as ações e interações destas pessoas para a mediação da experiência de perdas corporais, dos limites e de sofrimentos em decorrência deste câncer, dos resultados com o tratamento oncológico e da estomização, cuja reflexividade sobre o sentido da vida e do viver, culmina o "eu diferente", representado por ter câncer e estoma intestinal, em "eu reconfigurado", representado pelo processo de estomização por câncer colorretal, ou seja, estas mudam as suas expectativas de cura para expectativas de se manterem vivas por mais um dia
Abstract:
This study aimed to interpret the meaning of the first year after surgery for people with intestinal stoma for colorectal cancer. We use the theoretical framework Sociology of health, integrating actions of those social structures in context, using the ethnographic method and inductive thematic analysis. In-depth interviews were conducted (opinion No. 184,720 - CEP/EERP-USP) with thirteen participants with intestinal stoma for colorectal cancer, in the first year after surgery in a public hospital in outpatient follow-up for cancer control. Three units of meaning and two thematic units were built. The sense units "cancer Illness: from suspicion to finding", "Managing illness and cancer treatment" and " Living with cancer, with ostomy and with a different me,", showed the decision by therapeutic itinerary runs through the recognition of a serious event happening with the body of these people, search for professional health system and the struggle for accessibility to specialized tests and cancer treatments, for healing. The management of the consequences of surgical treatment as the intestinal stomatization and adjuvant treatments as fatigue lead to reflexivity about body changes and the impact on the lives of these people, opposed to normal life before and after the illness, cancer beyond the coping of the stigma of the disease and intestinal stoma. However, their lives became more restricted to clinical events and the health care context, the expectations of treatment response and chances of recurrence and metastasis, but with finding a normal life in this survival stage. From the perspective of self Resetting the two themes built:
"A person's survival stage with intestinal stoma following cancer" and "stomatization by CRC in the first year after surgery: the self reconfigured", brought the challenges and sufferings experienced by these people searching for the right to accessibility to colonoscopy and cancer treatments, as well as the demand for their care needs in control of follow-up period and limits of the professional system. The meaning of the first year after surgery for people with intestinal stoma by CRC in oncological was built by the Theoretical framework of self reconfiguration in the perspective of Comprehensive Sociology, considering the actions and interactions of these people to the mediation of the experience of bodily losses, the limits and suffering as a result of this cancer, the consequences with the cancer treatment and stomatization whose reflexivity about the meaning of life and living, culminates the "me different," represented by having cancer and intestinal stoma, on "I reconfigured" represented by stomatization process colorectal cancer, so, they change their expectations for curing expectations remain alive for another day