Publication year: 2018
Introdução:
A obesidade tornou-se um fato social relevante considerando o aumento da prevalência em todas as faixas etárias. O tratamento conservador tem sucesso limitado na obesidade mórbida e a cirurgia bariátrica é o método mais eficaz para o manejo e tratamento de peso a longo prazo, inclusive para comorbidades relacionadas. As internações hospitalares por cirurgia bariátrica incluem as que envolvem procedimentos de cirurgia bariátrica per se (grupo 1), aquelas relacionadas a complicações imediatas após cirurgia bariátrica (grupo 2) e procedimentos relacionados a cirurgias plásticas reparadoras após cirurgia bariátrica (grupo 3). Objetivo:
Analisar as internações na rede pública de cirurgias bariátricas per se (grupo 1), tratamento de possíveis complicações (grupo 2) e cirurgias plásticas reparadoras (grupo 3) no Brasil, no período de 2010 a 2016. Métodos:
Análise de dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibilizados publicamente. Os procedimentos estudados foram:
(i) Grupo 1: gastrectomia com ou sem desvio duodenal - código SUS 0407010122; gastrectomia vertical em manga - 0407010360; gastroplastia com derivação intestinal - 0407010173 e banda de gastroplastia vertical - 0407010181; (ii) Grupo 2: tratamento intercorrente cirúrgico e clínico após cirurgia bariátrica - 0407010378 e 0303070137; e (iii) Grupo 3: dermolipectomias (0413040054, 0413040062, 0413040070 e 0413040259); mamoplastia - 0413040089 e procedimentos sequenciais - 0415020018. Os indicadores foram calculados por sexo, faixa etária, uso de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e gastos com internação. A população alvo era de pacientes ≥ 16 anos. Resultados:
foram realizadas 53.778 internações no período 2010-2016, das quais 46.035 (85,6%) relacionadas às cirurgias bariátricas (grupo 1), 6.654 (12,4%) cirurgias plásticas e procedimentos sequenciais (grupo 3) e 1.089 (2,0%) complicações clínicas e cirúrgicas pós-operatórias (grupo 2). Quanto às cirurgias bariátricas per se (grupo 1), 85,4% corresponderam a pacientes do sexo feminino (7,2/100 mil habitantes/ano) e a faixa predominante foi de 35 a 39 anos, com 8.308 internações (18,05%; 7,9/100 mil habitantes/ano). A média de internações foi de cerca de 6.576 internações/ano, com coeficiente de internação de 4,3/100 mil habitantes/ano e tempo médio de internação de 4,1 dias. Utilização de UTI foi necessária em 36,8% (16.923) das internações, sendo 81,9% do sexo feminino. Em relação à letalidade, ocorreram 99 (0,2%) óbitos. O valor total gasto (grupo 1+grupo 2+grupo 3) foi de R$ 283.047.073,79, dos quais R$ 275.876.435,56 (97,5%) corresponderam aos quatro procedimentos de cirurgia bariátrica per se (grupo 1), R$ 6.019.082,72 (2,1%) aos procedimentos relacionados às cirurgias plásticas reparadoras após cirurgia bariátrica (grupo 3), e R$ 1.151.555,51 (0,4%) ao tratamento de complicações clínicas e cirúrgicas (grupo 2). Conclusões:
As cirurgias bariátricas caracterizaram-se como procedimentos de adultos jovens do sexo feminino, uso frequente de UTI e baixa letalidade.
Introduction:
Obesity has become a relevant social fact considering the prevalence increase in all age groups. Conservative treatment has limited success in morbid obesity and bariatric surgery is the most effective method for long-term weight management and treatment, including for related comorbidities. The hospitalizations for bariatric surgery include those involving bariatric surgery procedures per se (group 1), those related to immediate complications after bariatric surgery (group 2), and procedures related to plastic repairing surgeries after bariatric surgery (group 3). Objective:
To analyze the hospitalizations in the public network for bariatric surgeries per se (group 1), treatment of possible complications (group 2) and plastic repair surgeries (group 3) in Brazil, from 2010 to 2016. Methods:
Data analysis from the System of Hospital Information (SIH) of the Unified Health System (SUS), publicly available. The procedures studied were:
(i) Group 1: gastrectomy with or without duodenal deviation – SUS code 0407010122; vertical gastrectomy in sleeve- 0407010360; gastroplasty with intestinal shunt-0407010173 and vertical gastroplasty band-0407010181; (ii) Group 2: surgical and clinical intercurrent treatment after bariatric surgery-0407010378 and 0303070137; and (iii) Group 3: dermolipectomies (0413040054, 0413040062, 0413040070 and 0413040259); mammoplasty- 0413040089 and sequential procedures-0415020018. Indicators were calculated by sex, age groups, use of Intensive Care Units (ICU) and hospitalization expenses. The target population were patients ≥16 years. Results:
53,778 hospitalizations were performed during 2010-2016, of which 46,035 (85.6%) related to the bariatric surgeries (group 1), 6,654 (12.4%) to plastic surgery and sequential procedures (group 3) and 1,089 (2.0%) to postoperative clinical and surgical complications (group 2). Regarding bariatric surgeries per se (group 1), 85.4% corresponded to female patients (7.2/100 thousand inhabitants/year) and the predominanted range was of 35 to 39 years, with 8,308 hospitalizations (18.05%; 7.9/100 thousand inhabitants/year). The average hospitalizations were about 6,576 admissions/year, with a hospitalization coefficient of 4.3/100 thousand inhabitants/year and a mean hospital stay of 4.1 days. ICU was needed in 36.8% (16,923) of hospitalizations, 81.9% of which were of female. In relation to lethality, 99 (0.2%) deaths occurred. The total amount spent (group 1 + group 2 + group 3) was R$ 283,047,073.79, of which R$ 275,876,435.56 (97.5%) corresponded to the four procedures of bariatric surgery per se (group 1), R$ 6,019,082.72 (2.1%) to procedures related to plastic repairing surgeries after bariatric surgery (group 3), and R$ 1,151,555.51 (0.4%) to the treatment of clinical and surgical complications (group 2). Conclusions:
Bariatric surgeries were characterized as procedures of young female adults, frequent use of ICU and low lethality.