Suporte básico de vida para leigos: um estudo quase experimental
Basic Life Support for laypeople: an almost experimental study
Publication year: 2016
A parada cardiorrespiratória (PCR) é a principal causa de morte em países desenvolvidos e em desenvolvimentos, ocorrendo principalmente em ambientes extra hospitalares. Frente a esse panorama mundial considerado um problema de saúde pública atual, a capacitação de leigos no Suporte Básico de Vida (SBV) com uso da simulação clínica tem papel relevante para a melhoria das taxas de sobrevivência das vítimas de PCR. Estudo com objetivo de avaliar o conhecimento (teórico) e das habilidades (práticas) de leigos antes e após a sua participação no curso de SBV para leigos submetidos a estratégias de ensino-aprendizagem, aula expositivo-dialogada e atividade prática em laboratório de habilidades ou aula simulada no atendimento a PCR/RCP com SBV para leigos. Estudo com delineamento quase experimental, abordagem quantitativa com delineamento tempo-série. A população consistiu dos estudantes do primeiro ao quarto semestre de graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso e a amostra de 104 estudantes que participaram do curso em SBV para leigos em duas etapas. Na etapa I todos os estudantes foram submetidos ao pré teste teórico, à aula expositivo-dialogada seguida de atividade prática em laboratório de habilidades com manequim de média fidelidade e uso do Desfibrilador Externo Automático (DEA), simulação clínica em laboratório utilizando o mesmo manequim e DEA e pós teste teórico imediato. A Etapa II ocorreu de 15 a 20 dias após a primeira e todos os estudantes foram submetidos à simulação clínica em laboratório utilizando o mesmo manequim de média fidelidade e DEA seguido de pós teste teórico mediato. Elaboraram-se os instrumentos de avaliação teórica, cenário de simulação e OSCE - avaliação clínica objetiva e estruturada no cenário de simulação com (checklist), validados em aparência e conteúdo por comitê de juízes. A estratégia de coleta de dados foi o curso de SBV para leigos. Foram avaliados as avaliações teóricas e OSCE (Exame Clínico Objetivo Estruturado) - avaliação clínica estruturada em Laboratório de Simulação, este último empregando como ferramenta o manequim de média-fidelidade e DEA. A atividade foi filmada e analisada por três avaliadores. Analisaram-se os desfechos nas etapas I e II do curso de SBV para leigos: desempenho teórico nos testes teóricos e práticos no OSCE, tempo de execução total e de cada domínio do OSCE e a qualidade das compressões torácicas externas (CTE) quanto a frequencia e profundidade em 120 segundos de reanimação cardiopulmonar (RCP).
Resultados:
86 estudantes eram do sexo feminino e 18 do sexo masculino, a idade média 23,32±6,66 anos. No pré-teste a nota média foi de 3,52±2,03, e a mediana 3,0. No pós-teste imediato (pós 1) a nota média foi 8,01±1,19 (mediana 8,0) e no pós teste mediato (pós 2) foi de 7,41±2,68 (mediana 8,5). Comparando-se as médias obtidas no pré-teste, pós 1 e pós 2 há diferença estatisticamente significante (p<0,001) com retenção do conhecimento. Comparando as notas do pós 1 e pós 2 teóricos evidenciou diferença estatisticamente significante (p=0,019) com perda do conhecimento no pós 2. A média no OSCE na etapa I (pós 1) foi 3,63±0,30 e na etapa II (pós 2) de 3,63±0,31; comparou-se tais notas verificando-se que não há diferença estatisticamente significante (p=0,966). O tempo médio de execução do OSCE no pós 1 foi de 156,96±8,16s e no pós 2 foi de 138,68±43,58s, havendo diferença estatisticamente significante (p<0,001). O domínio de intervenção do OSCE "Chegada em Cena" apresentou média 20,78±6,20s no pós 1 e 16,46±4,56s no pós 2, o domínio "Checar a responsividade" média de 6,38±3,48s no pós 1 e 5,13±2,36s no pós 2, o domínio "Usar o DEA" média de 77,30±14,45s no pós 1 e 66,80±11,44s no pós 2, todos com diferença estatisticamente significante (p<0,001). Avaliando a qualidade das CTE a profundidade média atingida em milímetros (mm) apresentou média de 36,26±9,62 (mediana 35,00) no pós 1 e 39,36±10,96 (mediana 40,00) no pós 2. O nº de CTE média por minuto apresentou média de 116,01±21,72 (mediana 116,00) no pós 1 e 98,94±19,52 (mediana 100,00) no pós 2, o nº total de compressões (CTE) em 120 segundos apresentou média de 227,88±41,81 (mediana 226,00) no pós 1 e 197,31±30,42 (mediana 195,50) no pós 2, o nº de CTE muito superficiais média de 132,20±89,94 (mediana 146,50) no pós 1 e 74,96±75,76 (mediana 53,00) no pós 2, todos com diferenças estatisticamente significante (p<0,001). Já o nº de CTE incompletas apresentou média de 25,09±56,95 (mediana 0,00) no pós 1 e 14,51±35,45 (mediana 0,00) no pós 2 com diferença estatisticamente significante (p=0,012). No presente estudo, apesar de diferentes estratégias de ensino abordarem o SBV para leigos, os resultados demonstram que as mesmas foram eficazes e os objetivos de aprendizagem foram alcançados, pois houve incremento nas notas obtidas nos pós-testes e no OSCE tanto na etapa I quanto na etapa II em relação ao conhecimento prévio e habilidades, porém houve perda da retenção de conhecimento e habilidade de 15 a 20 dias após o curso de SBV para leigos o que reforça a necessidade da capacitação permanente
Cardiac arrest is the leading cause of death in developed and developing countries, and mainly occurs in non-hospital environments. With this global scenario, which is considered a present public health problem, training laypeople in Basic Life Support (BLS) with clinical simulation has an important role in improving survival rate of the cardiac arrest victims. This present study aims to evaluate the knowledge (theoretical) and skills (practical) of laypeople before and after the BLS training underwent to teaching and learning strategies, expository and dialogue class and practical activities in skills lab or simulation class in CPR/CPA. This study has an almost experimental, quantitative and time-series approach. The population study is composed of students from the first to fourth semester of Nursing at Federal University of Mato Grosso (UFMT) and the sample of 104 participants in BLS for laypeople in two steps. In Step 1, all the students had to undergo to the theoretical pretest, expository and dialogue class followed by practical activity in the skills lab with a mid-fidelity manikin and using automated external defibrillator (AED), clinical simulation in the lab using the same manikin and AED and immediate theoretical posttest. Step 2 occurred from the 15th to 20th days after the first one and all the students had to undergo to clinical simulation in the lab using the same mid-fidelity manikin and AED followed by immediate theoretical posttest. It was elaborated theoretical evaluation tools, simulation scenario and OSCE - objective structured clinical examination in the clinical scenario with checklist, validated in aspect and content by a judges committee. The data collection strategy was the BLS for laypeople. It was evaluated the theoretical tests and OSCE (objective structured clinical examination) - clinical examination structured in Simulation Lab, using as tool the mid-fidelity manikin and AED. The activity was filmed and analysed by three evaluators.