Dermatite associada à incontinência e os fatores associados: estudo de prevalência em um Centro de Terapia Intensiva
Incontinence-associated dermatitis and associated factors: prevalence study in an Intensive Care Unit
Publication year: 2017
A Dermatite Associada à Incontinência (DAI) representa um grande desafio para os profissionais de saúde que prestam assistência aos pacientes no Centro de Terapia Intensiva. A ocorrência desta reação inflamatória da pele associada à umidade predispõe a pessoa à dor representando um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes, aumentam o tempo de internação hospitalar e consequentemente o custo do tratamento.
Os objetivos do estudo foram:
identificar e descrever as características sociodemográficas e clinicas dos pacientes com incontinência e daqueles com DAI internados em um Centro de Terapia Intensiva de um hospital privado; identificar os índices de prevalência pontual da incontinência e da DAI; descrever as características da DAI e os produtos usados para o cuidado da pele perineal dos pacientes; verificar a associação entre a presença da DAI e as variáveis demográficas e clínicas. Trata-se de um estudo transversal, descrito e analítico, quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. A coleta de dados aconteceu em um único dia, no Centro de Terapia Intensiva, com 93 participantes. A maioria deles (78,5%) tinha idade acima de 60 anos (média 72, DP 18,2), sexo feminino (50,5%), pele branca (80%). Dentre os diagnósticos médicos, as doenças do aparelho respiratório e circulatório representaram 29% e 19,4%, respectivamente. O tempo de internação médio foi de 18,3 dias (DP 24,4). A prevalência da incontinência urinária foi de 33,3% e a fecal, 51,6%. O cateter vesical estava sendo utilizado em 24,7% dos pacientes e a fralda em 66,7%.Quanto a eliminação das fezes, a maioria dos pacientes internados na UTI (83,3%) apresentou fezes semilíquidas e líquidas, com a ocorrência de diarreia em 20,4% dos pacientes. A prevalência pontual da DAI foi de 40,9% e a prevalência da DAI em pacientes incontinentes, 59,2%. O local onde a DAI apresentou maior prevalência nos pacientes incontinentes foi a UTI. O eritema da pele lidera a lista de manifestação mais prevalente (89,4%), seguida pela erosão (21,1%). A maioria (76,3%) das DAI ocorreu na região perianal, seguida pela região perineal (39,5%) e região interglútea (34,2%). A presença da DAI apresentou associação estatisticamente significante quanto à alteração do nível de consciência, uso de antibiótico, corticoide, jejum ou uso da via enteral para suporte nutricional, uso de tubo orotraqueal para oxigenação, restrição mecânica, presença da incontinência, frequência evacuatória, consistência das fezes, emprego de cateter vesical de demora e/ou fralda. Adotou-se película líquida em 40% dos pacientes para prevenção da DAI e em 47,3% para o tratamento. Empregou-se o limpador sem enxague em 36,8% dos pacientes com DAI. A prescrição de ao menos um produto preventivo não foi encontrada em 34,5% dos pacientes. Não houve prescrição de tratamento em 13,1% dos pacientes com DAI. Os resultados encontrados contribuem para o diagnóstico situacional da ocorrência da DAI. Este estudo poderá contribuir para a sistematização das práticas clínicas e adoção de protocolos assistenciais visando a qualidade e segurança do paciente
Incontinence-associated dermatitis (IAD) represents a significant health challenge for professionals who provide care to patients in the Intensive Care Unit (ICU). The occurrence of moisture-associated skin damage can cause pain with a negative impact on quality of life and can increase the length of hospital stay and the cost of treatment.