Psicoeducação em saúde mental na comunidade: um estudo de caso

Publication year: 2018

As intervenções na gestão da doença e prevenção das recaídas na área da saúde mental estão em expansão e é prioritária uma mudança de paradigma ao nível dos sistemas e serviços de saúde mental. Segundo as políticas nacionais dirigidas à promoção da saúde mental e tratamento da doença, é necessário desenvolver medidas no âmbito da promoção e implementação de programas psicoeducativos. Estes visam a promoção do bem-estar e da saúde mental da população, assim como o tratamento e reabilitação das doenças mentais (DGS, 2017). Posto isto, este projeto tem como objetivo geral avaliar um programa psicoeducativo e compreender a psicoeducação como uma estratégia de intervenção em saúde mental comunitária. Pretendeu-se conhecer e caracterizar diferentes modelos de intervenção em psicoeducação, analisar e caracterizar um programa psicoeducativo em uso numa Unidade de Saúde Mental Comunitária e por último, avaliar a sua contribuição na qualidade de vida e bem-estar dos utentes. Recorremos ao estudo de caso como método de investigação inserido numa abordagem qualitativa. Foi analisado o programa desenvolvido, os questionários e as escalas aplicadas antes e após a realização do programa. Foram realizadas entrevistas compreensivas aos diversos grupos de pessoas após 6 meses, 1 e 2 anos de participação neste programa. As entrevistas foram tratadas através de análise de conteúdo. Concluiu-se que o programa trouxe benefícios que se prendem com a maior capacidade dos participantes em gerir as suas dificuldades no quotidiano e aquisição de aprendizagens significativas na melhor gestão da doença, contribuindo assim para a sua estabilidade e maior bem-estar. A importância da família como fator de equilíbrio e apoio na gestão do quotidiano foi referida pelos participantes como um aspeto central. Também o estigma foi identificado como um problema que dificulta a vida dos doentes nas suas relações interpessoais e nos diversos contextos da sociedade.
Interventions in disease management and relapse prevention in the area of mental health are expanding and a paradigm shift in mental health systems and services is a priority. According to national policies aimed at promoting mental health and treatment of the disease, it is necessary to develop measures for the promotion and implementation of psychoeducational programs. These aim to promote the wellbeing and mental health of the population, as well as the treatment and rehabilitation of mental illness (DGS, 2017). Therefore, this project aims to evaluate a psychoeducational program and to understand psychoeducation as a community mental health intervention strategy. It was intended to know and characterize different models of intervention in psychoeducation, to analyze and characterize a psychoeducational program in use in a Community Mental Health Unit and, finally, to evaluate its contribution in the quality of life and well-being of the users. We used the case study as a research method inserted in a qualitative approach. The developed program, the questionnaires and the scales applied before and after the program were analyzed. Comprehensive interviews were conducted with the various groups of people after 6 months, 1 and 2 years of participation in this program. The interviews were treated through content analysis. It was concluded that the program brought benefits that are related to the greater capacity of the participants to manage their difficulties in the daily life and acquisition of significant learning in the better management of the disease, thus contributing to their stability and greater well-being. The importance of the family as a factor of balance and support in the management of daily life was mentioned by the participants as a central aspect. Stigma has also been identified as a problem that hinders the lives of patients in their interpersonal relationships and in the various contexts of society.