Prevenção do trauma perineal na mulher da gravidez ao puerpério: intervenção do enfermeiro obstetra
Publication year: 2018
Mais do que perpetuar a espécie, ter um filho, é um verdadeiro projeto de vida.
Dotado de uma grande dualidade, o parto tem agregado a si, sentimentos de êxtase,
mas também, de medo e incerteza. O enfermeiro obstetra surge como sendo o
profissional com mais competências para assistir a mulher em trabalho de parto,
respeitando a sua fisiologia, de forma segura, num ambiente íntimo e confortável.
O presente relatório vem, desta forma, explicitar o meu percurso de
aprendizagem, no sentido de alcançar as competências essenciais ao exercício de uma
enfermagem avançada, como enfermeira obstetra. Por forma a adquirir essas
competências, percorri um longo caminho formativo, que culminou com o estágio no
bloco de partos. Aqui, para além de desenvolver as competências comuns e
específicas de enfermeira especialista, aprofundei conhecimentos e competências no
que concerne à prevenção do trauma perineal, da gravidez ao puerpério, à luz da teoria
de Neuman.
O trauma perineal constitui a maior morbilidade associada ao parto, atingindo
cerca de 90% das mulheres que o vivenciam (Richmond, 2014). Pretendi, desta feita,
procurar estratégias que pudessem prevenir ou minimizar o trauma perineal e na sua
impossibilidade, proceder à sua reparação e reabilitação. Por forma a operacionalizar
este objetivo, realizei uma revisão scoping, que me possibilitou mapear a evidência
disponível neste âmbito. A evidência encontrada tornou-se a base da minha prática,
cumprindo um dos pressupostos deste estágio, que é a prática baseada na evidência
(PBE). Alguns dos resultados obtidos dessa prática, foram ao encontro da evidência
encontrada, outros nem tanto. A incidência do trauma perineal na minha prática clínica,
foi de 87%, coincidindo com os valores apresentados na literatura, tendo alcançado o
valor preconizado pela World Heatlh Organization (WHO) (1996) para a prática da
episiotomia, que são os 10%.
A aquisição de conhecimentos multiplica-se e divide-se. Considerei, por isso,
essencial partilhar os resultados da minha prática clínica com a equipa onde estive
inserida, demonstrando a necessidade de haver maior uniformidade na classificação
das lacerações, contribuindo, assim, para uma melhoria contínua, da qualidade dos
cuidados.
More than perpetuating the species, having a child, it really is a project of life.
Endowed with a great duality, childbirth has added to itself, feelings of ecstasy, but also
fear and uncertainty. The obstetrician nurse emerges as the most competent
professional to conduct labor, respecting its physiology, in a safely way and in an
intimate and comfortable environment.
This report explains my learning path, in order to reach the essential skills to the
exercise of advanced nursing, such as obstetric nurse. In order to acquire these skills,
I went through a long formative path that culminate in the birth unit internship. In addition
to developing the common and specific competencies of a practitioner nurse, I
deepened my skills regarding the prevention of perineal trauma from pregnancy to
puerperium, in the light of Neuman's theory.
Perineal trauma is the highest morbidity associated with childbirth, affecting
about 90% of women who experiences it (Richmond, 2014). I intended to look for
strategies that could prevent or minimize perineal trauma and, in its impossibility, to
repair and rehabilitate it. In order to make this objective operational, I conducted a
scoping review to map the available evidence in this area. The evidence found has
become the basis of my practice, in an attempt to fulfill one of the presuppositions of
this stage, which is practice based on evidence. Some of the results obtained from this
practice were against the evidence found, others not so much. The incidence of perineal
trauma in my clinical practice was 87%, in line with the figures presented in the literature,
reaching the maximum value recommended by the World Heatlh Organization (WHO)
(1996) for the practice of episiotomy, which is 10%. The knowledge should be multiplied,
as well divided. Therefor I considered essential to share the results of my clinical
practice with the team where I was inserted in, demonstrating the need for greater
uniformity in the classification of lacerations, in order to contribute to an improvement in
the quality of care.