O cuidado não parental da criança e a diversidade social dos cuidadores: perspectivas de mulheres na gestação
Non-parental child care and the social diversity of caregivers: perspectives of women during pregnancy
Publication year: 2013
Nos primeiros anos de vida, a qualidade das interações interpessoais e do ambiente em que a criança se insere é fundamental para a promoção do desenvolvimento infantil. Oportunidades de cuidados parentais e não parentais são importantes de serem analisadas e, nesse contexto, as questões contemporâneas sobre a diversidade social têm sido objeto de preocupação e desafio para os profissionais da saúde e cuidadores. Nesse sentido, são relevantes as expectativas parentais para o cuidado das crianças, particularmente explorando aspectos relativos às crenças sobre a diversidade social da pessoa que possivelmente cuidará da criança após o nascimento. O objetivo geral foi é explorar as crenças das mulheres no período da gestação sobre características sociais das pessoas para cuidar das crianças, envolvendo o cuidado por um homem, por alguém de outra cor de pele, outra orientação sexual e outra religião, em busca de subsídios à promoção do desenvolvimento infantil. Estudo descritivo, exploratório, transversal, com abordagem quantitativa, realizado com 219 gestantes que estavam no último trimestre da gestação, em seguimento em unidades com Estratégia Saúde da Família de um distrito de saúde de um município brasileiro de médio porte. Foram realizadas entrevistas com utilização de um questionário estruturado, por meio de visitas no domicílio, de novembro de 2018 a maio de 2019. O perfil das participantes foi, majoritariamente, composto por mulheres jovens entre 18 e 25 anos de idade e jovens-adultas entre 26 e 35 anos; com ensino médio ou ensino fundamental; cor da pele autodeclarada brancas e pardas; considerável parcela era primípara, possuía companheiro e redes de apoio, como familiares e amigos; mais da metade relatou trabalhar fora de casa; a renda familiar mais frequente era menor que três salários-mínimos, embora pouco mais de um terço das participantes optou em não informar a renda familiar; e a maioria era usuária do Sistema Único de Saúde. O estudo descreveu crenças das gestantes referentes à aptidão para o cuidado não parental da criança após o nascimento. Houve destaque por considerar os homens menos aptos ao cuidado infantil. Menor parcela indicou que pessoas de outra orientação sexual, outra religião e outra cor de pele não estariam aptas ao cuidado da criança. Esses resultados sugerem potenciais vulnerabilidades pelos desdobramentos a restringir oportunidades para a promoção do desenvolvimento infantil pleno e plural. As crenças referidas pelas gestantes, de certo modo, sugerem uma demarcação com o que é diferente em relação ao cuidado da criança exercido por outras pessoas. No cuidado de enfermagem em saúde da criança no campo da atenção primária à saúde é fundamental aprofundar as peculiaridades e esclarecimentos de escolhas e decisões parentais envolvendo as temáticas da diversidade, equidade e inclusão como componentes do cuidado, para que sejam mais vinculadas à relevância da promoção do desenvolvimento integral das crianças, e que as percepções parentais migrem de um rol de invisibilidades para expandir seus saberes e práticas
In the first years of life, the quality of interpersonal interactions and the environment in which the child is inserted is fundamental for the promotion of child development. Parental and non-parental care opportunities are important to be analyzed and, in this context, contemporary issues about social diversity have been an object of concern and challenge for health professionals and parental caregivers. In this sense, parental expectations for child care are relevant, particularly exploring aspects related to beliefs about the social diversity of the person who will possibly take care of the child after birth. The general objective was to explore the beliefs of women during the pregnancy about social characteristics of people to take care of children, involving care by a man, by someone of a different skin color, another sexual orientation and another religion, in search of subsidies promoting child development. Quantitative, descriptive, exploratory, cross-sectional study, carried out with 219 pregnant women who were in the last trimester of pregnancy, being followed up in units with the Family Health Strategy in a health district of a medium-sized Brazilian municipality. Interviews were carried out using a structured questionnaire, through home visits, from November 2018 to May 2019. The profile of the participants was mainly composed of young women between 18 and 25 years of age and young adults between 26 and 35 years old; most had secondary and elementary education; white and brown self referred skin color; a considerable portion was primiparous, had a partner and support networks, such as family and friends; more than half reported working outside the home; the most frequent family income was less than three minimum wages, although just over a third of the participants chose not to inform the family income; and most were users of the Unified Health System. The study described the pregnant women's beliefs regarding the aptitude for non-parental child care after birth. There was a highlight for considering men less able to care for children. A smaller portion indicated that people of another sexual orientation, another religion and another skin color would not be able to the child care. These results suggest potential vulnerabilities unfolding that restrict opportunities for promoting full and plural child development. The beliefs reported by the pregnant women, in a way, suggest a demarcation with what is different in relation to the child care exercised by other people. In child health nursing care in the field of primary health care, it is essential to deepen the peculiarities and clarification of parental choices and decisions involving the themes of diversity, equity and inclusion as components of care, so that they are more linked to the relevance of promotion integral development of children, and that parental perceptions migrate from a list of invisibilities to expand their knowledge and practices