Demandas de saúde de mulheres lésbicas: construção de bases para o cuidado
Lesbian women's health demands: building foundations for care
Las demandas de salud de las mujeres lesbianas: sentar las bases del cuidado
Publication year: 2021
O reconhecimento de demandas de saúde das mulheres lésbicas constitui passo importante para fomentar as discussões sobre cuidado e possibilitar ou potencializar ações nos serviços de saúde. Há especificidades no âmbito social e da atenção à saúde, com fatores determinantes para a dificuldade do acesso e acolhimento dessas mulheres. A singularidade de mulheres lésbicas demanda atenção específica. Porém, preconceitos e violência nos diversos espaços fazem com que esse grupo se afaste dos serviços de saúde e tenha menor acesso a consultas, exames e rastreamentos, ampliando vulnerabilidades. Essa pesquisa teve por objetivos conhecer demandas por cuidado segundo a realidade vivenciada por mulheres lésbicas na experiência pessoal e na relação com os serviços de saúde; analisar experiências de mulheres lésbicas com os serviços de saúde no âmbito da atenção a suas demandas por cuidado; apresentar estratégias para o cuidado na rede de saúde segundo o olhar de mulheres lésbicas sobre suas demandas. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa realizado em três municípios do estado da Bahia, sendo eles de pequeno, médio e grande porte. A produção dos dados deu-se a partir de grupos focais e de entrevistas semiestruturadas além de formulário para informações sociodemográficas. Foi utilizada a Teoria do ponto de vista como referencial teórico e o material empírico foi analisado pela técnica de análise do discurso, tendo gênero e integralidade como categoria analítica. As normas da Resolução 466/12 foram atendidas em todas as etapas da pesquisa. Os resultados mostram enfrentamentos diversos que conformam as experiências iniciadas na relação com a família e se continuam no afirmar-se lésbica como ato político para visibilidade social, ao tempo em que passam a conviver com o medo da violência. Na busca por cuidado, estereótipos e preconceitos sobre quem contraria a heteronormatividade alimentam o modelo de atenção à saúde, veiculando poderes e verdades estabelecidas. Há invisibilidade da existência lésbica e, em consequência, das demandas por cuidado, ao lado de constrangimentos para quem assume sua identidade de gênero. Essa realidade mantém mulheres lésbicas como população vulnerada.
As participantes apontam mudanças no caminho da superação:
educação para a saúde sexual de base emancipatória, formação profissional e educação permanente sob novos pilares e novas competências, políticas de saúde inclusivas e interseccionais, integralidade do cuidado com ênfase no acolhimento, uso de redes sociais como espaço de apoio e de ação política. Urge que seja garantido na rede de atenção espaço para o cuidado a mulheres em relacionamento homoafetivo e que políticas sejam efetivamente implementadas por profissionais com qualificação para o cuidado a mulheres lésbicas, reconhecendo-as como pessoas de direitos com poder sobre seu corpo e sobre a sua vida.(AU)
Recognizing the health demands of lesbian women is an important step to foster discussions about care and enable or enhance actions in health services. There are specificities in the social sphere and in health care, with determining factors for the difficulty of accessing and welcoming these women. The uniqueness of lesbian women demands specific attention. However, prejudice and violence in different spaces make this group move away from health services and have less access to consultations, tests and screenings, increasing vulnerabilities. This research aimed to understand the demands for care according to the reality experienced by lesbian women in their personal experience and in their relationship with health services; analyze the experiences of lesbian women with health services in the context of attention to their demands for care; present strategies for care in the health network according to the view of lesbian women about their demands. This is a study with a qualitative approach carried out in three municipalities in the state of Bahia, which are small, medium and large. Data production was based on focus groups and semi-structured interviews, in addition to a form for sociodemographic information. The point of view theory was used as a theoretical framework and the empirical material was analyzed using the discourse analysis technique, with gender and integrality as the analytical category. The standards of Resolution 466/12 were met at all stages of the research. The results show different confrontations that shape the experiences initiated in the relationship with the family and continue to assert themselves as a lesbian as a political act for social visibility, while they begin to live with the fear of violence. In the search for care, stereotypes and prejudices about those who oppose heteronormativity feed the health care model, conveying established powers and truths. There is an invisibility of the lesbian existence and, as a result, of the demands for care, along with constraints for those who assume their gender identity. This reality keeps lesbian women as a vulnerable population.
The participants point to changes in the way of overcoming:
education for sexual health on an emancipatory basis, professional training and permanent education under new pillars and new skills, inclusive and intersectional health policies, comprehensive care with an emphasis on welcoming, use of social networks such as space for support and political action. It is urgent that space be guaranteed in the care network for the care of women in same-sex relationships and that policies are effectively implemented by professionals qualified to care for lesbian women, recognizing them as people with rights with power over their bodies and over theirs life.
Reconocer las demandas de salud de las mujeres lesbianas es un paso importante para fomentar las discusiones sobre la atención y habilitar o mejorar las acciones en los servicios de salud. Hay especificidades en el ámbito social y en el cuidado de la salud, con factores determinantes de la dificultad para acceder y acoger a estas mujeres. La singularidad de las mujeres lesbianas exige una atención específica. Sin embargo, los prejuicios y la violencia en diferentes espacios hacen que este grupo se aleje de los servicios de salud y tenga menos acceso a consultas, pruebas y exámenes, aumentando las vulnerabilidades. Esta investigación tuvo como objetivo comprender las demandas de atención de acuerdo con la realidad vivida por las mujeres lesbianas en su experiencia personal y en su relación con los servicios de salud; analizar las experiencias de las mujeres lesbianas con los servicios de salud en el contexto de la atención a sus demandas de atención; presentar estrategias de atención en la red de salud según la visión de las mujeres lesbianas sobre sus demandas. Se trata de un estudio con enfoque cualitativo realizado en tres municipios del estado de Bahía, los cuales son pequeños, medianos y grandes. La producción de datos se basó en grupos focales y entrevistas semiestructuradas, además de un formulario de información sociodemográfica. Se utilizó la teoría del punto de vista como marco teórico y el material empírico se analizó mediante la técnica del análisis del discurso, con género e integralidad como categoría analítica. Los estándares de la Resolución 466/12 se cumplieron en todas las etapas de la investigación. Los resultados muestran diferentes enfrentamientos que dan forma a las experiencias iniciadas en la relación con la familia y continúan afirmándose como lesbianas como acto político de visibilidad social, al mismo tiempo que comienzan a vivir con el miedo a la violencia. En la búsqueda del cuidado, los estereotipos y prejuicios sobre quienes se oponen a la heteronormatividad alimentan el modelo asistencial, transmitiendo poderes y verdades establecidos. Existe una invisibilidad de la existencia lésbica y, como consecuencia, de las demandas de cuidado, junto con las limitaciones para quienes asumen su identidad de género. Esta realidad mantiene a las mujeres lesbianas como una población vulnerable.