Paternidade no puerpério em tempos de Covid 19: experiência de homens que fizeram o pré-natal
Fatherhood in the puerperium in the context of COVID 19: experience of men who received prenatal care
Paternidad en el puerperio en el contexto del COVID 19: experiencia de hombres que recibieron atención prenatal

Publication year: 2021

O tema paternidade e cuidado vem se tornando cada vez mais forte na sociedade e uma das iniciativas no Brasil foi à criação do pré-natal do parceiro, em que o homem é acolhido e cuidado ao tempo em que é inserido na gestação e na corresponsabilidade com o cuidado desde o puerpério. A pandemia do novo coronavírus alterou a dinâmica da atenção à mulher na gestação e puerpério e o pré-natal do parceiro. Também realçou segregação socioeconômica, de modo que os homens são afetados de acordo com sua estratificação social. A pesquisa teve como objetivo analisar a experiência da paternidade no período puerperal no contexto da pandemia pela COVID-19 entre homens de estrato social diferente e que fizeram o pré-natal do parceiro. Trata-se de pesquisa qualitativa de abordagem descritiva e exploratória. Foi desenvolvida com homens que realizaram o pré-natal do parceiro, usuários de uma Unidade de Saúde da Família e com homens que receberam assistência privada. A produção dos dados ocorreu em abril e maio de 2021.

Os participantes do estudo foram 11 homens que atenderam aos seguintes critérios de inclusão:

ter idade igual ou superior a 18 anos; ter realizado pré-natal do parceiro e estar vivenciando o período do puerpério de 1 mês até 6 meses pós-parto. O material empírico foi produzido na modalidade on-line por meio de entrevista semi-estruturada e analisado por meio da técnica de análise de discurso. Os resultados mostram que a consulta pré-natal é ponto de partida para construção do sentimento de paternidade. A responsabilidade e a preocupação em dar conta das novas demandas do/a bebê aparecem de forma marcante, mas entre os entrevistados do SUS a provisão familiar é visível como preocupação e um encargo. A pandemia alterou a dinâmica familiar com privilegiamento dos participantes usuários da rede privada, que conseguiram manter o trabalho formal em horário regular e em home office e ter maior envolvimento na rotina de cuidados ao/à bebê. Os usuários do SUS se mantiveram no modelo do homem provedor, com longas horas fora de casa, no trabalho ou em busca dele o que limitou sua disponibilidade para a paternagem mais participativa. Questões de gênero foram ressignificadas na experiência dos homens, mas há uma forte influência da pandemia pelo SARS COV-2, sendo as características do trabalho decisivas quanto à maior ou menor participação do pai em ações de cuidado do/a bebê, que se desdobram em apoio à parceira. Por fim, os resultados do presente estudo evidenciaram a complexidade da experiência da paternidade, que aparece associada a aspectos subjetivos e ao contexto social no qual esse homem está inserido. Merecem ser ampliados estudos que acompanhem a paternidade em diferentes fases da vida dos/as filho/as.(AU)
The theme of paternity and care has become increasingly stronger in society and one of the initiatives in Brazil was the creation of partner prenatal care, in which the man is welcomed and cared for at the time he is inserted in pregnancy and co-responsibility with care since the puerperium. The new coronavirus pandemic changed the dynamics of care for women during pregnancy and puerperium and the partner's prenatal care. It also highlighted socioeconomic segregation, so that men are affected according to their social stratification. The research aimed to analyze the experience of fatherhood in the puerperal period in the context of the COVID-19 pandemic among men from different social strata and who had their partner's prenatal care. It is a qualitative research with a descriptive and exploratory approach. It was developed with men who had their partner's prenatal care, users of a Family Health Unit and with men who received private care. Data production took place in April and May 2021.

Study participants were 11 men who met the following inclusion criteria:

being 18 years old or older; having performed the partner's prenatal care and experiencing the puerperium period from 1 month to 6 months postpartum. The empirical material was produced online through semi-structured interviews and analyzed using the discourse analysis technique. The results show that the prenatal consultation is the starting point for building the feeling of paternity. The responsibility and concern to meet the new demands of the baby appear in a striking way, but among those interviewed by the SUS, family provision is visible as a concern and a burden. The pandemic changed the family dynamics, with the privilege of participating users of the private network, who managed to maintain formal work at regular hours and in the home office and have greater involvement in the routine of care for the baby. SUS users remained in the model of the provider man, with long hours away from home, at work or in search of him, which limited their availability for more participatory fathering. Gender issues were redefined in the men's experience, but there is a strong influence of the SARS COV-2 pandemic, with the characteristics of the work being decisive as to the greater or lesser participation of the father in the care of the baby, which unfolds in partner support. Finally, the results of this study showed the complexity of the experience of fatherhood, which appears associated with subjective aspects and the social context in which this man is inserted. Studies that monitor paternity at different stages of the children's lives deserve to be expanded.(AU)