Publication year: 2019
A incontinência urinária é definida como qualquer perda involuntária de urina.
Considerada uma síndrome geriátrica multifatorial, está associada a fatores intrínsecos da
pessoa idosa e a fatores extrínsecos como o ambiente e a gestão de cuidados em saúde.
Associando a problemática ao modelo conceitual de Avedis Donabedian, constituído pela
tríade estrutura, processo e resultado, entende-se que os fatores extrínsecos abrangem
desde o macro, que seria a estrutura da instituição de saúde até as microrrelações de
cuidado ofertado (dimensão processo), determinando, assim, tal desfecho/resultado
durante o processo de hospitalização.
Objetivo:
analisar como ocorre o cuidado da equipe
de enfermagem para a promoção da continência urinária de pessoas idosas hospitalizadas.
E especificamente:
verificar a influência dos componentes da tríade donabediana
“estrutura” e “processo” na oferta do cuidado para a promoção da continência urinária de
pessoas idosas hospitalizadas e apreender como a equipe de enfermagem percebe a
influência da “estrutura” e do “processo” no “resultado” do seu cuidado, visando a
promoção da continência urinária de pessoas idosas hospitalizadas. Método:
pesquisa de
abordagem qualitativa descritiva-exploratória, cujo lócus foi uma unidade de clínica
médica de um Hospital Universitário da cidade de Salvador-Bahia; realizada a
triangulação de técnicas de coleta de dados, constituída pelo levantamento de evidências
científicas relacionadas ao tema, seguida de observação sistemática no campo de coleta e
de oficinas de grupo focal com profissionais da equipe de enfermagem atuantes na
unidade. Para análise, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de Bardin,
levantandas categorias temáticas ancoradas na teoria donabediana e codificadas quanto
à sua frequência exata com auxílio do software para análise de pesquisas qualitativas
WebQDA. Resultados:
emergiram três categorias temáticas. A primeira trata da
influência dos aspectos estruturais na oferta deste cuidado; onde foram ressaltados
aspectos para além da estrutura física, mas também fatores como recursos humanos e
materiais disponíveis na unidade. A segunda enfatizou o “processo”, e abordou a cultura
do uso de dispositivos de controle urinário durante a hospitalização; onde foi ressaltado
o uso indiscriminado e não justificado de fraldas geriátricas em pessoas idosas; o estímulo
maior do uso de urinóis em pessoas idosas do sexo masculino do que aparadeiras em
pessoas idosas do sexo feminino; fatores como o pudor, o medo e a dependência como
influência para o uso de fraldas nessas pessoas; a pouca associação dos profissionais de
enfermagem do uso do cateter vesical com o surgimento de incontinência urinária e a
pouca abordagem quanto aos cuidados pós retirada do cateter vesical para rastrear a
ocorrência de incontinência urinária; já a terceira e última categoria, ancorada no
componente “resultado” tratou das ações de cuidado de enfermagem identificadas no
cenário para promoção da continência urinária da pessoa idosa hospitalizada e como
ampliá-las. Conclusão:
os resultados do estudo revelam que o cuidado de enfermagem
nesse aspecto ocorre de forma tímida, pontual e não sistematizado, alertando para a
necessidade de criação de instrumentos e protocolos validados baseados em evidências
que orientem esta prática assistencial e a necessidade de sensibilização da equipe
multiprofissional, principalmente de enfermagem para com o problema.(AU)