Determinantes sociais da saúde e fatores de risco para sífilis em mulheres de uma comunidade rural
Social determinants of health and risk factors for syphilis in women from a rural community
Publication year: 2021
Os determinantes sociais da saúde são um conjunto de fatores que representam as particularidades dos indivíduos e compõem uma rede heterogênea de fatores que prejudicam, promovem ou protegem a saúde. Segundo o Ministério da Saúde, a sífilis continua ainda hoje um problema de saúde pública para o Brasil. Dentre seus fatores de risco em mulheres de comunidades rurais destacam-se: acesso restrito aos serviços de saúde, retardo no diagnóstico e intervenção precoce, relações sexuais desprotegidas e falta do conhecimento acerca da sífilis acarretando diretamente nos impactos sociais dessas mulheres e nos determinantes sociais da saúde no que diz respeito as desigualdades partindo das condições da vida cotidiana. Constitui-se como objetivos da pesquisa: identificar os determinantes sociais da saúde e os fatores de risco para a sífilis em mulheres de uma comunidade rural; verificar a associação entre os determinantes sociais da saúde e os fatores de risco para a sífilis em mulheres de uma comunidade rural. Trata-se de um estudo transversal realizado com 259 mulheres de uma comunidade rural de Camaçari-BA. Os dados foram coletados no período de julho de 2019 a janeiro de 2020, mediante aplicação de um formulário que contemplava as características sociodemográficas e condições de saúde geral. Para o processamento e análise dos dados utilizou-se o software estatístico SPSS, versão 21.0. A análise descritiva foi realizada mediante números absolutos e índices percentuais. Para verificar a associação entre os determinantes sociais da saúde e os fatores de risco para a sífilis foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson, considerando uma significância estatística quando p<0,05, e análise de regressão logística múltipla para determinar quais variáveis puderam ser consideradas preditoras para a sífilis. Houve predomínio de mulheres acima de 30 anos (61,4%), de cor preta/parda (89,2%), sem antecedentes pessoas de doenças crônicas (60,2%), com início da vida sexual acima dos 16 anos (57,7%), com 1 a 3 parceiros sexuais na vida (72,9%), que usavam métodos contraceptivos (67,6%), sem uso dos preservativos em todas as relações sexuais (62,2%), conheciam sobre a transmissão e prevenção de IST (89,8%), já gestaram (91,5%) e não abortaram (74,1%). Possuíam crença religiosa (75,7%), viviam com companheiro (71,4%), possuía filho (89,6%), não contavam com grupo de apoio (57,1%), tinha até o ensino fundamental (47,1%), exercia atividade remunerada (34,3%), residia em casa própria ou cedida (86,1%), recebia menos que um salário mínimo (33,7%), parcialmente dependente financeiramente de alguém (39,4%), não recebe auxílio governamental (51,4%) e acessam exclusivamente serviços de saúde públicos (53,3%). Identificou-se associação estatística significante entre: o uso de preservativos nas relações sexuais e o uso de métodos contraceptivos com a situação de moradia (p=0,03); número de dependentes da renda (p=0,01) e acesso aos serviços de saúde (p=0,03). Com relação ao conhecimento sobre a transmissão e prevenção de IST e crença religiosa (p=0,02) demonstrou associação significativa, assim como possuir filhos (p=0,02), escolaridade (p<0,01) e renda mensal (p=0,02). Os dados revelaram desigualdades sociais que podem interferir na saúde das mulheres rurais, portanto possibilita a ampliação de ações de saúde e estratégias no intuito de atender as necessidades da população. (AU)