Alterações metabólicas em pessoas que vivem com HIV: estudo de coorte retrospectivo
Metabolic alterationn in people living with HIV: a retrospective cohort study

Publication year: 2022

Trata-se de uma coorte retrospectivo, com objetivo de verificar a ocorrência e os fatores predisponentes para alterações metabólicas em pessoas que vivem com o HIV (PVHIV) durante 60 meses ao uso da terapia antirretroviral (TARV) no município de Maceió-AL. A coleta de dados foi realizada em um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) por meio de prontuários. O seguimento da pesquisa ocorreu durante 60 meses, com início entre janeiro de 2014 e março de 2015. Foram incluídos prontuários de PVHIV, de ambos os sexos, maior de 18 anos, em acompanhamento no serviço de referência do estudo, virgem de tratamento e que tivesse iniciado o uso da TARV entre 01 de janeiro de 2014 a 30 de março de 2015; e excluídos prontuários de gestantes; indivíduos em situações de confinamento e/ou reclusos; prontuários com menos de três exames laboratoriais; prontuário de pessoas que apresentarem alguma condição clínica e/ou cognitiva que dificultasse o tratamento; pacientes que foram transferidos para outros serviços e os que foram a óbito. Uma amostra não probabilística foi formada por 123 indivíduos. Utilizou-se um instrumento semiestruturado e foi realizado um estudo piloto 30 prontuários com o objetivo de analisar a viabilidade da pesquisa e necessidade de adequações.. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética sob protocolo nº CAAE 58758316.3.0000.5393. A prevalência de alterações metabólicas em PVHIV, por meio dos exames laboratoriais, após 60 meses de uso da TARV foi 30% (n=24) com alteração de glicose, 28,7% (n=36) com alteração da pressão arterial e 70,7% (n=65) com alteração lipídica. Houve aumento significado de disglicemia, quando comprado antes e após 60 meses de TARV (p=0,013). Também foi evidenciado aumento progressivo das células TCD4+ a cada 12 meses (p<0,001) e declínio da carga viral (p<0,001).

Sofreram alteração ao longo dos meses:

colesterol (p<0,001), LDL-c 24 meses (p=0,02), 36 meses (3º ano) (p=0,018) e 60 meses (p=0,005), triglicerídeos, as alterações aconteceram já nos primeiros 12 meses (p=0,028) e no último ano do seguimento de acompanhamento de 60 meses (p=0,012). Na glicose foram registradas alterações nos 24 meses (p=0,008), 48 meses (p=0,006) e 60 meses (p=0,011) após a TARV. E as modificações na pressão arterial foram encontradas na Pressão Arterial Sistólica nos 48 meses (p=0,004) e Pressão Arterial Distólica nos 24 meses (p=0,025). Houve também associação do desfecho disglicemia e a cor branca (OR:2,5; IC:1,3-4,7 p=0,003); e hipertensão arterial com o uso de bebida alcoólica (OR:1,87; IC:0,99-3,5; p=0,053). Conclui-se que as PVHIV, acompanhadas ambulatoriamente, apresentam significativa prevalência e aumento progressivo de alterações metabólicas após 60 meses de uso da TARV, bem como fatores sociodemográficos e comportamentais associados. Assim, faz-se necessário à construção e implementação de estratégias voltadas à promoção, prevenção e controle dos fatores de risco para as alterações metabólicas nas PVHIV. Considerando a complexidade das condições crônicas, a mudança dos hábitos de vida e identificação precoce de outros fatores de risco deve ser o foco das ações voltadas às PVHIV.
This is a retrospective cohort, with the objective of verifying the occurrence and the predisposing factors for metabolic alterations in people living with HIV (PLHIV) for 60 months using antiretroviral therapy (ART) in the city of Maceió-AL. Data collection was performed in a Specialized Care Service (SAE) through medical records. The follow-up of the research took place for 60 months, starting between January 2014 and March 2015. Records of PLHIV, of both sexes, over 18 years of age, being followed up at the reference service of the study, new to treatment and who were had started using ART between January 1, 2014 and March 30, 2015; and excluded the medical records of pregnant women; individuals in situations of confinement and/or inmates; medical records with less than three laboratory tests; medical records of people who have some clinical and/or cognitive condition that would make treatment difficult; patients who were transferred to other services and those who died. A nonprobabilistic sample consisted of 123 individuals. A semi-structured instrument was used and a pilot study was carried out on 30 medical records with the objective of identifying and correcting weaknesses in the research. The project was approved by the ethics committee under protocol nº CAAE 58758316.3.0000.5393. The prevalence of metabolic alterations in PLHIV, through laboratory tests, after 60 months of ART use was 30% (n=24) with glucose alterations, 28.7% (n=36) with alterations in blood pressure and 70.7% (n=65) with lipid alteration. There was a significant increase in dysglycemia when purchased before and after 60 months of ART (p=0.013). There was also a progressive increase in CD4+ T cells every 12 months (p<0.001) and a decline in viral load (p<0.001).

Changed over the months:

cholesterol (p<0.001), LDL-c 24 months (p=0.02), 36 months (3rd year) (p=0.018) and 60 months (p=0.005), triglycerides, changes occurred in the first 12 months (p=0.028) and in the last year of the 60-month follow-up (p=0.012). Changes in glucose were recorded at 24 months (p=0.008), 48 months (p=0.006) and 60 months (p=0.011) after ART. And changes in blood pressure were found in systolic blood pressure at 48 months (p=0.004) and diastolic blood pressure 24 months (p=0.025). There was also an association between dysglycemia and white skin color (OR:2.5; CI:1.3-4.7 p=0.003); and arterial hypertension with the use of alcoholic beverages (OR:1.87; CI:0.99-3.5; p=0.053). It is concluded that PLHIV, monitored in an outpatient setting, have a significant prevalence and progressive increase in metabolic alterations after 60 months of ART use, as well as associated sociodemographic and behavioral factors. Thus, it is necessary to build and implement strategies aimed at promoting, preventing and controlling risk factors for metabolic changes in PLHIV. Considering the complexity of chronic conditions, changing lifestyle habits and early identification of other risk factors should be the focus of actions aimed at PLHIV