Publication year: 2023
Introdução:
As crianças e os adolescentes transgêneros e seus responsáveis vivenciam desafios para a visibilidade de suas necessidades frente ao contexto cisnormativo que os vulnerabilizam, demandando redes de apoio e políticas de saúde que se estruturem em modelo protetor. Objetivo:
Analisar a rede social das mães, pais ou responsáveis por crianças ou adolescentes transgêneros. Método:
Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, fundamentado nas dimensões estrutura, função e dinâmica do referencial teórico-metodológico de Rede Social. A produção de dados ocorreu entre agosto e outubro de 2021, com 33 mães, pais e responsáveis por crianças ou adolescentes transgêneros, selecionados por meio de amostragem snowball. As entrevistas individuais foram audio/videogravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra e viabilizaram a construção dos mapas de rede; as falas foram submetidas à técnica de Análise de Conteúdo, modalidade temática, com auxílio do software IRaMuTeQ determinando as categorias temáticas. Resultados:
As redes primárias se apresentaram pequenas e com poucas pessoas que interagem para o apoio. A família se configurou como primeira rede de socialização com maior função/responsabilização e sobrecarga materna. As dinâmicas revelaram vínculos frágeis e conflituosos com familiares/parentes, amigos, colegas e vizinhos, com destaque para a figura do homem. Nas redes secundárias, foram identificados vínculos fortes com ambulatórios especializados do Sistema Único de Saúde e Organizações Não Governamentais. Foram identificados vínculos frágeis, conflituosos, interrompidos e rompidos no âmbito da rede de atenção em função da falta de ambiência, despreparo técnico de profissionais da saúde e escassos serviços habilitados para pessoas trans no período infanto-juvenil. A dinâmica escolar apresentou situações de transfobia, medo, falta de acolhimento e preconceitos. Os serviços sociais apresentaram vínculos fortes, mas também conflituosos, com situações de negação de direitos. Considerações finais:
As redes sociais apresentaram limitações para o apoio eficaz e necessidade de fortalecimento, sendo a sua análise importante ferramenta para a prática assistencial, estruturação de políticas, construção de linha de cuidado transespecífica e de tecnologias educacionais para o empoderamento com vistas ao apoio à transgeneridade.
Introduction:
Transgender children, adolescents and their guardians experience challenges to earn visibility for their needs in the cisnormative context that makes them vulnerable, in need of support networks and health policies that are structured in a protective model. Objective:
To analyze the social network of mothers, fathers or guardians of transgender children or adolescents. Method:
Qualitative, descriptive and exploratory study, based on the structural, functional and dynamic dimensions of the Social Network theoretical and methodological framework. The data collection took place between August and October/2021, having as participants 33 mothers, fathers and guardians of transgender children or adolescents, whose selection was made through the snowball technique. The individual interviews were audio/videotaped and transcribed in full, which enabled the construction of the network maps; the speeches were submitted to Content Analysis, thematic mode, with the aid of software IRaMuTeQ. Results:
The primary networks were small and with few people interacting for support. The family was shown to be the first social network with greater function/responsibility, with maternal overload. The dynamics revealed fragile and conflicting bonds with family members/relatives, friends, colleagues, and neighbors, especially male figures. In the secondary networks, strong bonds were identified with specialized clinics of the official Public Health System (SUS) and Non-Governmental Organizations. Fragile, conflicting, interrupted, and broken links were identified in the healthcare network due to the lack of ambiance, technical unpreparedness of health professionals, and the scarcity of qualified services for trans people in the childhood and youth period. The school dynamics presented situations of transphobia, fear, exclusion, and prejudice. The social services showed strong bonds, but also conflicting ones, with situations of denial of rights. Conclusion:
Social networks showed limitations for effective support and a need for strengthening, and this analysis is an important tool for care practice, policy structuring, construction of a trans-specific line of care and educational technologies for empowerment with the goal of supporting transgender peo