Religiosidade/Espiritualidade (R/E) e Enfermagem: conhecimentos, experiências e práticas profissionais em um hospital geral
Religiosity/Spirituality (R/S) and Nursing: knowledge, experiences and professional practices in a general hospital

Publication year: 2022

Esta Tese teve como objetivo principal investigar os conhecimentos e as experiências pessoais de enfermeiros(as) que trabalham em um hospital geral acerca da R/E (religiosidade/espiritualidade), bem como suas práticas em relação a esse domínio. Esta Tese foi construída a partir de três estudos independentes.

O primeiro foi uma revisão integrativa que buscou responder à questão:

de que modo a R/E está presente na atuação profissional em Enfermagem? O levantamento foi realizado em seis bases de dados/bibliotecas, incluindo artigos publicados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2021, totalizando 21 estudos recuperados a partir dos critérios de elegibilidade. O segundo foi um estudo qualitativo composto por entrevistas com 34 profissionais de enfermagem e o terceiro foi de caráter quantitativo, realizado por meio de formulário on-line contendo instrumentos de rastreio em saúde mental e de avaliação da R/E, respondido por 66 enfermeiros em um primeiro momento e, após a instalação da pandemia, por 15 respondentes. Todos os participantes dos dois estudos empíricos atuam em um hospital geral localizado no interior do estado de São Paulo (Brasil). Os resultados dos estudos deram origem a artigos que foram apresentados nos sete capítulos da presente Tese. As principais evidências da revisão, sumarizadas no Capítulo 1, apontaram que a R/E se mostra presente na prática em Enfermagem por meio de algumas atitudes, disposições e comportamentos que se mostram indispensáveis para o cuidado religioso-espiritual. Alguns contextos parecem evocar mais essa necessidade como, por exemplo, quando existe maior contato com a iminência da morte, como nos cuidados paliativos. Os Capítulos 2 a 5 referemse ao estudo qualitativo. Seus resultados destacam conhecimentos informais dos conceitos envolvendo a R/E, não havendo um protocolo interventivo em relação à R/E na instituição. Os(as) participantes reconhecem essa dimensão como um recurso, fonte de significado e transcendência diante do adoecimento, mas ausente na atuação de alguns dos entrevistados e, sobretudo, na formação teórica e prática durante a graduação em Enfermagem. No manejo da R/E no cuidado ao paciente/usuário, o respeito é destacado como essencial. Os(as) respondentes referem a necessidade de treinamentos institucionais, assim como o acolhimento dos aspectos religiosos-espirituais da própria equipe. Por fim, os Capítulos 6 e 7 referem-se ao estudo quantitativo. Foi possível predizer que os(as) enfermeiros(as) que possuem maior nível de R/E relacionada ao bem-estar existencial (B= ,774; t = 7,023; p < 0,001) apresentaram maior bemestar subjetivo, reforçando essa dimensão como um aspecto que promove influência positiva na saúde mental. Não foram identificadas mudanças significativas nos níveis de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar espiritual dos(as) enfermeiros(as) durante a pandemia da COVID-19, mas constata-se que durante esse período esses(as) profissionais tiveram níveis de bem-estar psicológico e subjetivo reduzido, apresentando mais preocupações que levam à perda de sono, tensão, menor confiança em si mesmo e menor capacidade de enfrentar os problemas. Em suma, a Tese permitiu compreender que a R/E é uma dimensão fortemente presente na realidade desses(as) enfermeiros(as), convidando-os(as) a rever paradigmas, protocolos e políticas que tratam do assunto no fazer em enfermagem, possibilitando, de fato, o acolhimento da R/E.
This thesis aimed to investigate the knowledge and personal experiences of nurses working in a general hospital about R/S (religiosity/spirituality), as well as their practices concerning this domain. This thesis is constructed from three independent studies.

The first was an integrative review that sought to answer the question:

in what way is the R/S present in professional nursing practice? The review was carried out in six databases/libraries, including articles published between January 2008 and December 2021. The total of studies retrieved from the eligibility criteria was 21. The second was a qualitative study composed of interviews with 34 nurses. The third was a quantitative study, carried out using an online form containing mental health screening and R/S assessment instruments, answered by 66 nurses in the first moment and, after the pandemic, by 15 respondents. All participants of the two empirical studies work in a general hospital located in the countryside of the state of São Paulo (Brazil). The results of the studies gave rise to seven articles presented by individuals chapters. The evidence of the review, presented in Chapter 1, pointed out that the R/S is present in Nursing practice through some attitudes, dispositions, and behaviors that are indispensable for religious-spiritual care. Some contexts seem to evoke this need more, for example, when there is contact with the imminence of death, as in palliative care. Chapters 2 to 5 refer to the qualitative study. Its results highlight informal knowledge of the concepts involving the R/S, there being no intervening protocol concerning the R/S in the institution. The participants recognize this dimension as a coping resource, source of meaning, and transcendence in the face of illness, but absent in the performance of some of the interviewees and, above all, in the theoretical and practical training during undergraduate nursing. In the approach of the R/S in patient/user care, respect was highlighted as essential. The nurses mention the need for institutional training, as well as the embracing of the religious-spiritual aspects of the team itself. Finally, Chapters 6 and 7 refer to the quantitative study. It was possible to predict that nurses with higher levels of R/S related to existential well-being (B= .774; t = 7.023; p < 0.001) had greater subjective well-being, reinforcing this dimension as an aspect that promotes positive influence on mental health. No significant changes were identified in the levels of subjective well-being, psychological wellbeing, and spiritual well-being of nurses' during the COVID-19 pandemic. But it was found that during this period these professionals had reduced levels of psychological and subjective wellbeing, presenting more worries leading to loss of sleep, tension, less self-confidence, and less ability to face problems. In summary, the thesis allowed us to understand that the R/S is a dimension strongly present in the reality of these nurses, inviting them to review paradigms, protocols, and policies that deal with the subject in nursing practice, allowing the welcoming of the R/S.