O uso de plantas medicinais e a qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes com câncer
The use of medicinal plants and the health-related quality of life of cancer patients

Publication year: 2022

As práticas integrativas têm crescido em importância como terapia complementar ao tratamento do câncer, as plantas medicinais despontam como uma das modalidades mais aceitas e propagadas em todo mundo, seu uso tradicional e a transmissão oral dos conhecimentos a respeito de seus fins terapêuticos sustentam sua utilização, assim como inúmeros estudos que confirmam a sua eficácia e segurança. Sua utilização por pacientes com câncer é um fenômeno que vem sendo evidenciado.

Objetivo:

correlacionar a utilização das plantas medicinais por pacientes com câncer e a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS).

Método:

estudo descritivo e correlacional, quantitativo e de corte transversal, com uma amostra de conveniência de 131 pacientes em tratamento quimioterápico. Foram utilizados para a coleta de dados um questionário semiestruturado com questões sociodemográficas e relativas ao uso de plantas medicinais e o instrumento EORTC QLQ-C30 para avaliar a QVRS. Foi testada a consistência interna do instrumento com a medida Alfa de Cronbach=0,867 evidenciando que o instrumento é adequado para essa população. Foi realizado o teste qui-quadrado para verificar possíveis associações entre as variáveis. Para comparação das variáveis quantitativas, entre os Grupos (G1 x G2), foi utilizado o teste t de Student. O nível de significância adotado nos testes foi de 5%, ou seja, foram consideradas significativas as comparações cujo p<0,05.

Resultados:

os dados sociodemográficos mostraram prevalência do gênero feminino na amostra total, 54,1%; a faixa etária dos 51 a 60 anos foi a maioria dos pacientes (26,7%), seguido pela faixa etária dos 61 a 70 anos (24,4%). O nível fundamental foi referido por 51,9%, seguido pelo ensino médio 22,9%; a renda familiar de 1 salário-mínimo teve mais citações (36,6%). Os pacientes que usavam plantas medicinais eram 71,5% e 38,5% as obtinham em quintais ou as cultivava, as plantas mais citadas foram camomila, graviola, hortelã, ora-pro-nóbis e erva-cidreira. Na avaliação da QVRS com o EORTC QLQ-C30 foi feita a comparação entre os grupos, G1 (usam plantas) e G2 (não usam plantas), em todas as variáveis G1 apresentou melhores escores na comparação com G2, as maiores diferenças entre as médias foram na Função Emocional (p=0,0174) e na Função Social (p=0,0463). Na escala de sintomas as maiores diferenças foram em relação à Dor e Náusea e Vômitos, sem significância estatística na diferença entre as médias. Em todas as outras variáveis G1 apresentou melhores escores na comparação com G2.

Conclusão:

Os resultados apresentados mostraram o perfil sociodemográfico e as características inerentes ao consumo de plantas medicinais por pacientes com câncer, possibilitaram relacionar a QVRS desses pacientes à utilização dessa forma de medicina complementar e alternativa. Os dados encontrados evidenciaram que o Grupo G1 que utilizavam as plantas medicinais apresentaram melhores escores de QVRS nas funções emocional e social com diferença estatisticamente significante, em relação as escalas de sintomas o G1 apresentou menos sintoma de dor, náuseas e vômitos, porém sem diferença significativa, sugerindo que o uso das plantas medicinais pode auxiliar na melhora da QVRS.
Integrative practices have grown in importance as a complementary therapy to cancer treatment, medicinal plants are emerging as one of the most accepted and propagated modalities worldwide, their traditional use and the verbal transmission of knowledge about their therapeutic purposes support their application, as well as numerous studies that confirm its efficacy and safety. Its use by cancer patients is a phenomenon that has been evidenced.

Objective:

to correlate the use of medicinal plants by cancer patients and health-related quality of life (HRQoL).

Method:

descriptive and correlational study, quantitative and cross-sectional study, with a convenience sample of 131 patients undergoing chemotherapy. A semi-structured questionnaire with sociodemographic questions, and questions related to the use of medicinal plants and the EORTC QLQ-C30 instrument were used for data collection to assess HRQoL. The instrument internal consistency was tested with Cronbach's Alpha measure = 0.867, showing that the instrument is suitable for this population. The chi-square test was performed to verify possible associations between the variables. To compare the quantitative variables between the Groups (G1 x G2), the Student's t test was used. The significance level adopted in the tests was 5%, that is, comparisons with p<0.05 were considered significant.

Results:

sociodemographic data showed a prevalence of females in the total sample, 54.1%; the age group from 51 to 60 years old was the majority of patients (26.7%), followed by the age group from 61 to 70 years old (24.4%). Elementary level was mentioned by 51.9%, followed by high school 22.9%; the family income of 1 minimum wage had more citations (36.6%). Patients who used medicinal plants were 71.5% and 38.5% obtained them in backyards or cultivated them, the most cited plants were chamomile, soursop, mint, ora-pro-nóbis and lemon balm. In the evaluation of HRQoL with the EORTC QLQ-C30, a comparison was made between the groups, G1 (using plants) and G2 (not using plants), in all variables G1 presented better scores in comparison with G2, the greatest differences between the means were in the Emotional Function (p=0.0174) and in the Social Function (p=0.0463). In the symptoms scale, the biggest differences were in relation to pain, nausea, and vomiting, with no statistical significance in the difference between the means. In all other variables, G1 presented better scores in comparison with G2.

Conclusion:

The results presented showed the sociodemographic profile and the characteristics inherent to the consumption of medicinal plants by cancer patients, making it possible to relate the HRQoL of these patients to the use of this form of complementary and alternative medicine. The data found showed that the G1 Group that used medicinal plants had better HRQoL scores in emotional and social functions, with a statistically significant difference, in relation to the symptom scales, G1 had fewer symptoms of pain, nausea, and vomiting, but without significant difference, suggesting that the use of medicinal plants can help improve HRQoL.