Publication year: 2018
Introdução:
O nascimento pré-termo, que ocorre antes das 37 semanas de idade gestacional, tem sido considerado como problema de saúde pública, de etiologia multifatorial, que engloba uma série de fatores em contextos sociais complexos. Os nascimentos prematuros se dividem em subcategorias em função da idade gestacional, sendo prematuros tardios os nascidos entre 34 e 36 semanas e 6 dias, correspondendo a cerca de 74% desses recém-nascidos. Objetivo:
Identificar fatores maternos associados à prematuridade tardia e não tardia, em um hospital geral de Porto Alegre. Método:
Trata-se de estudo do tipo caso-controle, retrospectivo, com tamanho amostral de 1215 mulheres, no qual foram incluídas 405 no grupo de casos, sendo 280 mães de prematuros tardios e 125 mães de prematuros não tardios; e no grupo de controles 810 mães de recém-nascidos à termo, com um caso para cada dois controles (1:2). Os dados foram obtidos dos prontuários dessas mulheres, coletados em um hospital geral de referência para gestação de alto risco na cidade de Porto Alegre/RS. A análise foi de regressão logística multinomial, com modelo hierarquizado. Os quatro blocos definidos para variáveis no modelo hierarquizado foram:
características sociodemográficas maternas, história obstétrica e reprodutiva materna, condições maternas durante a gestação e pré-natal, e intercorrências maternas na gestação atual. Resultados:
No modelo final, foi evidenciada associação estatisticamente significativa ao nascimento prematuro tardio e não tardio com as seguintes variáveis: procedência interior/litoral (OR=5,88; IC 95%: 3,89-8,89 vs OR=8,01; IC 95%: 4,81-13,32), história prévia de trabalho de parto prematuro (OR=2,48; IC 95%: 1,41-4,37 vs OR=4,52; IC 95%: 1,62-4,84), história de síndromes hipertensivas da gestação anterior (OR=2,80; IC 95%: 1,62-4,84 vs OR=2,55; IC 95%: 1,21-5,38) hospitalização na gestação (OR=2,70; IC 95%: 1,65-4,38 vs OR=2,31; IC 95%: 1,17-4,58), gemelaridade (OR=4,99; IC 95%: 2,20-11,31 vs OR=2,33; IC 95%: 2,33-15,42), descolamento prematuro de placenta (OR=37,12; IC 95%: 4,48-307,46 vs OR=51,49; IC 95%: 5,35-495,00), síndromes hipertensivas na gestação atual (OR=3,44; IC 95%: 2,21-5,35 vs OR=4,39; IC 95%: 2,48-7,78), restrição de crescimento intrauterino (OR=5,25; IC 95%: 2,26-12,17 vs OR=4,33; IC 95%: 1,27-14,75), e alteração no volume de líquido amniótico (OR=4,13; IC 95%: 1,89-9,01 vs OR=3,83; IC 95%: 1,49-9,86). Os fatores de risco estatisticamente associados somente a prematuridade tardia foram:
histórico de três ou mais cesarianas anteriores (OR=4,20; IC 95%: 1,41-12,53) e hipertensão prévia (OR=2,00; IC 95%: 1,15-3,49); para a prematuridade não tardia foram: o histórico obstétrico de descolamento prematuro de placenta em gestação anterior (OR=12,42; IC 95%: 2,02-76,11), a não realização de pré-natal (OR=3,85; IC 95%: 1,03-14,40), o uso de bebida alcoólica (OR=4,00; IC 95%: 1,31-12,24), e a presença de infecção do trato urinário (OR=1,59; IC 95%: 1,00-2,53).Conclusão:
Ainda que a maioria dos fatores de risco tenham sido identificados como comuns aos dois grupos, a diferença entre a magnitude das razões de chances entre os mesmos para os fatores em estudo variou entre 0,3 e 12,00, o que pode indicar que a exposição ao fator talvez incida de forma diferente na contribuição para a ocorrência da prematuridade entre os grupos. Sugere-se a realização de outros estudos de base populacional que possam elucidar os diferentes fatores de risco entre os subgrupos de prematuros, para que oportunamente seja possível elaborar estratégias de prevenção e minimização dos danos decorrentes destes nascimentos.
Introduction:
The preterm birth, which occurs before 37 weeks of gestational age, has been considered a public health problem of multifactorial etiology, which encompasses several factors in complex social contexts. The preterm births are divided into subcategories depending on the gestational age, considering late preterm births happening between 34-36 weeks and 6 days, corresponding to about 74% of these newborns. Objective:
To identify maternal factors associated with late and non-late prematurity in a general hospital of Porto Alegre. Method:
It is a retrospective case-control study with a sample size of 1215 women, in which 405 were included in the group of cases, 280 mothers of late preterm infants and 125 mothers of non-late preterm infants; and in the control group 810 mothers of full-term newborns, with one case for every two controls (1:2). The data were obtained from the medical records of these women, collected at a general reference hospital for high-risk gestation in the city of Porto Alegre/RS. The analysis was that of multinomial logistic regression, with a hierarchical model. The four blocks defined for variables in the hierarchical model were:
maternal sociodemographic characteristics, maternal obstetric and reproductive history, maternal conditions during the gestation and prenatal care, and maternal intercurrences in the current gestation. Results:
In the final model, there was a statistically significant association of the late and non-late preterm birth with the following variables: country side/coastal origin (OR=5.88; CI 95%: 3.89-8.89 vs OR=8.01; CI 95%: 4.81-13.32), previous history of preterm labor (OR=2.48; CI 95%: 1.41-4.37 vs OR=4.52; CI 95%: 1.62-4.84), history of hypertensive syndromes in a previous gestation (OR=2.80; CI 95%: 1.62-4.84 vs OR=2.55; CI 95%: 1.21-5.38), hospitalization during gestation (OR=2.70; CI 95%: 1.65-4.38 vs OR=2.31; CI 95%: 1.17-4.58) twin pregnancy (OR=4.99; CI 95%: 2.20-11.31 vs OR=2.33; CI 95%: 2.33-15.42), placental abruption (OR=37.12; CI 95%: 4.48-307.46 vs OR=51.49; CI 95%: 5.35-495.00), hypertensive syndromes in the current gestation (OR=3.44; CI 95%: 2.21-5.35 vs OR=4.39; CI 95%: 2.48-7.78), intrauterine growth restriction (OR=5.25; CI 95%: 2.26-12.17 vs OR=4.33; CI 95%: 1.27-14.75), and altered volume of amniotic fluid (OR=4.13; CI 95%: 1.89-9.01 vs OR=3.83; CI 95%: 1.49-9.86). The risk factors associated only with late prematurity were:
history of three or more previous cesarean sections (OR=4.20; CI 95%: 1.41-12.53) and previous hypertension (OR=2.00; CI 95%: 1.15-3.49); for non-late prematurity were: obstetric history of placental abruption in previous gestation (OR=12.42; CI 95%: 2.02-76.11), not perform prenatal care (OR=3.85; CI 95%: 1.03-14.40), alcohol intake (OR=4.00; CI 95%: 1.31-12.24), and presence of urinary tract infection (OR=1.59; CI 95%: 1.00-2.53). Conclusion:
Although most of the risk factors have been identified as common to both groups, the difference between the magnitude of the odds ratios between the same factors for the study ranged from 0.3 to 12.00, which may indicate that the exposure to the factor may differ in the contribution to the occurrence of prematurity between the groups. It is suggested other population-based studies that can elucidate the different risk factors among the subgroups of preterm infants, so that timely strategies can be developed to prevent and minimize the damages resulting from these births.