Mobilidade à alta da UCI e sua relação com tempo de internamento e mortalidade hospitalar

Publication year: 2024

O internamento em cuidados intensivos pode acompanhar-se de importantes efeitos adversos para utentes, que se prolongam além da estadia na unidade. A mobilização precoce faz parte de um conjunto de intervenções que procuram minimizar esses efeitos e é hoje unanimemente considerada como segura e benéfica. Importa então perceber em que medida está a ser implementada na prática e quais os seus reais benefícios.

Objetivos:

Caraterizar a mobilização dos doentes no Serviço de Medicina Intensiva da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco; correlacionar o nível de mobilidade à alta da UCI com os desfechos pós-cuidados intensivos, nomeadamente: tempo de internamento pós-cuidados intensivos e mortalidade hospitalar.

Métodos:

Estudo do tipo observacional, retrospetivo, realizado no serviço de Medicina Intensiva da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, com base na metodologia quantitativa de investigação.

Resultados:

Dos 244 utentes analisados, 54,5% atingiram o ortostatismo no decorrer do internamento e 36,5% conseguiram a deambulação. O tempo de internamento entre a saída da UCI e a alta hospitalar foi em média de 8,0 ± 7,5 dias. Os utentes que, à alta, permaneciam em repouso no leito tiveram internamentos superiores a doentes em deambulação (p = 0,014); e doentes que realizavam atividades no leito tiveram também tempos de internamento superiores aos que faziam ortostatismo ou deambulação (p = 0,026 e 0,002 respetivamente). A mortalidade pós-UCI foi de 5,7%, verificando-se uma forte relação com a mobilidade na alta da UCI (p < 0,001), com os utentes com menor mobilidade a apresentarem mortalidade superior ao esperado.

Conclusão:

Os níveis de mobilidade encontrados neste trabalho estão em linha com a realidade internacional. Doentes que, durante a estadia nos cuidados intensivos, alcançam níveis mais elevados de mobilidade têm internamentos mais curtos e menor mortalidade.
Admission to intensive care can be accompanied by significant adverse effects for patients, which last beyond their stay in the unit. Early mobilization is part of a set of a bundle to minimize these effects and is now unanimously considered to be safe and beneficial. It is therefore important to understand how it is being implemented in practice and what its real benefits are.

Aim:

To characterize the mobilization of patients in the Intensive Care Unit of the Local Health Unit of Castelo Branco; to correlate the level of mobility at discharge from the ICU with post-intensive care outcomes, namely: length of stay after intensive care and hospital mortality.

Methods:

. This was an observational, retrospective study carried out in the Intensive Care Medicine department of the Castelo Branco Local Health Unit, based on quantitative research methodology.

Results:

Of the 244 patients analysed, 54.5% achieved orthostatism during hospitalization and 36.5% achieved deambulation. The average length of stay between leaving the ICU and hospital discharge was 8.0 ± 7.5 days. Patients who remained at bed rest at discharge had longer hospital stays than patients who were ambulating (p = 0.014); and patients who performed activities in bed also had longer hospital stays than those who were orthostatic or ambulating (p = 0.026 and 0.002 respectively). Post-ICU mortality was 5.7%, and there was a strong correlation with mobility on discharge from the ICU (p < 0.001), with less mobile patients having a higher mortality rate than expected.

Conclusion:

. The mobility levels founded in this study are in line with international reality. Patients who achieve higher levels of mobility during their stay in intensive care have shorter hospital stays and lower mortality.