Relação entre os sinais vitais e as concentrações plasmáticas de óxido nítrico
Relationship between vital signs and plasma nitric oxide concentrations

Publication year: 2024

A sepse e o choque séptico são as principais preocupações globais de saúde no mundo e um grave problema de saúde no Brasil, sendo uma das principais causas de mortalidade nas unidades de terapia intensiva. O óxido nítrico na fisiopatologia da sepse tem sido usado como um biomarcador de gravidade em pacientes sépticos devido as alterações hemodinâmicas microvascular e sistêmicas, refletindo em alterações dos sinais vitais, causadas pelo excesso de óxido nítrico. O objetivo deste trabalho, foi demonstrar a relevância da verificação dos sinais vitais e análise de exames laboratoriais mais comuns na sepse, correlacionado os mesmos com as concentrações plasmáticas de óxido nítrico, no sentido de monitorar o paciente com sepse e choque séptico. O estudo foi realizado em dois hospitais brasileiros, sendo o hospital A localizado no sul de minas gerais e o hospital B na região noroeste paulista, constituídos de 166 pacientes maiores de 18 anos, sendo 104 pacientes do hospital A e 62 do hospital B, que apresentaram diagnóstico de sepse e choque séptico confirmados e internados nas unidades de clínica médica/cirúrgica, urgência/emergência, maternidade e terapia intensiva. As orientações e aceite em participar do estudo foram realizadas no próprio leito do paciente após sua estabilização clínica e a abordagem aos familiares e/ou responsável legal para aqueles pacientes com instabilidade hemodinâmica. Os dados demográficos, clínicos e laboratoriais foram coletados por meio do prontuário eletrônico, a aferição dos sinais vitais e coleta de sangue após a confirmação do diagnóstico de sepse ou choque séptico, entre março de 2021 a janeiro de 2022. As amostras contendo 3 ml de sangue, identificadas e rotuladas, foram centrifugadas em rotação de 3.500 rpm, por 10 minutos a temperatura de 23ºC a 25ºC. Ao final, o sobrenadante contendo plasma sanguíneo foi desproteinizado por incubação com etanol absoluto 4ºC, mantido por 30 minutos em freezer (-20ºC). Posteriormente submetidas à centrifugação 10.000 rpm por 10 minutos à 23ºC e realizado a técnica de quimiluminescência NO/ozônio. Os resultados evidenciaram maiores concentrações plasmáticas de nitrato em pacientes com piores prognósticos e desfechos, e correlação com sinais vitais e exames laboratoriais da sepse que evidenciam a presença de disfunção orgânica. Quanto maior o nitrato maior foram os níveis de lactato plasmático, ureia, creatinina, potássio e tempo de protrombina, e menores a contagem das plaquetas no sangue. Dentre os sinais vitais, os valores da temperatura corporal, a pressão diastólica e a pressão arterial média foram menores quando evidenciado maiores concentrações de nitrato. Em conjunto, os resultados encontrados mostram que o aumento da concentração do nitrato se associa com a gravidade da sepse e entre as alterações dos sinais vitais, a hipotermia mostrou-se um dado vital de alerta à gravidade clínica dos pacientes. As alterações da frequência respiratória e a pressão sistólica são componentes de escores de gravidade utilizados na prática clínica atual, porém esses sinais vitais não foram evidenciados como sinalizadores de alerta à gravidade de pacientes sépticos.
Sepsis and septic shock are the main global health concerns in the world and a serious health problem in Brazil, being one of the main causes of mortality in intensive care units. Nitric oxide in the pathophysiology of sepsis plays as a biomarker of severity in septic patients due to microvascular and systemic hemodynamic changes, reflecting changes in vital signs caused by excess nitric oxide. The objective of this work was to demonstrate the relevance of checking vital signs and analyzing the most common laboratory tests in sepsis, correlating them with plasma nitric oxide concentrations, in order to monitor patients with sepsis and septic shock. The study was carried out in two Brazilian hospitals - hospital A located in the south of Minas Gerais and hospital B in the northwestern region of São Paulo - consisting of 166 patients over 18 years old, 104 patients from hospital A and 62 from hospital B, which had had a confirmed diagnosis of sepsis and septic shock and were admitted to medical/surgical, urgency/emergency, maternity and intensive care units. The instructions and acceptance to participate in the study were carried out at the patient's own bed after clinical stabilization and the approach to family members and/or legal guardians for those patients with hemodynamic instability. Demographic, clinical and laboratory data were collected through electronic medical records, measurement of vital signs and blood collection after confirmation of the diagnosis of sepsis or septic shock, between March 2021 and January 2022. Samples containing 3 ml of blood, identified and labeled, were centrifuged at 3,500 rpm for 10 minutes at a temperature of 23ºC to 25ºC. Finally, the supernatant containing blood plasma was deproteinized by incubation with absolute ethanol at 4ºC, kept for 30 minutes in a freezer (-20ºC). Subsequently, they were subjected to centrifugation at 10,000 rpm for 10 minutes at 23ºC and the NO/ozone chemiluminescence technique was performed. The results showed higher plasma nitrate concentrations in patients with worse prognoses and outcomes, and correlation with vital signs and sepsis laboratory tests that demonstrate the presence of organic dysfunction. The higher the nitrate, the higher the levels of plasma lactate, urea, creatinine, potassium and prothrombin time, and the lower the blood platelet count. Among vital signs, body temperature, diastolic pressure and mean arterial pressure values were lower when there was higher nitrate concentrations. Altogether, the results found show that the increase in nitrate concentration is associated with the severity of sepsis and among the changes in vital signs, hypothermia proved to be a vital indicator of the clinical severity of patients. Respiratory rate and systolic pressure are components of severity scores used in current clinical practice, but these vital signs have not been demonstrated as warning signs of the severity of septic patients.