Práticas assistenciais em partos de risco habitual assistidos por enfermeiras obstétricas em um hospital público de Porto Alegre
Publication year: 2018
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, de caráter analítico, com abordagem quantitativa, realizado no centro obstétrico de um hospital público de Porto Alegre/RS, no período de março a agosto de 2017. Os objetivos do estudo foram caracterizar as práticas assistenciais, os desfechos obstétricos e neonatais em partos de risco habitual assistidos por enfermeiras obstétricas em um hospital público de Porto Alegre e comparar as práticas assistenciais realizadas no ano de início do modelo colaborativo (2013) com as práticas assistenciais realizadas em 2016. A amostra foi constituída por 564 parturientes de risco habitual com parto assistido por enfermeiras obstétricas no período de 2013 a 2016. Os dados foram coletados dos prontuários das parturientes e analisados por meio do software SPSS versão 16.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Grupo Hospitalar Conceição (nº 16278). Entre as parturientes a maioria era branca (73,2%), com média de idade de 25,6 anos, com escolaridade predominante de ensino fundamental (61%) e ocupação do lar (51,2%). A média de idade gestacional foi de 39 semanas. O motivo de internação mais prevalente foi o trabalho de parto com presença de bolsa íntegra (68%).
Foram encontradas elevadas frequências de práticas assistenciais benéficas para as mulheres:
presença de acompanhante no trabalho de parto e parto (97%), uso de partograma (92,7%), administração de dieta líquida por via oral (88,8%), uso de tecnologias obstétricas não invasivas (100%) e posições verticais no parto (73,1%) e para os recém-nascidos: clampeamento tardio do cordão umbilical (88,3%) e contato pele a pele por uma hora ou mais (93,4%) em partos assistidos por enfermeiras obstétricas no hospital estudado, cujas práticas estão, em sua maioria, em conformidade com as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.No entanto, os achados deste estudo sugerem que existem práticas assistenciais que carecem de avanços, como a adequação do número de toques vaginais em relação à duração do trabalho de parto e a redução da prática de amniotomia, a qual, apesar de não ser realizada de maneira rotineira, foi uma prática com aumento percentual de 40% no período estudado.A comparação das práticas assistenciais nos anos de 2013 e 2016 revelou redução de intervenções desnecessárias:
tricotomia (-100%), tonsura (-43,8%), uso de supositório retal (-85,8%), cateterização vesical (-73,1%), cateterização venosa (-58,9%), uso de ocitocina (-70,2%), uso de agentes sistêmicos para alívio da dor (-78,7%), analgesia peridural (-69,6%) e episiotomia (-63,9%) e crescimento percentual de práticas consideradas benéficas para as mulheres e os recém-nascidos: presença de acompanhante no trabalho de parto e parto (+3,1%), uso de partograma (+33,7%), administração de dieta líquida por via oral (+11,9%), posições verticais no parto (+100%), clampeamento tardio do cordão umbilical (+39,5%) e contato pele a pele por uma hora ou mais (+31,8%). Frente ao modelo predominante de assistência obstétrica no Brasil, que é centrado no médico obstetra e no cuidado medicalizado e intervencionista, o modelo colaborativo de assistência ao parto mostra-se como um caminho para a atenção às mulheres de risco habitual, com respeito à fisiologia do parto e ao protagonismo da mulher, capaz de promover a redução de intervenções desnecessárias por meio da realização de práticas assistenciais que resultam em desfechos obstétricos e neonatais favoráveis.
It is about a cross-sectional, retrospective, analytical, with quantitative approach study, performed at obstetrical center of a public hospital from Porto Alegre/RS, between March and August 2017. The objectives of the study were to characterize care practices, obstetric and neonatal outcomes in habitual risk childbirth assisted by obstetric nurses in a public hospital in Porto Alegre and to compare the care practices carried out in the year of beginning the collaborative model (2013) with the care practices carried out in 2016. The sample consisted of 564 parturients of habitual risk with childbirth assisted by obstetric nurses from 2013 to 2016. The data were collected from parturients medical records and analyzed by SPSS software version 16.0. The Research Ethics Committee at the Grupo Hospitalar Conceição approved the Project (nº 16278). Among the parturients, the majority were caucasian (73,2%), with an average age of 25.6 years, had attended primary school (61%) and were homemakers (51,2%). Mean gestational age was 39 weeks. The most prevalent reason for hospitalization was labor with amniotic sac intact (68%). Were found high frequencies of assistance practices beneficial to the woman’s: presence of companion in labor and birth (97%), use of partogram (92,7%), oral liquid diet offering (88,8%), use of obstetric technologies noninvasive (100%) and vertical positions in childbirth (73,1%) and for newborns: late delayed umbilical cord clamping (88,3%) and skin-to-skin contact until one hour or more (93,4%) on childbirths assisted by obstetric nurses on the studied hospital, are the practices are, in their majority, in accordance with the recommendations of the Ministry of Health and World Health Organization. However, the findings of this study suggest that exist assistance practices that need advances, like the adequacy of the number of vaginal touches in relation of the duration of the labor and the reduction of the practice of amniotomy, which although not routinely performed, was a practice with a percentage increase of 40% in the studied period.