Perpetração de violências nas relações afetivas íntimas de adolescentes em situação de acolhimento: sob a ótica da enfermagem
Perpetration of violence in the intimate affective relationships of adolescents in a situation of institutional care: from the perspective of nursing
Perpetración de violencias en las relaciones afectivas íntimas de adolescentes en situación de acogimiento: desde la perspectiva de la enfermería

Publication year: 2022

O presente estudo tem como objeto a perpetração de violências nas relações afetivas íntimas de adolescentes em situação de acolhimento. O estabelecimento de relações afetivas íntimas entre os adolescentes é um comportamento natural do próprio do ser humano, e quando vivida por adolescentes em acolhimento institucional, apresenta uma sequência de particularidades de dimensões individuais, estruturais e/ou sociais. Essas relações afetivas na adolescência são dotadas de novas experiências positivas e negativas, podendo ser permeada inclusive, por violência nas relações íntimas afetivas. O estudo teve como objetivo analisar a prevalência e os fatores associados às violências nas relações afetivas íntimas de adolescentes em situação de acolhimento institucional. Optou-se por um estudo quantitativo, descritivo, exploratório do tipo seccional/transversal correlacional, com amostra de 74 adolescentes em acolhimento institucional público do município do Rio de Janeiro. A análise dos dados consistiu na descrição das variáveis de maneira uni bi e multivariadas de acordo com os objetivos do estudo. Foram utilizadas as técnicas de análise descritiva, exploratória e explanatória das variáveis, estimando-se as prevalências, a razão de prevalência (RP), razão de prevalência ajustada, as médias e calculando-se os respectivos intervalos de confiança a 95%. Também foram realizados procedimentos de modelagem estatística, utilizando modelos de regressão logísticos com abordagem frequentista e bayesiana. O perfil predominante dos adolescentes estudados foi do sexo masculino, idade entre 12 a 15 anos; cores de pele parda e preta; evangélicos e de escolaridade no Ensino Fundamental II. Os dados revelaram elevados percentuais de algum tipo de violência nas relações afetivas íntimas (95,9%), sendo a psicológica e a física mais predominantes. Houve associação da cor de pele, religião e escolaridade como potencializadores de violência nas relações afetivas íntimas. Os participantes, com início de vida sexual, apresentaram maior ocorrência de violências em geral (83,1%), com prevalência na sexual (92,7%), psicológica (82,9%) e ameaça (81,6%). O uso de preservativo apresentou relação de cerca de 10 vezes a chance de perpetrar violência sexual enquanto a não vivência apresentou chances de 1,85 vezes de praticar ameaça nas relações afetivas íntimas. Os dados revelam que as violências nas relações afetivas íntimas e o uso de drogas são frequentes. As violências nas relações afetivas mais frequentes, em relação aos responsáveis, foram as relacionais (36,4%), psicológicas (31,4%) e físicas (31,1%) para algum membro familiar como responsável, e ameaça (34,2%), relacional (33,3%) e física (31,1%) para a mãe. O nível de escolaridade e a ocupação da figura paterna manifestaram-se como fatores de proteção para violências físicas e psicológicas. As violências, nas relações de um modo geral, foram mais frequentes nos grupos de amizade/pares que abandonaram os estudos e consumiam drogas lícitas e ilícitas. Recomendam-se mais estudos referentes aos desdobramentos desse tipo de violência, principalmente relacionados aos impactos negativos e positivos na vida desses sujeitos. Igualmente deve-se pesquisar a influência das unidades de acolhimento institucional e a inserção do enfermeiro nesses espaços, com intuito de compreender os efeitos dos elementos nas vidas dos adolescentes para a ocorrência de violências nas RAI.
The present study has as its object the perpetration of violence in the intimate affective relationships of adolescents in foster care. The establishment of intimate affective relationships between adolescents is a natural behavior of the human being, and when experienced by adolescents in institutional care, it presents a sequence of particularities of individual, structural and/or social dimensions. These affective relationships in adolescence are endowed with new positive and negative experiences, and may even be permeated by violence in affective intimate relationships. The study aimed to analyze the prevalence and factors associated with violence in the intimate affective relationships of adolescents in institutional care. We opted for a quantitative, descriptive, exploratory cross-sectional/correlational cross-sectional study, with a sample of 74 adolescents in public institutional care in the city of Rio de Janeiro. Data analysis consisted of the description of variables in a uni-bi and multivariate manner, according to the study objectives. Descriptive, exploratory and explanatory analysis techniques were used for variables, estimating prevalence, prevalence ratio (PR), adjusted prevalence ratio, means and calculating the respective 95% confidence intervals. Statistical modeling procedures were also performed, using logistic regression models with a frequentist and Bayesian approach. The predominant profile of the adolescents studied was male, aged between 12 and 15 years; brown and black skin colors; evangelicals and schooling in Elementary School II. Data revealed high percentages of some type of violence in intimate affective relationships (95.9%), with psychological and physical violence being more prevalent. There was an association of skin color, religion and education as potentiators of violence in intimate affective relationships. The participants, who started their sexual life, presented a higher occurrence of violence in general (83.1%), with prevalence in sexual (92.7%), psychological (82.9%) and threat (81.6%). Condom use was approximately 10 times more likely to perpetrate sexual violence, while not using a condom was 1.85 times more likely to threaten intimate relationships. The data reveal that violence in intimate affective relationships and drug use are frequent. The most frequent violence in affective relationships, in relation to those responsible, were relational (36.4%), psychological (31.4%) and physical (31.1%) for a family member as responsible, and threat (34, 2%), relational (33.3%) and physical (31.1%) for the mother. The level of education and occupation of the father figure were protective factors for physical and psychological violence. Violence, in relationships in general, was more frequent in groups of friends/peers who dropped out of school and consumed licit and illicit drugs. More studies are recommended regarding the consequences of this type of violence, mainly related to the negative and positive impacts on the lives of these subjects. Likewise, research should be carried out on the influence of institutional care units and the insertion of nurses in these spaces, with the aim of understanding the effects of elements in the lives of adolescents for the occurrence of violence in the RAI.
El presente estudio tiene como objeto la perpetración de violencia en las relaciones afectivas íntimas de adolescentes en acogimiento familiar. El establecimiento de relaciones íntimas afectivas entre adolescentes es un comportamiento natural del ser humano, y cuando es vivido por adolescentes en acogimiento institucional, presenta una secuencia de particularidades de dimensiones individuales, estructurales y/o sociales. Estas relaciones afectivas en la adolescencia están dotadas de nuevas experiencias positivas y negativas, pudiendo incluso estar permeadas por la violencia en las relaciones íntimas afectivas.

Objetivo:

analizar la prevalencia y los factores asociados a la violencia en las relaciones afectivas íntimas de adolescentes en acogimiento institucional. Estudio cuantitativo, descriptivo, exploratorio transversal/correlacional transversal, con una muestra de 74 adolescentes en instituciones públicas de cuidado en la ciudad de Rio de Janeiro.

Análisis de los datos:

descripción de las variables de forma uni-bi y multivariante, de acuerdo con los objetivos. Técnicas de análisis descriptivo, exploratorio y explicativo por variables, estimando prevalencia, razón de prevalencia (RP), razón de prevalencia ajustada, medias y cálculo de los respectivos intervalos de confianza al 95%. También se realizaron modelación estadística, utilizando modelos de regresión logística con enfoque frecuentista y bayesiano. El perfil predominante de los adolescentes fue el masculino, entre 12 y 15 años; piel marrón y negro; evangélicos y escolarización en la Escuela Primaria II.

Los datos:

altos porcentajes de algún tipo de violencia en las relaciones afectivas íntimas (95,9%), siendo más prevalente la violencia psicológica y física. Hubo asociación del color de la piel, la religión y la educación como potenciadores de la violencia en las relaciones afectivas íntimas. Los participantes, que iniciaron su vida sexual, presentaron mayor ocurrencia de violencia en general (83,1%), con predominio en sexual (92,7%), psicológica (82,9%) y amenaza (81,6%). El uso de condones fue aproximadamente 10 veces más probable de perpetrar violencia sexual, mientras que no usar condones fue 1,85 veces más probable de amenazar las relaciones íntimas. La violencia en las relaciones afectivas íntimas y el consumo de drogas son frecuentes. Las violencias más frecuentes en las relaciones afectivas fueron relacional (36,4%), psicológica (31,4%) y física (31,1%) para un familiar como responsable, y amenaza (34,2%), relacional ( 33,3%) y físico (31,1%) para la madre. El nivel educativo y la ocupación de la figura paterna fueron factores protectores para la violencia física y psicológica. La violencia, en las relaciones en general, fue más frecuente en grupos de amigos/pares que abandonaron la escuela y consumieron drogas lícitas e ilícitas. Asimismo, se debe realizar una investigación sobre la influencia de las unidades de atención institucional y la inserción de los enfermeros en estos espacios, con el objetivo de comprender los efectos de los elementos en la vida de los adolescentes para la ocurrencia de la violencia en la RAI.