Prevenção da infeção do local cirúrgico: Um estudo diagnóstico

Publication year: 2024

A infeção do local cirúrgico constitui uma ameaça à segurança do doente, refletindo-se numa diminuição da qualidade de vida; aumento da morbilidade; procedimentos cirúrgicos adicionais; aumento da duração do internamento; acentuados gastos em saúde, com perdas de produtividade significativas. O Feixe de Intervenções para a Prevenção da Infeção do Local Cirúrgico assume-se de extrema importância na redução do risco desta infeção, dependendo o seu sucesso da implementação de várias intervenções no período perioperatório. Os objetivos do estudo foram identificar que intervenções para a prevenção de infeção do local cirúrgico são implementadas e documentadas no perioperatório; analisar o cumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde de 2015 relativas à prevenção da infeção do local cirúrgico; identificar as lacunas na implementação do feixe de intervenções de Prevenção de Infeção do Local Cirúrgico; planear um programa formativo e de sensibilização da equipa de perioperatório para o cumprimento do feixe de intervenções de Prevenção de Infeção do Local Cirúrgico no perioperatório. Realizou-se um estudo exploratório, descritivo, que corresponde à primeira etapa de uma Investigação-Ação. Os dados foram colhidos dos registos do perioperatório no processo clínico (análise documental) e inseridos numa grelha elaborada para o efeito, baseada no instrumento de auditoria clínica relativa ao ?Feixe de Intervenções? de Prevenção de Infeção de Local Cirúrgico da Direção-Geral da Saúde de 2015. Foram colhidos e analisados dados de 266 processos clínicos referentes a doentes submetidos a intervenção cirúrgica no período de 1 de setembro a 31de outubro de 2018. Verificou-se um índice de conformidade global de 51,60% que representa uma baixa implementação do Feixe de Intervenções de Prevenção da Infeção do local cirúrgico.

A análise elemento a elemento do feixe registou índices de conformidade:

de 88,80% relativo ao banho com clorexidina 2% na véspera da cirurgia; de 77,69% para o banho com clorexidina 2%, no dia da cirurgia com pelo menos 2 horas de antecedência; de 32,70% na administração de profilaxia antibiótica cirúrgica; de 0,70% na tricotomia; de 72,93% na normotermia perioperatória; e de 16,92% na manutenção da glicemia ?180 mg/dl durante a cirurgia e nas 24h seguintes. O planeamento do programa formativo de sensibilização da equipa de perioperatório irá ser dirigido às lacunas identificadas na implementação do feixe.