Publication year: 2023
Introdução:
A Educação Interprofissional (EIP) é reconhecida como estratégia para enfrentar os desafios do cuidado integral à saúde pois favorece o desenvolvimento de habilidades profissionais para a prática colaborativa e tem impactos positivos na assistência ao paciente, de acordo com o Sistema Único de Saúde. Objetivos:
analisar a EIP nas escolas médicas de Mato Grosso (MT), sob a ótica das Diretrizes Curriculares vigentes para o curso de Medicina, nos cinco semestres finais da graduação. Tem como objetivos específicos 1) avaliar a disponibilidade para o aprendizado compartilhado de estudantes de Medicina das escolas médicas de MT; 2) identificar possíveis relações entre a disponibilidade para o aprendizado compartilhado dos estudantes de Medicina e variáveis sociodemográficas; 3) identificar a percepção dos coordenadores de curso de Medicina sobre o aprendizado interprofissional nos cursos de Medicina. Métodos:
Estudo transversal misto, conduzido nos cursos de graduação em Medicina de MT. Foram convidados a participar 1.072 estudantes do 8 ao 12o semestre; 879 responderam à Readiness for Interprofessional Learning Scale (RIPLS) e questionário sociodemográfico. Para a análise dos dados utilizou-se a classe de Additive Models for Location Scale and Shape - GAMLSS e utilizado o R Core Team, 2020. Participaram também seis coordenadores dos cursos de medicina, os quais responderam uma entrevista semi-estruturada com perguntas sobre experiência e formação interprofissional e atividades interprofissionais nos cursos. Para análise das entrevistas utilizou-se a análise de conteúdo categorial temática. Resultados:
A maioria dos itens da RIPLS apresentou score médio maior do que 4 (total de 5). Os alunos estão dispostos a trabalhar e colaborar em equipe, apesar de demonstrarem pouco interesse nas atividades em pequenos grupos com estudantes de outras profissões da saúde. Os estudantes valorizam sua Identidade Profissional e demonstram preocupação em promover o cuidado à saúde centrado no paciente. As variáveis gênero masculino, maior idade, curso prévio e estudar em universidade privada foram associados à menor disponibilidade para EIP, enquanto ter realizado trabalho em equipe no semestre final apresentaram maior disponibilidade para EIP. Os coordenadores percebem que a exposição aos espaços multiprofissionais durante o curso, projetos de extensão, disciplinas optativas e internato médico favorecem o trabalho em equipe e diminuição dos estereótipos associados a profissões da saúde. A EIP nas escolas médicas de MT ainda não é curricularizada, contudo existem espaços interprofissionais para proporcionar o seu desenvolvimento. Conclusão:
O reconhecimento dos fatores que influenciam na disponibilidade dos estudantes para EIP e os desafios para a implementação permitem às escolas médicas estratégias para promover a EIP voltadas para esses grupos específicos e ações para superar os obstáculos para o seu efetivo desenvolvimento.
Introduction:
Interprofessional Education (IPE) is recognized as a tool for facing care challenges. According to the Unified Health System, it favours health professionals' training to develop skills for collaborative practice and positive impacts on patient careto analyze interprofessional education on the last fiin semesters in medical schools in Mato Grosso state from the perspective of current curriculum guidelins. The specific objective are:
1) to assess the availability for shared learning of medical students in Mato Grosso; 2) to identify possible relationships between medical students' availability for shared learning and sociodemographic variables; 3) identify the perception of medical course coordinators about interprofessional learning in medical courses. Methods:
A mixed cross-sectional study was carried out in the undergraduate medical courses at Mato Grosso. Out of 1.072 studentes from the 8th to the 12th semester were invited to participate and 879 students answered the Readiness for Interprofessional Learning Scale (RIPLS) and a sociodemographic questionnaire. For the analysis of the data generated by RIPLS and the sociodemographic questionnaire, the Additive Models for Location Scale and Shape - GAMLSS class and the R Core Team, 2020 were used. The course coordinators participated in a semi-structured interview and answered questions about experience and interprofessional training, interprofessional activities developed in courses, opportunities and spaces for interprofessional education. For the analysis of the interviews, thematic categorical content analysis was used. Results:
most RIPLS items averaged greater than 4 (out of 5). The results suggest students are willing to work and collaborate in a team despite showing little interest in small group activities with students from other health professions. Students value their professional identity with other team members and are concerned with promoting patient-centered health care. Male gender, older age, previous course and studying at a private university were associated with less availability for IPE while having performed teamwork and the final semester showed greater availability for IPE. Coordinators perceive that exposure to multidisciplinary spaces during the course, extension projects, elective subjects and medical internship favour teamwork and decrease the stereotypes associated with health professions. IPE in medical schools in Mato Grosso is not yet completely integrated into the curriculum. However there are interprofessional spaces to provide opportunities for its development. Conclusion:
Recognition of the factors that influence students' availability for IPE and the challenges for implementation allow medical schools to adopt strategies to promote interprofessional education aimed at these specific groups and actions to overcome obstacles to their effective development.